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25/02/25

Deus e o Diabo na Mistura das Raças


Os Operários, quadro de Tarsila do Amaral


A parte mais destacada da minha família, na geração dos meus pais, é composta de nordestinos mestiços e negros que, pelo estudo, trabalho e moralismo pentecostal, tornaram-se advogados, professores e servidores públicos. Aprenderam muito com gente de classe média que lhes deu oportunidade. Hoje, estabelecidos em suas áreas, nenhum deles tem ressentimentos de classe ou de raça. E todos são gratos.

Por isso eu penso, e defendo, que o nosso país não pode ser reduzido à fórmula sociológica simplista de que: "O Brasil é um país racista". Isso é meia verdade, pois há também, entre nós, o congraçamento racial, a índole personalista, a paixão pelo carisma, a compaixão cristã, católica, a meritocracia protestante. Elementos que, muitas vezes, fazem relativizar ou superar os preconceitos de raça.

Qualquer um que não tenha a sensibilidade ou experiência de vida para notar na nossa história social um emaranhado de linhas de força contraditórias, em que preconceito e inclusão se entrechocam a todo o tempo (até no Movimento Eugenista, no Monarquista e no Integralismo havia negros incluídos..), não conseguirá entender o que é o nosso país e por que ele é único. Em resumo: o Diabo é brasileiro; mas Deus também é.

30/06/22

O Que Jovens Com Ambição Política Deveriam Saber

 

Frank Underwood (House of Cards)
Certa vez, ouvi uma amiga declarar-se apolítica. Aparentemente, ela não compreendia a sutil dimensão política que nos cerca. Ou, talvez, pior: compreendia, mas preferia ignorar. Na época, achei sintoma de terrível alienação. Posteriormente, conheci pessoas que, diferente de minha amiga, alegavam que “tudo” é política, outra forma terrível de alienação.

No primeiro caso, o problema é óbvio: quem não se interessa por política está fadado a ser regido por quem se interessa. No segundo caso, o preciosismo semântico faz-me pensar que “tudo” abrange coisa demais. Vejam bem: eu até admito que possa haver alguma dimensão política em coisas como o aroma das flatulências, a quantidade de vezes que uma criatura humana lava as mãos durante o dia, ou, até mesmo, o caminhar das lagostas; afinal, verdade é que alguma autoridade idiota pode, arbitrariamente, legislar sobre tais fenômenos. Mas deveria ser óbvio que nenhum desses tópicos, por si só, constitui matéria de relevância política (ao menos enquanto não ensejam conflitos capazes de prejudicar significativamente a estrutura social).