Habitam em mim um bobo, um sábio e um bruto
A maioria tolera o bobo, porque diverte
Alguns toleram o sábio, quando ilumina
Já o bruto não é tolerado, pois aterroriza:
carrasco, filia-me aos perversos
e me escandaliza ante os puros
Acorrenta-me a uma espiral de paixões lunares,
guerras gratuitas e devassidões dos sentidos
Quero ceder, devo lutar
Bem maior
supremo e sagrado
É a alma
Coisa linda é ter uma
Mas, infeliz a minha,
porque, fracionada
E mesmo assim
frágil, muito frágil,
tenho alma
Sagrada, gloriosa, transcendente
É por ela que continuo e luto:
Cresça em mim o sábio ou o bobo
Nunca, jamais, o bruto.