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07/06/22

Como Estudar Qualquer Teoria Sem Virar Papagaio de Teórico

Ninguém aguenta papagaio intelectual

Não costumo ensinar isso as pessoas, mas uma dica intelectual importante é a seguinte: sempre comece a estudar uma teoria pelos críticos mais ferozes dela. Depois de você praticamente acreditar que tudo na teoria é balela, volte do zero e comece a ler a teoria pelos autores adeptos dela.

Com esse macete você fica prevenido de acreditar por completo na primeira teoria totalizante e interessante que te cruzar o caminho.

Em suma: leia Marx pela ótica de Proudhon, Proudhon pela ótica de Marx, leia a vida de Cristo pela ótica de um humanista como Ernest Renan e leia sobre o iluminismo pela ótica do contra-iluminismo.

Isso vai elevar significativamente sua habilidade e fluidez intelectual.

O único problema é que tem dois efeitos colaterais:

1) Te deixa cético.
2) Te deixa louco.

 


 *Acréscimo*.

O confrade Clark Aban, no Zuckbook, questionou-me:

"Porque te deixa louco?"

Eis a explicação resumida:

Basicamente, porque a pessoa desenvolve a habilidade de compreender e aceitar paradoxos. Como exemplo eu poderia citar um texto do Leszek Kolakowsky em que ele ensina "como ser um conservador, liberal e socialista".

Quando você começa a pensar que Deus pode existir e não existir, que o cristianismo é verdadeiro e falso, que a liberdade humana existe e não existe, que magia funciona e não funciona, ou, ainda, que você pode ser um conservador-liberal-socialista, então, para todos os fins, você já é um doidinho.

10/05/22

Notinha #3: A Beleza da Fé

Vemos com desconfiança a crença na inexistência de um Deus consciente e criador porque ela viola a comum intuição de uma hierarquia cósmica entre os seres, as dimensões e as consciências.

É bela a ideia de um Deus bom, justo, planejador, que organiza e intervém no universo. Para além da metafísica e da teologia, a crença nesse Deus resulta também da sensibilidade estética: é mais elegante que sua negação.