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26/05/22

Enfant Terrible

Sim, eu entendo o padre do balão

Coisa importante, elemento de maturidade, é saber que jamais agradaremos a todos. Dependendo da personalidade e do estilo de comunicação, manter a integridade muitas vezes significa ser intragável para certas pessoas.

O caso deste blogueiro é exemplar. Eu escrevo e digo, com muita abertura, as bobagens e traquinagens que me dão na telha, algumas de gosto duvidável e teor condenável. Na escrita, parte do meu estilo envolve a afetação, o passivo-agressivo, o politicamente incorreto, a ironia, o deboche, o pastiche e o pedantismo. É nas letras que expresso melhor os dinamismos de minha excêntrica personalidade, fazendo-me, muitas vezes, um personagem de mim mesmo. Irregular, minha crônica vai do ácido ao comedido, do insano ao estrambótico, da intuição pessoal ao apelo à autoridade dos sábios.

Não me pretendo original, mas me pretendo autêntico. Sou, sim, uma mistura de influências díspares e tensões profundas: o menino cristão fascinado em satanismo; o depravado fascinado em sublimação via celibato, o belicista cordial e diplomático, cujo coração comporta tanto a pulsão do conflito quanto a harmonia do acordo. Falador, não levanto a polêmica pela polêmica, mas sim porque uma ou outra interessa, serve como entrada a um debate importante, pertinente. Aposto sempre na inteligência e curiosidade dos leitores, o que, em vista de nosso cenário cultural, é aposta ousada e imprudente.

Sendo essa criatura confusa e estranha, sem fazer esforço, pelo estilo ou pelo conteúdo, agrado uns e incomodo outros. Certamente mais incomodo que agrado. Não é coisa que me atormenta, porque, não sendo capaz nem de agradar a mim mesmo, não vejo como poderia agradar a um grande número de pessoas. Perdendo ou ganhando amigos, satisfaço-me, com muita modéstia, na única virtude e qualidade que julgo manifestar: que é o compromisso em expressar, as vezes com paixão, o que me é próprio; aquela sinceridade íntima, tortuosa e desafiadora que não pode faltar ao literato, mesmo ao pequeno literato.

Assim, vejo com curiosidade aquelas pessoas que, julgando-me portador de alguma qualidade, aproximam-se, mas vão embora tão logo percebam alguns dos meus muitos defeitos (alguns dos quais eu considero qualidades) e opiniões . Acho justo: melhor que se afastem do que que sejam falsos amigos.

O lado bom é saber que os que me dão amizade e permanecem amigos fazem-no apesar dos meus muitos defeitos, limites e opiniões controversas, que conhecem bem, já que as divulgo com certo empenho.