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30/08/23

Uma Verdade Desanimadora Sobre Debates

 Querem saber uma verdade desanimadora que aprendi? Foi sobre debates.

[Sabem o que é isso? É um circo, é um Show de Horrores, é um atentado à inteligência. É qualquer coisa, MENOS um debate]


Aprendi que, em geral, não é a pessoa mais virtuosa, melhor informada e com a razão que vence o debate. Quase sempre é o contrário: quase sempre é o vigarista, o demagogo, o manipulador e o trapaceiro, ou o lado menos informado, quem vence.

Isso acontece por vários motivos, alguns naturais, outros artificiais.

Antes de tudo, é preciso compreender que um debate real e sincero só pode acontecer em determinadas condições específicas; quando uma certa conjunção de fatores é satisfeita.

Alguns dos principais fatores necessários para um debate verdadeiro são:

  • Profundidade adequada (exigência intelectual) – Ambos os debatedores devem compreender e tratar o problema com o nível de profundidade necessário. Se estão a falar, por exemplo, de um tema que está em debate a milhares de anos, com farta literatura, fartos debates anteriores, fartas polêmicas e muitas sutilezas, eles não podem tratar o tema com leviandade ou com simplificação rasteira. Exemplo: debates sobre a existência de Deus, sobre a maldade humana, sobre a função do Estado, etc.
  • Honestidade (exigência moral) – Ambos os debatedores devem buscar: a) a verdade; b) uma conciliação entre duas opções; ou c) a opção menos danosa (o mal menor). Se um lado deseja manipular a opinião pública, defender um grupo de poder específico, defender uma agenda política, provocar desinformação, desestabilizar uma classe, acusar o outro lado... Então não haverá de fato um debate, mas apenas um pseudodebate; que será usado para manipular a opinião pública sobre determinado assunto. (95% dos “debates” televisivos são dessa natureza, e ainda acrescidos dos fabulosos recursos da edição).
  • Paridade/ nivelamento (exigência comparativa) – Ambos os debatedores devem ter um nível mínimo de conhecimento sobre o tema para poderem analisá-lo de forma satisfatória. Isso inclui, certamente, o conhecimento do que já foi dito e pensando ao longo da história sobre o assunto, especialmente nos níveis mas elevados. O requisito mais básico e primário para se discutir qualquer tema é estar bem informado a respeito. Nunca, em hipótese alguma, deve-se levantar um debate sobre ideias, fatos ou temas sobre os quais não se tem um conjunto robusto ou mínimo de informação e contexto. Se um debatedor souber muito mais que o outro, ou souber de pontos importantes que o outro não sabe, o debate é precarizado; e o tempo que seria usado para debater o ponto em questão, será usado para informar a outra parte; o que faz a coisa virar uma aula e não um debate.
  • Privacidade/ localidade adequada (exigência de meio adequado) – Em vista das três exigências acima, o debate deve ser travado num local ou meio que permita o pleno cumprimento desses requisitos. E esse local não é a TV, menos ainda o rádio, menos ainda o Youtube. Primeiro porque aqui no Brasil não há cultura do debate racional; então, para começar, as pessoas não fazem nem idéia de como debater sem xingar umas às outras ou mesmo sem partir para a agressão. Segundo porque o brasileiro não é um leitor minimamente variado e inteligente; o que significa que ele perde toda a informação contextual, histórica, científica e analítica que os livros divulgam e aprofundam. (Em geral o brasileiro lê sobre temas espirituais, auto ajuda, sexo e ficção, quando muito, lê sobre política). E terceiro porque a platéia física favorece o manipulador. De fato, o bom manipulador pode praticamente ignorar o debatedor adversário e jogar para a platéia; já que o público é bem fácil de ser manipulado. Daí que os meios adequados para certos debates acabam sendo, quase sempre, os livros e as revistas especializadas. As vezes os jornais; e em alguns casos eventos promovidos em universidades e outras entidades culturais (como o debate entre Chomsky e Foucault).

[Na cena cultural/ intelectual brasileira (e mesmo mundial) tem tanta gente que merece esse selo…]


E mesmo no contexto literário e universitário, a maioria dos debatedores mais famosos são, em certo grau, falsários e manipuladores. Chomsky, por exemplo, é oposição controlada do lobby sionista, enquanto Foucault era agente do lobby pedófilo (se alguém se chocar com essas alegações é sinal de que está mal informado). Então, em questões políticas, o discurso de ambos se mistura com pontuações filosóficas válidas e estratagemas retóricos que visam sustentar interesses ocultos, jamais declarados.


Os debates honestos, rigorosos e que apresentam uma discussão profunda e pertinente, respeitando todos os critérios e exigências necessárias, na maioria das vezes são considerados chatos e enfadonhos para o público médio. Isso pode ser facilmente percebido pela ojeriza instantânea que o brasileiro médio nutre diante de Filosofia e Matemática; duas áreas que consistem basicamente em trabalhar com definições essenciais, critérios, lógica, conjuntos de possibilidades, provas e demonstrações. Ou seja: reflexão aprofundada e exigente.

Além disso, existe um outro problema, relativo à própria natureza do conhecimento e da inteligência, que implica numa realidade assombrosa: em geral, quanto mais um cientista ou pesquisador descobre um aspecto essencial e verdadeiro da realidade, mais difícil é transmitir essa descoberta, com profundidade, na linguagem comum. Quase tudo que é essencial de se saber exige uma terminologia adequada, daí que os antigos falavam de “linguagem sagrada” e nós, modernos, falamos de linguagem técnico-científica e "operacionalização".

No vídeo abaixo, Richard Feynman, um dos maiores físicos e intelectuais do século passado, dá uma ótima explicação sobre esse problema linguístico/epistemológico.


A linguagem comum raramente presta para transmitir verdades profundas. E esse é um dos motivos do porquê escritores trabalharam a linguagem, em termos estéticos e estruturais, para tentar transmitir verdades ou princípios essenciais. (Esse também é o motivo pelo qual os antigos educavam seus filhos com mitos, símbolos, ritos e alegorias.)

Então, temos um fenômeno muito interessante, que acontece com um monte de gênios: o sujeito passa a vida inteira buscando descobrir a verdade sobre um tema, e quando descobre; percebe que ou não será compreendido, ou só será compreendido por muito pouca gente. Nesse momento, muitas vezes, ele acaba se isolando, como foi o caso do Grigory Perelman, do Ludwig Wittgenstein e de tantos outros.

Em geral, é por causa disso que gente como o Olavo acaba ganhando tanto destaque. Dizem, por exemplo, que o Guru da Virgínia é o maior filósofo do Brasil, enquanto ignoram a existência de Newton da Costa ou o trabalho de gente como Vicente Ferreira da Silva e José Guilherme Merquior. Embora todos eles tenham sido filósofos de fato, na mais elevada expressão do termo, com contribuições significativas ao corpo do conhecimento humano e da história da filosofia, inclusive com reconhecimento internacional de seus pares, o trabalho deles é muito exigente, praticamente inacessível ao homem comum; que não é dado a grandes reflexões. Na verdade, o nível deles é tão elevado que mesmo a maioria dos professores universitários os desconhece.

Em suma: a razão acaba ficando com quem sabe convencer e persuadir, não com quem está certo ou com quem realmente entende o assunto. Por isso, num mundo dominado pela propaganda e pela superficialidade, o poder pertence aos charlatães, mentirosos e manipuladores.

Aprenda a mentir e manipular e o mundo será seu. Ou, ao menos, aprenda a se defender de mentirosos e manipuladores.

10/08/22

Como Expressar Melhor Suas Opiniões

 


1- Leia mais, especialmente Literatura (romances de ideias, como os de Machado e Dostoiévisky) e Filosofia (especialmente Lógica, Argumentação e Ensaios). Ler material dessas áreas vai te permitir ampliar seu vocabulário, sua visão de mundo, sua imaginação e conhecer discursos e formas de pensar variadas. Ler artigos opinativos e articulísticos de revistas e jornais, e acompanhar debates nesses veículos, vai te ajudar muito também.

A vantagem de se conhecer Filosofia é saber enquadrar suas ideias em categorias e saber sobre a natureza dessas ideias e como elas se relacionam com outras, assim como raciocinar de forma lógica, coerente e bem estruturada. A vantagem de se dominar a literatura é conhecer as formas mais belas, poderosas, engraçadas, sarcásticas, sérias, dramáticas, nebulosas e eficientes de expressar as ideias, de concretizá-las em imagens e histórias e de ridicularizá-las.

2-Escreva. Mantenha um diário, um caderno de registros ou algo do tipo. E sempre o releia de tempos em tempos. Ao contrário do que os idiotas pensam, um diário não serve para escrever coisas tolas como “hoje eu fiz isso e isso”, mas para meditar, refletir, raciocinar, estudar, entender e dar significado a eventos importantes na sua história pessoal. Portanto, você só deve escrever quando sente que precisa registrar algo ou compreender algo que se passou contigo, seja na vida prática, seja na vida mental ou emocional.

Na medida em que você for ampliando seu conhecimento em filosofia e literatura, vai notar que sua forma de pensar e suas opiniões vão ficando mais complexas e sofisticadas do que antes.

3. Trave debates (respeitosos) escritos e orais com gente mais inteligente que você. Essas atividades vão exigir que você pense, avalie, reflita, busque conhecimento e aprenda a desenvolver suas ideias.

4- Ensine outras pessoas. Quando eu era mais novo, uma das formas que eu mais usava pra memorizar o que lia nos livros era contando aos meus pais, irmãos e amigos. Eu não esperava, mas acabei desenvolvendo uma habilidade razoável em expor minhas ideias e opiniões. Note que quanto mais claro algo estiver para você, maior será sua facilidade em expressá-lo.

5- Faça listas ou textos para você mesmo, buscando esclarecer suas opiniões. Coisas do tipo “O que eu penso sobre aborto?” e do tipo “Quais as principais razões para ser contra ou a favor do aborto?”.

6. Consuma Cultura que te obrigue a pensar. Leia bons livros, veja bons filmes, bons documentários,escute bons podcasts eouça boas músicas sobre os assuntos que te interessam. Mas não coisas rasas e tolas, procure o material que esteja acima do seu nível de compreensão atual. Isso vai te forçar a estudar e se atualizar. E quanto mais informado, melhor e mais fundamentadas serão suas opiniões.

7- Outra dica boa é prestar atenção em pessoas inteligentes e educadas falando, notar o modo como elas falam, e começar a se apropriar desse modo. Você pode tornar sua opinião mais acessível ou convincente apenas mudando algumas palavras ou expondo o raciocínio de forma mais sequencial e didática.


                                                 ***

Obs: O texto acima foi originalmente publicado como resposta  no Quora

21/03/22

Afinal de contas, o que é a Matrix?


Quer mesmo saber?

Então deixe-me te mostrar até onde vai a toca do coelho, pequeno neoPreparado? Vamos lá:

Sobre o Filme:

Basicamente, a “matrix”, segundo o contexto da trilogia cinematográfica dos irmãos wachowski, é o termo usado para descrever uma realidade virtual produzida por formas de inteligência artificial (A.I )que se rebelaram contra os seres humanos no passado, numa guerra onde as máquinas venceram.

Desde então, as máquinas vem utilizando os seres humanos como fonte de energia. Ao mesmo tempo, para que os humanos não tomem consciência disso, as máquinas criaram um meio de controlar a mente humana, criando um mundo virtual, ilusório, uma prisão mental a matrix—, mas que a maioria dos humanos aceitam como real.

09/02/22

Argumentos são discutíveis, opiniões não...



Com frequência maior do que considero saudável, reparo — em discussões e pretensos debates — colocações e posturas que, para dizer a verdade, me constrangem um bocado; pois, vindas de pessoas inteligentes, só fazem reiterar minhas suspeitas quanto a eficácia da (des)educação tupiniquim.

 Falo da liberdade que as pessoas se dão para, com insistência, defenderem ideias a respeito de assuntos sobre os quais estão completamente desinformadas ou, na maioria dos casos, possuem apenas informações aleatórias, jornalísticas, toscas, oriundas do senso comum e de páginas de curiosidades da internet.

Tal fenômeno pode ser constatado em conversas corriqueiras sobre qualquer assunto. Se considerarmos tais opiniões quando inseridas em conversas informais e descompromissadas, não há do que se queixar. O problema é que as gentes costumam confundir conversa com debate e opinião com argumento. Erro muito comum, mas também muito danoso. O que chamamos de opinião, por si só, é incapaz de sustentar um debate saudável.

O termo “debate” se refere a um tipo específico de interação onde duas ou mais pessoas travam julgamentos diversos a cerca de um assunto, usando, para a avaliação desses juízos, um ou mais critérios — lógica, conhecimento técnico, conhecimento científico, argumentação crítica, conhecimento filosófico, uma mistura de saberes ou qualquer outra área do conhecimento — sempre de forma lógica, racionalizada, analítica e argumentativa.

Em outras palavras, é preciso ter uma quantidade mínima de informações e argumentos para defender uma ideia num debate.

Uma opinião (exceto a tal ‘opinião bem fundamentada’, que muitas vezes é, na verdade, um argumento) é apenas uma escolha arbitrária de ideias fundamentados nas preferências individuais de alguém. Opiniões, em geral, surgem de fatores menos conscientes; como gostos, preferências, propagandas bem assimiladas, informações soltas que pegamos por aí e, claro, os famosos pré-conceitos.

Já os argumentos surgem de análise, reflexão crítica, raciocínio lógico e informação a respeito do assunto.

É quase impossível chegar num resultado quando debatemos considerando apenas opiniões. Há muitos casos clássicos dessa dificuldade. Vejamos um problema estético. Minha namorada acha lindas algumas candidatas do American Next Top Model, enquanto eu acho todas uma magrelas-cadavéricas-sem-carne-pra-apertar.

É óbvio que temos preferências subjetivas estéticas bem diferentes. Por isso é completamente nonsense discutir qual preferência é melhor sem critérios objetivos para julgar. E nem eu nem ela temos lá bons critérios objetivos pra julgar esteticamente. Ora, nós nunca nos informamos a respeito desse assunto, por isso sei que me encontro incapaz de debater dignamente sobre o tema.

A consequência é que nós até conversamos, mas jamais debatemos a esse respeito. Por outro lado, conheço um mínimo sobre filosofia pra oferecer argumentos contra o relativismo moral ou a dialética marxista, e um mínimo de economia para compreender os problemas a respeito da teoria da exploração e julgá-la como ultrapassada e equívoca. São conhecimentos e informações que adquiri com algum estudo, análise e dificuldades. Estou certo que ainda tenho muito a aprender e muito o que aprimorar (aliás, sempre terei), contudo, o fato é que, para o bem ou para o mal, me informei um mínimo do mínimo sobre tais assuntos, o que me permite oferecer alguns argumentos aos invés de meras opiniões.

Infelizmente, porém, tenho me deparado com pessoas — muitas vezes inteligentes e queridas — que se ofendem quando deixo claro que não posso levar a sério suas opiniões, uma vez que, pelo que dizem, fica patente que não estão informadas sobre o que estão falando.

Por motivo que me escapa, imediatamente sou tomado como um tipo de maníaco dogmático dono da verdade. Se explico o porquê não posso concordar, meus argumentos são tomados como opinião; se mostro as culminâncias bizarras de algumas ideias, meus ditos são levados para o campo pessoal e sou acusado de praticar argumento ad-hominem.

Porém, curiosamente, quando converso com pessoas minimamente informadas (ou mais), recebo elogios, compreensão e aprendo o que está equivocado na maneira de pensar deste ou daquele autor ou neste ou naquele argumento, e se critico determinadas ideias, me recomendam livros com uma abordagem mais esclarecedora ou com certa desconstrução de mitos. 

O mais triste é que as pessoas que se ofendem com o que digo preferem me considerar um mau-caráter metido a sabichão do que pesquisar sobre o que falei. É realmente uma pena, pois “a verdade continua sendo verdade mesmo quando dita por um louco”. E eu, que sou completamente pirado, tenho apenas duas qualidades e quinhentos quatrilhões de defeitos. É notável que sou debochado, escroto e auto-complacente, mas se estou errado ou certo no que digo, isso só pode ser descoberto analisando O QUE digo e não o COMO digo.

Sendo sincero, embora me impressione negativamente o fato da maioria das pessoas — inclusive alguns bons amigos — desconhecerem a diferença básica entre opinião e argumento, felizmente já aprendi que, no país do homem cordial, tudo é levado para o lado pessoal, de modo que há coisas que você realmente não deve falar.

De qualquer modo, seria bom que as pessoas soubessem que opinião não se discute, mas argumento sim.

07/02/22

O Texto, a Divulgação e a Polêmica da Piriquita



Embora desprovido de grandes pretensões literárias e consciente de minhas limitações nessa arte, creio que - mesmo sendo blogueiro e cronista de menor categoria -, mereço ser lido pelos leitores de crônicas e blogs; especialmente pelos leitores de crônicas e blogs de menor categoria, e mais especialmente ainda pela parcela que sofre de masoquismo literário e desprezo pelos gramáticos. Em minha autoindulgência chego até a considerar que posso, em alguma ocasião, ter escrito algum texto interessante ou provocativo, digno de um público maior.

No entanto, uma dificuldade persiste. Onde publicizar um texto quando você é apenas um blogueiro desconhecido e escritor amador? Como conseguir leitores que tenham interesse no que você tem a dizer? São questões que frequentemente me afligem.

Eis uma verdade universal que todo escritor digital deve saber: para quem quer leitores, não basta escrever; divulgar é tão importante quanto. É nesse aspecto - o da publicidade - onde muitos blogueiros falham, inclusive o autor destas linhas. Encontrar o público de certos textos pode dar trabalho, é preciso uma disposição que nem sempre me anima. Sou cronista preguiçoso, reconheço.

Além disso, há vantagem na obscuridade: ela nos protege da crítica indevida. A desvantagem é que protege-nos também da crítica pertinente. Ter o texto exposto e criticado pode servir - e geralmente serve - para amadurecer o entendimento do escritor sobre o próprio texto e as reações que ele suscitou. Outra parte interessante da exposição textual na internet é a oportunidade de interagir com os leitores. Digo: interagir com os bons leitores, aqueles que compreendem o texto e têm alguma contribuição cultural ou argumentativa a fornecer. Quanto aos maus leitores: o jeito é ignorá-los.

Trarei a seguir um bom exemplo prático de como a divulgação pode trazer resultados interessantes. Mas antes devo confessar, meus caros, que apesar ter iniciado este blog com o objetivo de abandonar o Facebook, eu continuo escrevendo, ocasionalmente, na rede social do Zuckerberg. E foi surfando por lá que, outro dia, em reação à postagem de uma amiga que compartilhou a "Piriquita" - refiro-me a inusitada e recente música de Juliana Bonde - escrevi um comentário longo (para os padrões do Facebook) a respeito da manifestação do Kitsch em tão peculiar canção. No comentário eu explicava o processo de decadência que sofreu a canção "Tédio", da banda Biquini Cavadão, até virar a estrambótica e terrivelmente bem humorada versão do Bonde do Forró.

Sujeito de tendências misantrópicas, tenho poucos amigos no Facebook - cerca de 168. Desses, há um pequeno grupo, que varia entre 10 e 15 pessoas, com quem interajo de modo recorrente. Formam o seleto grupo de insensatos que lêem as bobagens que escrevo por lá. Como são leitores qualificados e que sempre acrescentam, não tenho do que reclamar. No entanto, desta vez, como fiz comentário de um evento atual, coisa que evito, fiquei curioso para saber como outros leitores reagiriam ao texto, já que o assunto está muito falado no Twitter e em outras redes sociais.

De início, achei que era boa ideia publicá-lo em meu perfil no Medium, já que faz tempo que não publico por lá. Faria bem um texto novo, pra variar. Foi o que eu fiz. Porém, logo em seguida, lembrei-me que o ritmo de interação no Medium é mais lento, e que lá não é a melhor plataforma para explorar as polêmicas da semana. Então percebi que para que o texto fosse lido por mais leitores, eu deveria divulgar o link do texto do Medium em grupos do Facebook. Felizmente, por sorte, faço parte de alguns grupos de música cujos membros são muito engajados em debates e polêmicas. Divulguei o texto num desses grupos e o resultado foi melhor do que eu esperava. Os recortes das métricas confirmam:

Recorte 1) O alcance e as reações do seleto público do meu perfil principal no Facebook.



Recorte 2) O alcance e as reações à divulgação do texto no grupo "Psicodelia Brasileira"



Recorte 3) Em um dia e meio, as estatísticas de visualização do texto no Medium subiram de 0 para 213.


Recorte 4) Comparando com os textos não divulgados, e que estão no Medium há muito mais tempo, a diferença nas estatísticas é abissal.


Tal experiência prática, além de confirmar a importância da divulgação, me fez pensar um bocado. Então, veja você, escritor iniciante, cronista, ou blogueiro, o como é possível e fácil ampliar o público de seus textos. Depois de escrever, basta a estratégia correta para divulgar. E depois é encarar as reações, boas e ruins.

No meu caso, entre as várias reações ao texto, este comentário, presente num debate cheio de farpas entre este autor e um leitor inteligente, foi difícil de ler, pois demasiado verdadeiro. Doeu-me o coração sensível.


Já este outro, eu adorei, por ser mais verdadeiro que o anterior e ser expresso por uma bela mulher, o que é ainda melhor.


02/02/22

Não Caia na Falácia da Igualdade

diversidade

Existe, no mercado de crenças contemporâneo, a ideia extremamente emburrecedora (muito vendida e muito comprada) de que somos todos iguais. Ela é tão alardeada, propagandeada e massificada que aposto que você, amigo leitor, já se deparou com alguma versão.

Se você é um dos inocentes que comprou essa ideia, estou aqui pra te avisar que fez péssimo negócio: você caiu numa vigarice intelectual. Sim, meu amigo, é triste dizer, mas você foi feito de otário. 

Calma, não fique bravo comigo: meu papel aqui é te alertar, e não posso fazer isso sem ser claro, sem ser realista e sem dizer as coisas tais como elas são. Por favor, caro leitor, não seja tão vaidoso a ponto de só aceitar a verdade quando ela vem recheada de eufemismos ou quando ela só favorece o que você acredita. 

Compreendo que isso pode ser difícil numa era em que o politicamente correto ameaça dominar a linguagem, mas garanto que ser autocrítico e realista lhe trará maturidade. Honrado e nobre é o ser humano que, ao identificar um tirano filho da puta, alerta seus companheiros declarando alto e em bom som: “Eis aqui um tirano filho da puta”. Por outro lado, vil e imperdoável deve ser aquele que mascara a linguagem para transformar assassinos em santos. 

Dito isso, podemos voltar ao tema central.

Já vou explicar o por que você foi enganado. Mas, para isso, lhe darei algumas pequenas tarefas. Nada que doa, eu prometo. Só preciso que você reflita um pouquinho.

Pense por alguns minutos na pessoa mais inteligente que você já conheceu. Pensou? Ok, muito bem. Agora pense na mais burra, na mais ignorante, na mais tola. Notou alguma diferença fundamental?

Pense agora, por alguns minutos, na Madre Tereza de Calcutá. Pense em Chico Xavier, em Jesus Cristo, em Mahatma Gandhi, em Martin Luther King ou simplesmente na pessoa mais sábia que você já conheceu. Agora pense em Hitler, em Charles Manson, em Calígula, no Maníaco do Parque ou simplesmente na pessoa mais cruel e depravada que você já conheceu. Percebeu alguma diferença?

Sem dúvidas, todas essas pessoas tinham algo em comum. Todas elas tinham uma estrutura biológica similar, a estrutura biológica dos humanos. Isso só significa, contudo, que elas tinham coisas em comum, não significa que eram iguais. Ao pensar nelas e compará-las, você provavelmente percebeu que elas não eram psicologicamente iguais. Em outras palavras, você percebeu que elas não pensavam e não agiam da mesma forma. 

Os seres humanos, quando comparados, possuem coisas em comum e também discrepâncias. É justamente por conta das discrepâncias, características individuais, exclusivas, que as pessoas não podem são exatamente iguais. O que torna cada ser humano único é o fato de que ninguém possui as mesmas particularidades. É aquela coisa de existir características em você que só existem em você. Aquela coisa da sua digital ser única: a isso chamamos individualidade 

Note que é crucial aqui entender o significado da palavra “igual”. Um ente “igual” a outro é um ente cuja constituição total é a mesma que a de outro ente. Agua é igual a H20. Cachorro é igual a Cão. Na boa e velha linguagem da lógica, o princípio da igualdade é formulado como A=A.

 Ocorre que seres humanos são constituídos por elementos comuns, como a estrutura fisiológica, mas também por elementos individuais, exclusivos, como a constituição psicológica de cada um. Ou seja: seres humanos não possuem exatamente a mesma constituição total. É por isso que eu sou eu, você é você e ele é ele. Se fossemos literalmente iguais, esses pronomes nem fariam sentido.Resumindo: temos coisas em comum, mas como temos características exclusivas, não somos iguais.

Acreditar que somos iguais é, portanto, negar a realidade. E a consequência dessa negação é muito perigosa, pois não estabelece a devida distinção. Tal negação coloca os maus no mesmo nível em que os bons, os virtuosos no mesmo nível em que os depravados, os honestos no mesmo nível em que os mentirosos. Tal negação equivale a não diferenciar um tigre de um gatinho.

 Equivale a dizer que Hitler e Jesus eram iguais. Pior: equivale a dizer que você é essencialmente igual ao que foi Hitler. Dizer que todo mundo é igual favorece os piores membros da espécie e praticamente anula a grandeza e o esforço dos melhores.

Por isso, não caia mais nessa, meu amigo.

 Aprenda a diferenciar as coisas — e os homens — segundo suas qualidades e atributos. Afinal, é para isso que serve sua inteligência.

25/01/22

A Morte do Guru



Morreu o véio lôco. Pela erudição e erística, era interessante como ensaísta heterodoxo. Ao reviver o anticomunismo mais caricato e tacanho, digno de um Carlos Lacerda, o Guru da Virgínia fez mal danado ao jornalismo político brasileiro. Sionista declarado, Olavo chegou a dizer que muitos judeus ricos estavam envolvidos com Nova Ordem Mundial, e denunciou o infame George Soros, o que surpreende.
Certa vez, foi condescendente com o Integralismo, dizendo que ter pertencido ao movimento não macula o passado de ninguém, opinião que lhe rendeu a ridícula acusação de antissemitismo, feita pelo ridículo Intercept.
Em artigo para o seu excelente blog Matemática e Sociedade, o físico Adonai Sant'Anna, comentando uma entrevista antiga do ensaísta, escreveu que Olavo conseguia misturar uma descrição precisa e inteligente da situação educacional brasileira com opiniões problemáticas e nonsense.
De gênio desequilibrado à doido varrido, de místico iluminado à agente da CIA, as opiniões sobre Olavo são tantas e tão diversas que só confirmam a complexidade do sujeito. Erudito de personalidade cativante e belicosa, tido por alguns como líder de seita, Olavo foi uma espécie de Chacrinha intelectual da Nova Direita: comandou um programa bizarro que influenciou grandes setores da cultura brasileira.
Essencialmente um anarquista místico que se fez conservador, Olavo formou-se na tradição intelectual do entre guerras - que incluia pensadores como Arthur Koestler, Curzio Malaparte, Rene Guenon e Aldous Huxley (foi provavelmente à partir de Huxley que chegou em Guenon) - e na escola do Realismo Fantástico dos franceses Jacques Berguier e Louis Pauwels, veiculado pela famosa revista Planète.
Revista que, aliás, teve uma versão nacional - "Planeta" - para a qual Olavo, ao lado de Paulo Coelho, chegou a colaborar. Tenho a edição que uma ex-amiga furtou da Biblioteca da UnB para me presentear- sabia ela que eu era fã da revista e leitor de Olavo -, nessa edição há artigo do ex-astrólogo sobre Cristianismo Esotérico, onde ele faz seus primeiros comentários públicos da obra de René Guenon e, de passagem, menciona que os conhecimentos de Dante Alighieri sobre alquimia árabe foram expressos na Divina Comédia.
Sempre atraído pelo bizarro e pelo heterodoxo, ao longo dos anos recorri à erudição arcana de Olavo e me vi seduzido por seu carisma galhofeiro e depravado. Mas não tardei a ver - certamente com a ajuda de amigos, como o Marlos Salustiano e o Hugo Motta - que a influência do homem era nefasta.
Uma vez, em casa de amigos hipsters, feministos e desconstruídos, citei o nome maldito. Os presentes emudeceram, o ar tornou-se aspero, o chão tremeu, nuvens negras subiram aos ceus, faltou o teto cair: e então, para minha surpresa e espanto, os presentes me olharam como se eu acabasse de confessar o estupro de minha genitora.
Noutra ocasião, na Baratos da Ribeiro (o tradicional sebo alternativo do Rio de Janeiro), em roda de intelectuais mesmo sem ser um deles, descobri que o Maurício Gouveia, o icônico dono da loja, também havia lido e criticado os livros do guru. Conversamos a respeito das reações exageradas à obra do Olavo, e os méritos e deméritos da mesma. Logo alguns presentes na roda fizeram aquela carinha de nojo. "Ah, não. Olavo não!" alguém bradou.
É sempre assim, o que talvez seja compreensível. Todas as opiniões sobre Olavo têm algum mérito, porque o homem era tudo isso ao mesmo tempo. Não era um todo coerente. Era uma dessas misturas impossíveis que só o Brasil é capaz de fabricar.
Com a morte de Olavo e o favoritismo de Lula na disputa eleitoral deste ano a Nova Direita perde força. O Olavismo era um de seus pilares. Resistirá o Olavismo sem Olavo de Carvalho? Em carisma e erudição, não há nenhum discípulo que se equipare ao mestre. O que tem mais chances é Ítalo Marsili, mas este peca pela arrogância, sempre ostentando seu vínculo a uma família de passado aristocrático, seu público é menor e em grande parte vinha pelo Olavo. Quanto aos filhos do guru, o mais inteligente é Luiz Gonzaga de Carvalho Neto (o "Gugu"), mas este é bem menos político e mais esotérico; e é muçulmano, não católico.
De minha parte, creio que o Olavismo não morrerá com Olavo. O que é vil e equívoco tende a perdurar entre os homens. O mais provavel é que continuaremos ouvindo as ideias estranhas de Olavo, mas através de outras faces e vozes. O exército de papagaios olavetes fará a única coisa que sabe fazer: repetirá Olavo. Mas sem o charme e o estranho carisma do mestre.
Para o bem ou para o mal, Olavo deixa este mundo para entrar na História. Foi o homem que ajudou a enlouquecer um Brasil que já não era muito são. Ajudou a eleger o demente retardado que usurpa a faixa presidencial e presta continência à bandeira estadunidense.
Olavo de Carvalho foi um homem carismático, inteligente, manipulador e perigoso. Que sua morte inaugure uma era de decreptude aos movimentos que ele ajudou a alimentar.

29/12/21

Educação e Crescimento do Pênis


Concordo cem por cento com a frase do Daniel Fraga de que “pobre deveria pedir licença para existir”. Contudo, devo esclarecer: penso em outro tipo de pobre.

O Sr.Fraga, um anarco-capitalista, provavelmente se refere ao pobre da classificação econômica. Já eu, estudioso de Psicologia, penso numa pobreza mais séria, mais profunda e mais difícil de ser resolvida: a pobreza mental, da psique, do espírito.

Daniel Fraga
O lendário Daniel Fraga
Como apesar de novo sou um tanto vivido, já conheci fortes candidatos a mais baixos exemplares de nossa espécie (excluindo a hipótese — bastante provável — de que fossem neanderthais infiltrados).

Durante dois anos, senti-me como Immanuel Kant se sentiria se fosse obrigado a viver entre galinhas, que são, como diz meu irmão, os bichos mais burros que existem. A burrice, no meio onde fiquei, era tanta, mais tanta, que cheguei a me sentir primeiro um sujeito esperto; depois, inteligente; e, por fim, um gênio de capacidade incontestável.

conhecimento
O pobre de mente

Nesse lugar, superabundavam os pobres de mente. Pessoas que são incapazes de compreender a função de um livro, ou o prazer do aprendizado, ou de qualquer coisa que exija algum grau de abstração pós-primário.

Nesse antro, um sujeito me questionou certa vez o porquê eu lia tanto. Pensei que era impossível explicar sobre educação àquela criatura. Então, respondi apenas que gostava e que aprendia como o mundo funcionava. Dizendo também que, caso ele se interessasse por algum assunto, ler a respeito poderia informá-lo e esclarecê-lo.
 

Ele, brilhante, filosoficamente me respondeu:

“Ah, fala sério, ler não vai fazer minha pica crescer!”

Depois disso, eu compreendi que existem pessoas que realmente não tem interesse algum de enriquecer a própria mente. Foi só então que percebi que há membros da massa, meus caros, que adoram ser massa.
 
O mais curioso, no entanto, é que ele estava errado.




***


Nota do editor: a crônica acima  foi originalmente escrita no ano de 2015.

24/12/21

Como Lidar Com Cristãos Irracionais e Dogmáticos - Um Guia Para Pessoas Pacíficas

Ateus, agnósticos, céticos, religiosos democráticos, místicos, estudantes de filosofia, livres pensadores… Enfim, quem quer que seja razoavelmente democrático, racional e já tenha tido a experiência de lidar com um cristão dogmático e fundamentalista sabe que não é a mesma coisa que lidar com uma pessoa em seu pleno juízo.

Quanto mais você alega que o religioso está louco, mais ele dá glórias à Deus; quanto mais se diz que algumas passagens da Bíblia são absurdas e até desumanas e criminosas, mas o crente afirma que a palavra de Deus é “mistério”. E assim o debatedor racional sai completamente frustrado e sem saber argumentar contra alguém que não aceita argumentos.
 

O fato é que é preciso toda uma malícia especial para lidar com os crentes fundamentalistas. Tendo eu tido a oportunidade de desenvolver tal malícia (sou agnóstico e convivo com pessoas desse tipo desde muito tempo), pensei ser interessante expor alguns métodos simples que aprendi ou desenvolvi, na esperança de que possam ser úteis a outros.

Se for possível ficar longe de cristãos dogmáticos, fique. Se não for, use as dicas.
 
1. Regra de ouro: mantenha o bico calado sobre religião.

O modo como você pensa sobre religião só diz respeito a você. Ninguém que seja dogmático irá respeitar ou sequer analisar seus pontos de vista. Se quer falar ou debater sobre esse assunto, seja sensato: procure alguém com mente aberta.

crente chatinho

 

Nunca caia no erro de conversar sobre religião com um cristão irracional e dogmático; porque, caso você demonstre interesse sobre o tema, o religioso provavelmente verá uma deixa para explanar o próprio ponto de vista — dogmático e não racional — a respeito, ou pior, poderá ainda tentar lhe converter.

Obs: essa dica deve ser aplicada nos “conhecidos” com quem se tem pouca intimidade, mas também funciona para pregadores chatos. Tudo que eles querem é alguém com quem falar, então não dê corda.
 

2 . Resista e Manipule

Considere que estamos no Brasil e que aqui há fortes credos católicos, protestantes e neopentecostais. Assim sendo, é muito provável que uma hora ou outra, em alguma situação, você acabe tendo de ouvir o discurso de um religioso dogmático.
 

crente chato do caralho

Em vista disso, caso você seja um sujeito polido e pacífico, treine seus ouvidos e sua mente para ficar impassível ante as maiores incongruências e bizarrices nonsense que o religioso dogmático irá proferir (recomendo fazer isso lendo a Bíblia com frequência,vendo vídeos do Olavo de Carvalho ou ouvindo testemunhos como este aqui).

 Se acabarem as desculpas para sair de perto da pessoa, saiba mudar de assunto sem que ela perceba (de preferência emendando algum tema que a ela goste e fazendo praticamente uma entrevista sobre ele).
 

Para os mais ousados, vale a pena treinar a hipocrisia social a ponto de poder esboçar um sorriso cordial ao mesmo tempo em que sente sua capacidade crítica ser ofendida e observa a lógica e a sanidade serem grotescamente violentadas, as duas ao mesmo tempo.

Invista na falsidade e manipulação, elas são indispensáveis nos relacionamentos sociais com pessoas imaturas (ou seja, quase todos os brasileiros, em especial os crentes). As pessoas preferem as mentiras reconfortantes mais absurdas do que qualquer verdadezinha que lhes fira o ego e a sensibilidade.
 
Portanto, utilize isso a seu favor: aprenda a fingir que não se importa em orar. Aprenda a orar como se acreditasse na oração. Aprenda a dizer “ore por mim” e a dizer “amém”.

Guarde sua honestidade para quem possui maturidade e inteligência para aceitá-la. Quando se trata do cristão dogmático, vale o dito bíblico de não jogar pérolas aos porcos.

Obs: essa dica deve ser aplicada em pessoas legais mas terrivelmente crentes, com as quais você não gostaria de discutir. Eu sempre a utilizo para parentes queridos e pessoas religiosas e dogmáticas que me tratam muito bem.
 

3. Se for para contrapor, faça-o com exigências intelectuais e sarcasmo brutal

 Ainda assim, nem sempre será possível fazer vista grossa, manter a boca fechada ou mudar o tema do assunto. Dependendo da postura, da burrice, do fanatismo e da intolerância do religioso com o qual você estiver lidando, ficar calado será praticamente impossível.

sarcasmo.gif

 
Nesse contexto, as pessoas polidas e de tendências pacíficas devem apenas mencionar que discordam, sendo tão enfáticas em sua posição quanto a pessoa religiosa for na sua. Talvez seja preciso dizer ao religioso que você não acredita no mesmo que ele, ou mesmo que acha que ele está errado. Evite, pois o dogmático irá crer que você precisa de salvação, de toda burrice que ele pode oferecer e de outras coisas mais (talvez ele até pense que você está com o demônio no corpo ou que está sendo usado pelo tinhoso).

 

cristianismo pagao

O melhor a fazer é mostrar que você entende mais de Bíblia do que ele: diga que ele não entendeu a bíblia, e que ela é um livro histórico e cultural. Conte a ele sobre a alegoria da caverna de Platão e diga que ele está aprisionado. Questione-o se ele sabe como a bíblia foi composta, fale sobre os conselhos ecumênicos, os textos apócrifos e as diversas interpretações divergentes do credo ortodoxo.

Fale sobre as centenas de fracionamentos do protestantismo. Se possível, mencione o livro Cristianismo Pagão, de Frank Viola. Evite as falácias usadas no documentário Zeitgeist, grande parte daquilo é mentira. Diga que a melhor interpretação teológica do apocalipse é a de que ele já aconteceu.
 

Monopolize o discurso. Mostre as incoerências e contradições Bíblicas. Afirme categoricamente que a evolução é um fato e exemplifique com termos técnicos da biologia evolucionista (se você, como eu, não entende muito de biologia evolucionista, comece pesquisando as referências deste texto aqui, ou apenas reproduza o que ele diz). Quando o religioso se opor, continue no mesmo ritmo frenético com bombardeio de informações contrastantes. Ele te achará perigoso e provavelmente se afastará.

 Obs: essa dica você vai saber em quem aplicar.
 

4. Mude de estratégia.

 Caso nada disso funcione, é melhor você começar a ser belicoso ou debochado e provocativo.





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Nota do editor: o texto acima foi escrito em 2017 e originalmente publicado no Medium

13/05/21

Do F.A.R.R.A ao QUORA: ativismo cultural, opinião e debates na Web

Internet: o mundo em um clique; a loucura em dois.

 Era uma vez um jovem internauta...

Ainda na pré-adolescência, período de meus primeiros acessos, imaginava que a rede mundial de computadores poderia ser interessante fonte de conhecimento e de contatos. E então, tratei de explorá-la.
 
Na época, descobrir blogs e arranjar debates em fóruns eram algumas das coisas mais legais a se fazer. O Youtube estava engatinhando. O Facebook nem havia chegado aqui, e nem precisava: tínhamos o Orkut. Usávamos, para socialização básica e paquera, o MSN (melhor que os “mensageiros” populares de hoje).
 
As Comunidades e os  Interesses...

A opinião independente rolava solta no Orkut, nos blogs e nos fóruns. Tínhamos nós - os nerds, os supercuriosos, os inconformistas, os fazedores de mídia alternativa e os marginalmente intelectualizados – um paraíso artificial.
 
Os  paranoicos acessavam o Fórum Anti Nova Ordem Mundial. Os esotéricos tinham o Teoria da Conspiração. Os satanistas, anarquistas e experimentalistas frequentavam o Morte Súbita Inc – cujo lema era “segredos proibidos ao alcance de todos”- que ensinava desde hipnose até magia sexual até como fazer pactos com demônios. Os céticos acessavam o Ceticismo Aberto, certamente o maior portal do tipo. Os masculinistas se reuniam no Fórum do Búfalo e também em outros, menores, dedicados ao “Realismo”, movimento que problematiza o comportamento feminino e as interações homem-mulher. E os nerds da cultura tinham o F.A.R.RAFórum dos Revolucionários da Rapadura Açucarada.

A Farra Contagiante...

O F.A.R.R.A era basicamente uma universidade nerd. Sua equipe, que contava com voluntários do Brasil inteiro, traduzia e disponibilizava filmes raros, documentários, animes, desenhos, séries antigas, quadrinhos e mangás ainda não publicados no Brasil. Além disso, lá haviam os debates, as recomendações, os classificados, as conversas e os vários projetos internos. O projeto mais duradouro foi a revista: FARRAZINE. Teve mais de vinte edições. Era um fanzine online divertidíssimo, que continuou mesmo depois da derrocada do fórum, em 2009. Os membros, os mais variados: advogados, professores, tatuadores, desenhistas, roteiristas, escritores, artistas, programadores, donas de casa...
 
Se não me engano, era gente do F.A.R.RA que estava por trás do excelente site VERTIGEMHQ, que traduzia e disponibilizava quadrinhos adultos e alternativos, especialmente os da Vertigo, a famosa linha de quadrinhos adultos da DC comics. O F.A.R.R.A era um mundo alternativo. Seus membros eram piratas da cultura. Todos lá amavam o Pirate Bay e o Wikileaks. Não havia um membro que não entendesse como o acesso à internet poderia educar o público e revolucionar o mundo. Foi uma pequena utopia. Infelizmente, faz mais de dez anos que acabou. Deixou-me órfão. Nunca me recuperei.
 
Junto com o Fórum dos Revolucionários da Rapadura Açucarada morreram inúmeros grandes sites e portais de upload e download; o mais memorável, talvez, foi o Rapshare. Morreram, mas não de morte natural. A verdade é que foram assassinados, perseguidos e denunciados por lobistas e advogados de grandes corporações da indústria cultural.
 
O Monstro Corporativo...

Foi a burocracia restritiva do capitalismo digital que matou nossa utopia. O mesmo sistema que, em alguns anos, iria transformar a internet.  Foi ele que impulsionou as redes sociais mais populares, herdeiras do modo Zuckerberg de fazer startup, todas elas moldadas pelos mesmos gatilhos psicológicos de recompensa viciante, fizeram a cabeça – e o comportamento – das novas gerações de usuários. Tudo financiado e possibilitado pelo assanhamento dos anunciantes. Essas plataformas andam deixando muita gente ansiosa, depressiva e suicida, mas isso é detalhe, importante mesmo é o lucro. Capitalismo, onde quer que se encontre, é sempre a mesma história: o monstro corporativo tentando manter nossos olhos vendados e influenciar nosso comportamento consumidor. E sabem qual é o pior? O monstro corporativo sempre vence no final. Ou quase.
 
Hoje em dia ainda há algum pensamento livre na internet. E para ironia do destino, grande parte dele se dá em fóruns ou comunidades frequentemente acusadas de racismo ou antissemitismo, como o Reddit e alguns Chans. Os blogs ainda vivem, mas já não tão vivos quanto antes. O nascimento do Bitchute e do Mastodon, coisa de alguns anos atrás, parece uma lufada de ar fresco. O Pirate Bay permanece, cambaleante, mas ainda lá. O Wikileaks eu nem sei como vai, mas o futuro de Assange não é nada promissor: já foi pego e já foi torturado. Se o deixarem viver, jamais será o mesmo.
 

Algo Errado Com o Quora...

E neste mundo, onde uns querem controlar nossa mente e uns  poucos querem livrá-la, há o Quora. Quando entrei no Quora, vi logo o potencial da plataforma. Parecia um espaço promissor. Dois anos de uso, contudo, me fazem pensar  que algo deu errado. A qualidade do conteúdo, tanto das perguntas como das respostas, decaiu bastante. Não há qualquer tipo de recompensa para as boas iniciativas e para as respostas mais profundas e informativas. O viés dos moderadores é óbvio e incômodo. Alguns usuários mais críticos ou sarcásticos frequentemente se veem com respostas excluídas, sem justificações satisfatórias por parte dos moderadores.
 
E embora tudo isso seja relativamente fácil de resolver, nada indica que será resolvido. Eu mesmo, embora seja tido como rebelde e provocador, resignei-me tanto que já não escrevo por lá. A ideia de que uma ou outra resposta, mesmo quando nitidamente humorística, possa ser apagada tende a me desanimar. E se for para escrever um texto mais trabalhoso e profundo, a sensação é de que o local não é adequado: terá poucas visualizações e poucos comentários. Melhor compartilhar em algum grupo de Facebook, no Medium, num blog ou em algum fórum. Ou, talvez, numa Newsletter. Não no Quora. O Quora é para curiosidades, gracejos moderados e textos menos exigentes.
 
Tudo muda por aqui...

Plataformas que inovam e que se vão, sites e aplicativos que dominam décadas mas depois desaparecem, comunidades que crescem exponencialmente e depois viram memória...
 
Pois é... Se há uma verdade sobre a internet é que ela é dinâmica e fluida: aberta à novidades e mudanças severas. O que vem por aí? Ninguém sabe. Então é bom ficar atento. Estar aberto ao futuro, mas sem esquecer do passado; eis a obrigação do internauta inteligente. E sigamos, que a vida cultural online não pode parar.

30/04/21

Em Defesa do Charlatão — ou: porque Olavo de Carvalho é um mal necessário

 

Em artigo originalmente publicado na (ótima) revista Café Colombo, Joel Pinheiro da Fonseca — mestre em Filosofia, baluarte do EPL e integrante do Partido Novo— ataca com unhas, dentes e argumentos um antigo conhecido e colaborador. O atacado é ninguém menos que Olavo de Carvalho, o famoso Guru da Virgínia.

O senhor Pinheiro, que vem conquistando um público cada vez maior, é figurinha carimbada nos meios liberais. Eu mesmo já fui fã de seu trabalho e devo a ele, entre outros, a possibilidade de, anos atrás, ler in portuguese divergências inteligentes e racionais às falácias histéricas do Guru e de seus asseclas. Coisa que se deu no finado Ad-Hominem, blog do qual Joel fez parte e onde travou duelos intelectuais com seus amigos olavettes. Onde vislumbrei pela primeira vez na internet uma esgrima intelectual jovem, madura e inteligente, sem os vícios, xingamentos e aberrações que tanto vi em outras páginas de esquerda e direita.

Contudo, apesar de minha simpatia para com Pinheiro, farei aqui, dentro das minhas limitações (que são muitas), um esforço em apresentar um sincero ponto de vista divergente do exposto em seu artigo. Tentarei apresentar um ponto de vista que, ao mesmo tempo em que reconhece certo charlatanismo em Olavo, reconhece também os aspectos positivos dele.

Em principio, estou completamente de acordo com a crítica que Joel traça ao ego acachapante, ao aspecto sectário e à afetação de sabedoria mística tão evidentes em Olavo. Como o mestre em filosofia argumenta, para aqueles que estão familiarizados com o modus operandi do Guru, com seu passado sufi-perenialista, com suas frequentes incongruências, com seus erros cabeludos, paranoias, acusações infundadas e absurdos teóricos, nada é mais notório que o fato de se tratar de um sofista bem preparado, empenhando em vencer e influenciar incautos à qualquer custo.

A questão que quero enfatizar, porém, é que embora Olavo possa atrair gente inteligente e racional para perto de si, acredito que ele, como qualquer guru, só é capaz de hipnotizar aquelas pessoas que já querem ser hipnotizadas.

Explico. Acho que Olavo se aproveita do sentimento de devoção religioso e da disposição de crença de centenas de jovens e fiéis católicos, notavelmente ignorantes em filosofia, mas ao mesmo tempo ansiosos para fundamentar suas expectativas religiosas e condenar a plenos pulmões tudo o que destoe de seus dogmas. Assim, Olavo põe no ar a velha ideia medieval de que a “filosofia é serva da teologia” e os fiéis sentem que aderindo ao credo católico-olavético estarão a contemplar a mais sofisticada e profunda das ciências. Aqui, vê-se que Olavo é, acima de tudo, um místico disfarçado de filósofo.

Já o Olavo político, que só é ouvido e levado a sério pelos sectarios fiéis conquistados através da erística místico-filosófica, aparece como uma bizarra síntese de Gurdgieff, Alborghetti, Joseph Mccarthy e Alex Jones. Uma cria autêntica do espírito brasileiro de compor misturas impossíveis.

Para pessoas razoáveis, é difícil levar Olavo de Carvalho a sério depois de ler o que Orlando Fedeli escreveu sobre sua “Gnose Tradicionalista”. Ou depois de saber que ele, Olavo, rejeita a Teoria da Relatividade, defendendo a terra como centro do universo. Ou, ainda, que covardemente desistiu de um debate — que já havia sido marcado — com o vlogger e Biólogo Pirulla. E fica mais difícil quando compararmos seu comportamento de vinte anos atrás ao comportamento que tem hoje. Vê-se que o homem anda cada vez mais paranoico e enfurecido, vendo em todo lugar “agentes não pagos” do KGB.

Por isso, penso, Olavo só é levado a sério por gente desinformada ou fiéis que seriam capazes de levar a sério qualquer irracionalismo, qualquer guru, uma vez que a cosmovisão religiosa é pautada por uma necessidade de crença no absoluto e não pela necessidade de investigação sobre a natureza última da realidade, como é requisito da busca filosófica.

Entretanto, para nós outros — não olavettes em geral — , Olavo aparece como uma figura ímpar que merece ser lida e analisada, que merece ser discutida por quem pode evidenciar com racionalidade e seriedade suas paranoias e equívocos, justamente para desmascará-los. Falo aqui de conhecedores da obra de Olavo que hoje se opõe a ele, como Francisco Razzo, Jorge Velasco, Caio Rossi e o próprio Joel.

Apesar disso, é importante lembrar que não é em tudo que o guru se equivoca. Ouso dizer que há coisas boas na obra olavética. Sem dúvidas, a melhor delas é a diversidade de referências bibliográficas e intelectuais (“a bibliografia arcana” como chamou um amigo). Eu mesmo, por exemplo, conheci o excelente Antônio Paim lendo artigos do Olavo. E sei que muita gente só atentou para autores como Vilém Flusser, J.G. Merquior, Meira Penna, Alan Sokal, Otto Maria Carpeaux, Roger Scruton, Mario Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva depois de ler artigos dele ou de seguidores. Neste caso, ao menos devemos reconhecer que Olavo é eficiente em indicar autores notáveis. Ao menos como propagandista de intelectuais de peso ele presta.

Em segundo plano, como temas relevantes na obra de Olavo, pode-se citar as explanações sobre importância da Filosofia e Educação Clássica; validade de sistemas de ensino como Trivium e Quadrivium; discussões metodológicas sobre o filosofar; discussões sobre a argumentação, a erística e a lógica simbólica; assim como sobre a questão da importância da biografia de determinado filósofo no que se refere ao entendimento de sua filosofia. Tudo isso aparece na obra do guru, as vezes em forma de duelo com intelectuais divergentes. A rigor, tais conteúdos me parecem questões pertinentes e que devem ser discutidas.

Quando o assunto é Olavo, há que se falar também da questão do desenvolvimento intelectual dos indivíduos, coisa que se dá através do fundamental encontro com o erro. Eu mesmo já fui olavette e — quão difícil é confessar! — já andei a ruminar contra o Foro de São Paulo.

Sei que Joel e tantos outros já passaram por essa fase também. E suspeito que se voltarmos um pouco mais no tempo, veremos que provavelmente já fomos também mais inocentes às ideias de esquerda e às armadilhas da vida intelectual como um todo. Agora, um pouco mais preparados, podemos constatar que evoluímos e fomos desenvolvendo, aprimorando, nossa capacidade de juízo. Ora, tal progresso seria completamente impossível se não tivéssemos errado, não é mesmo? Afinal, que é o progresso senão a superação dos erros? Olavo é, creio, um dos erros mais importantes pelos quais devemos passar.

Costumo dizer ao meu irmão que há três passos para se iniciar na vida filosófica e intelectual: O primeiro é refutar o relativismo; o segundo é refutar o marxismo; e o terceiro é refutar o olavismo. Certamente que é uma piada, mas não deixa de ser séria. Creio mesmo que é preciso dialetizar, absorver o que há de bom e depois derrotar a erística olavética. Insisto que para o real investigador do mundo não há outra alternativa: é preciso investigar toda filosofia — ou filodoxia — que reivindique o status de verdade última. 

Puxando sardinha para o meu lado, faço notar que outro tema importante na obra de Olavo é o estímulo ao autodidatismo, aspecto educacional e cognitivo praticamente ignorado no sistema de ensino oficial. Jamais conheci um intelectual de língua portuguesa que desse tanta ênfase à curiosidade intelectual autônoma e espontânea e ao mesmo tempo fosse tão acessível quanto Olavo, e digo isso como um interessado em autodidatismo.

Não que não haja grandes defensores da pedagogia libertária entre os intelectuais brasileiros. Ainda reluzem os nomes de Jaime Cubero e Maurício Tragtenberg entre os expoentes do assunto. Mas, verdade seja dita, nenhum deles possui a mesma acessibilidade que a obra de Olavo.

Vejamos, por exemplo, o meu triste caso. Sou um sujeito pobre, e livro no Brasil é um troço bastante caro. Bibliotecas públicas, para quem mora no interior, são sempre distantes e extremamente precárias. Se desejo me educar, me informar, e então passo a ter contato com a obra de um sujeito preocupado justamente em não se prender a ideia de que educação é algo externo, feita num lugar específico e validada por carimbos oficiais; sendo ainda um sujeito culto e com variadas referências bibliográficas, é óbvio que ele terá papel importante em incentivar minha vida intelectual.

Precisamente o mesmo incentivo que me levou a instruir-me sobre posições outras e chegar até intelectuais como Joel Pinheiro ou mesmo o heterodoxo e interessantíssimo Uriel Irigaray. Nesse aspecto, Olavo está muito a frente dos intelectuais da academia que falam para pessoas que desejam carimbos e ignoram por completo as que estão ávidas por conhecimento. Afinal, porque as pessoas fora da universidade não poderiam buscar se educar e obter um bom nível cultural e humanístico? A falta quase total de consideração aos autodidatas deste país mostra que tal questão nem sequer passa pela cabeça de nossos pedagogos.

De qualquer forma, assuma ou não o Joel, a verdade é que Olavo tem lá suas qualidades, algumas das quais procurei mencionar neste texto. Além disso, Olavo também tem mérito: é o pai espiritual da Nova Direita, sendo uma figura proeminente no novo vigor que recebeu o ambiente intelectual brasileiro, principalmente na internet, particularmente nos últimos dez anos.

Sem dúvidas, é preciso falar sobre ele. Diria ainda que é preciso lê-lo e enfrentá-lo, e até mesmo expô-lo como fez o Marco Antônio Villa, como o próprio Joel está a fazer agora.

Enfim, digo com todas as letras: até que apareça um intelectual popular, realmente culto e bem mais simpático, o Guru da Virgínia será um mal necessário. E os que, como Joel, Uriel e Razzo, conseguirem passar por ele, certamente sairão fortalecidos e poderão contribuir intelectualmente, confrontado as incongruências do guru e abrindo os olhos das pessoas.