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02/02/22

Não Caia na Falácia da Igualdade

diversidade

Existe, no mercado de crenças contemporâneo, a ideia extremamente emburrecedora (muito vendida e muito comprada) de que somos todos iguais. Ela é tão alardeada, propagandeada e massificada que aposto que você, amigo leitor, já se deparou com alguma versão.

Se você é um dos inocentes que comprou essa ideia, estou aqui pra te avisar que fez péssimo negócio: você caiu numa vigarice intelectual. Sim, meu amigo, é triste dizer, mas você foi feito de otário. 

Calma, não fique bravo comigo: meu papel aqui é te alertar, e não posso fazer isso sem ser claro, sem ser realista e sem dizer as coisas tais como elas são. Por favor, caro leitor, não seja tão vaidoso a ponto de só aceitar a verdade quando ela vem recheada de eufemismos ou quando ela só favorece o que você acredita. 

Compreendo que isso pode ser difícil numa era em que o politicamente correto ameaça dominar a linguagem, mas garanto que ser autocrítico e realista lhe trará maturidade. Honrado e nobre é o ser humano que, ao identificar um tirano filho da puta, alerta seus companheiros declarando alto e em bom som: “Eis aqui um tirano filho da puta”. Por outro lado, vil e imperdoável deve ser aquele que mascara a linguagem para transformar assassinos em santos. 

Dito isso, podemos voltar ao tema central.

Já vou explicar o por que você foi enganado. Mas, para isso, lhe darei algumas pequenas tarefas. Nada que doa, eu prometo. Só preciso que você reflita um pouquinho.

Pense por alguns minutos na pessoa mais inteligente que você já conheceu. Pensou? Ok, muito bem. Agora pense na mais burra, na mais ignorante, na mais tola. Notou alguma diferença fundamental?

Pense agora, por alguns minutos, na Madre Tereza de Calcutá. Pense em Chico Xavier, em Jesus Cristo, em Mahatma Gandhi, em Martin Luther King ou simplesmente na pessoa mais sábia que você já conheceu. Agora pense em Hitler, em Charles Manson, em Calígula, no Maníaco do Parque ou simplesmente na pessoa mais cruel e depravada que você já conheceu. Percebeu alguma diferença?

Sem dúvidas, todas essas pessoas tinham algo em comum. Todas elas tinham uma estrutura biológica similar, a estrutura biológica dos humanos. Isso só significa, contudo, que elas tinham coisas em comum, não significa que eram iguais. Ao pensar nelas e compará-las, você provavelmente percebeu que elas não eram psicologicamente iguais. Em outras palavras, você percebeu que elas não pensavam e não agiam da mesma forma. 

Os seres humanos, quando comparados, possuem coisas em comum e também discrepâncias. É justamente por conta das discrepâncias, características individuais, exclusivas, que as pessoas não podem são exatamente iguais. O que torna cada ser humano único é o fato de que ninguém possui as mesmas particularidades. É aquela coisa de existir características em você que só existem em você. Aquela coisa da sua digital ser única: a isso chamamos individualidade 

Note que é crucial aqui entender o significado da palavra “igual”. Um ente “igual” a outro é um ente cuja constituição total é a mesma que a de outro ente. Agua é igual a H20. Cachorro é igual a Cão. Na boa e velha linguagem da lógica, o princípio da igualdade é formulado como A=A.

 Ocorre que seres humanos são constituídos por elementos comuns, como a estrutura fisiológica, mas também por elementos individuais, exclusivos, como a constituição psicológica de cada um. Ou seja: seres humanos não possuem exatamente a mesma constituição total. É por isso que eu sou eu, você é você e ele é ele. Se fossemos literalmente iguais, esses pronomes nem fariam sentido.Resumindo: temos coisas em comum, mas como temos características exclusivas, não somos iguais.

Acreditar que somos iguais é, portanto, negar a realidade. E a consequência dessa negação é muito perigosa, pois não estabelece a devida distinção. Tal negação coloca os maus no mesmo nível em que os bons, os virtuosos no mesmo nível em que os depravados, os honestos no mesmo nível em que os mentirosos. Tal negação equivale a não diferenciar um tigre de um gatinho.

 Equivale a dizer que Hitler e Jesus eram iguais. Pior: equivale a dizer que você é essencialmente igual ao que foi Hitler. Dizer que todo mundo é igual favorece os piores membros da espécie e praticamente anula a grandeza e o esforço dos melhores.

Por isso, não caia mais nessa, meu amigo.

 Aprenda a diferenciar as coisas — e os homens — segundo suas qualidades e atributos. Afinal, é para isso que serve sua inteligência.

24/12/21

Como Lidar Com Cristãos Irracionais e Dogmáticos - Um Guia Para Pessoas Pacíficas

Ateus, agnósticos, céticos, religiosos democráticos, místicos, estudantes de filosofia, livres pensadores… Enfim, quem quer que seja razoavelmente democrático, racional e já tenha tido a experiência de lidar com um cristão dogmático e fundamentalista sabe que não é a mesma coisa que lidar com uma pessoa em seu pleno juízo.

Quanto mais você alega que o religioso está louco, mais ele dá glórias à Deus; quanto mais se diz que algumas passagens da Bíblia são absurdas e até desumanas e criminosas, mas o crente afirma que a palavra de Deus é “mistério”. E assim o debatedor racional sai completamente frustrado e sem saber argumentar contra alguém que não aceita argumentos.
 

O fato é que é preciso toda uma malícia especial para lidar com os crentes fundamentalistas. Tendo eu tido a oportunidade de desenvolver tal malícia (sou agnóstico e convivo com pessoas desse tipo desde muito tempo), pensei ser interessante expor alguns métodos simples que aprendi ou desenvolvi, na esperança de que possam ser úteis a outros.

Se for possível ficar longe de cristãos dogmáticos, fique. Se não for, use as dicas.
 
1. Regra de ouro: mantenha o bico calado sobre religião.

O modo como você pensa sobre religião só diz respeito a você. Ninguém que seja dogmático irá respeitar ou sequer analisar seus pontos de vista. Se quer falar ou debater sobre esse assunto, seja sensato: procure alguém com mente aberta.

crente chatinho

 

Nunca caia no erro de conversar sobre religião com um cristão irracional e dogmático; porque, caso você demonstre interesse sobre o tema, o religioso provavelmente verá uma deixa para explanar o próprio ponto de vista — dogmático e não racional — a respeito, ou pior, poderá ainda tentar lhe converter.

Obs: essa dica deve ser aplicada nos “conhecidos” com quem se tem pouca intimidade, mas também funciona para pregadores chatos. Tudo que eles querem é alguém com quem falar, então não dê corda.
 

2 . Resista e Manipule

Considere que estamos no Brasil e que aqui há fortes credos católicos, protestantes e neopentecostais. Assim sendo, é muito provável que uma hora ou outra, em alguma situação, você acabe tendo de ouvir o discurso de um religioso dogmático.
 

crente chato do caralho

Em vista disso, caso você seja um sujeito polido e pacífico, treine seus ouvidos e sua mente para ficar impassível ante as maiores incongruências e bizarrices nonsense que o religioso dogmático irá proferir (recomendo fazer isso lendo a Bíblia com frequência,vendo vídeos do Olavo de Carvalho ou ouvindo testemunhos como este aqui).

 Se acabarem as desculpas para sair de perto da pessoa, saiba mudar de assunto sem que ela perceba (de preferência emendando algum tema que a ela goste e fazendo praticamente uma entrevista sobre ele).
 

Para os mais ousados, vale a pena treinar a hipocrisia social a ponto de poder esboçar um sorriso cordial ao mesmo tempo em que sente sua capacidade crítica ser ofendida e observa a lógica e a sanidade serem grotescamente violentadas, as duas ao mesmo tempo.

Invista na falsidade e manipulação, elas são indispensáveis nos relacionamentos sociais com pessoas imaturas (ou seja, quase todos os brasileiros, em especial os crentes). As pessoas preferem as mentiras reconfortantes mais absurdas do que qualquer verdadezinha que lhes fira o ego e a sensibilidade.
 
Portanto, utilize isso a seu favor: aprenda a fingir que não se importa em orar. Aprenda a orar como se acreditasse na oração. Aprenda a dizer “ore por mim” e a dizer “amém”.

Guarde sua honestidade para quem possui maturidade e inteligência para aceitá-la. Quando se trata do cristão dogmático, vale o dito bíblico de não jogar pérolas aos porcos.

Obs: essa dica deve ser aplicada em pessoas legais mas terrivelmente crentes, com as quais você não gostaria de discutir. Eu sempre a utilizo para parentes queridos e pessoas religiosas e dogmáticas que me tratam muito bem.
 

3. Se for para contrapor, faça-o com exigências intelectuais e sarcasmo brutal

 Ainda assim, nem sempre será possível fazer vista grossa, manter a boca fechada ou mudar o tema do assunto. Dependendo da postura, da burrice, do fanatismo e da intolerância do religioso com o qual você estiver lidando, ficar calado será praticamente impossível.

sarcasmo.gif

 
Nesse contexto, as pessoas polidas e de tendências pacíficas devem apenas mencionar que discordam, sendo tão enfáticas em sua posição quanto a pessoa religiosa for na sua. Talvez seja preciso dizer ao religioso que você não acredita no mesmo que ele, ou mesmo que acha que ele está errado. Evite, pois o dogmático irá crer que você precisa de salvação, de toda burrice que ele pode oferecer e de outras coisas mais (talvez ele até pense que você está com o demônio no corpo ou que está sendo usado pelo tinhoso).

 

cristianismo pagao

O melhor a fazer é mostrar que você entende mais de Bíblia do que ele: diga que ele não entendeu a bíblia, e que ela é um livro histórico e cultural. Conte a ele sobre a alegoria da caverna de Platão e diga que ele está aprisionado. Questione-o se ele sabe como a bíblia foi composta, fale sobre os conselhos ecumênicos, os textos apócrifos e as diversas interpretações divergentes do credo ortodoxo.

Fale sobre as centenas de fracionamentos do protestantismo. Se possível, mencione o livro Cristianismo Pagão, de Frank Viola. Evite as falácias usadas no documentário Zeitgeist, grande parte daquilo é mentira. Diga que a melhor interpretação teológica do apocalipse é a de que ele já aconteceu.
 

Monopolize o discurso. Mostre as incoerências e contradições Bíblicas. Afirme categoricamente que a evolução é um fato e exemplifique com termos técnicos da biologia evolucionista (se você, como eu, não entende muito de biologia evolucionista, comece pesquisando as referências deste texto aqui, ou apenas reproduza o que ele diz). Quando o religioso se opor, continue no mesmo ritmo frenético com bombardeio de informações contrastantes. Ele te achará perigoso e provavelmente se afastará.

 Obs: essa dica você vai saber em quem aplicar.
 

4. Mude de estratégia.

 Caso nada disso funcione, é melhor você começar a ser belicoso ou debochado e provocativo.





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Nota do editor: o texto acima foi escrito em 2017 e originalmente publicado no Medium