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22/02/23

Notinha #8: Filosofia e Tatuagens

Existe na Filosofia um conceito altamente sofisticado e preciso que descreve gente com cabelo colorido e tatuagens por todo o corpo. Chama-se: Abominação Estética.

Como digno representante da geração 90, preciso deixar claro: tatuagem só presta em maoris, putas, bandido mal encarado, mafiosos, policial matador e endemoninhados da Igreja Universal. E cabelo colorido só diverte quando em foliões no Carnaval e em eventos cospley. Só.

Enquanto as novas gerações não respeitarem esses limites sociológicos teremos o fenômeno do hipster nerdola tatuado e da gatinha em idade reprodutiva fazendo cospley fora de época.

Atentai-vos a esta dolorosa (mas verdadeira) lição, que trago com autoridade e sabedoria. Acatai sem reclamar. Apliquem e verão surgir em suas vidas uma nova aura de dignidade, respeito e autoestima.

27/04/22

Jack Contra o Ódio de Jack


 Samurai Jack. Episódio oito.

A cabeça de Jack é posta a prêmio por Aku. Diversos mercenários, das mais variadas formas e tipos, confrontam Jack tentando derrotá-lo. Nenhum consegue, mas, como são muitos, despertam a fúria do samurai.

Aku percebe então que o estilo de Jack é insuperável. Astuto, mestre do mal, aproveita o ódio do guerreiro para criar um clone demônio, que é o ódio de Jack encarnado. Os dois se encontram e lutam. O Samurai Jack guerreiro da virtude e o Samurai Jack guerreiro do ódio.

Ferem-se. Empatam. Jack aumenta seu ódio contra o rival, o que só o fortalece. Até que, em algum momento, nosso Samurai honrado e sábio percebe que não poderá vencer o demônio com ódio.

Então ele medita. Dissipa seu ódio e vence. Com sabedoria e espiritualidade.

Como o leitor pode ver, há mais sabedoria em Samurai Jack do que imaginaria nossa vã intelectualidade.


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O texto acima foi originalmente publicado no Zuckbook

13/04/22

O Melhor Filme de Viagem no Tempo




Dois jovens engenheiros geniais e obsessivos estão trabalhando num projeto de redução da gravidade. Acidentalmente, descobrem uma forma de voltar no tempo.

Um deles, ambicioso, decide usar essa descoberta para regressar no tempo, com informação privilegiada, e manipular o mercado de ações. O outro não acha que é boa ideia, mas acaba concordando. Ambos precisarão lidar com as imprevistas consequências.

Que filme é esse?

Trata-se de "Primer". Uma obra que, entre cinéfilos, é considerada um das melhores e mais acuradas produções cinematográficas sobre viajem no tempo. O diretor, Shane Carruth, é um físico (e engenheiro) que caprichou na coerência teórica e técnica da coisa toda.

Não é exatamente um filme fácil de se entender, mas qualquer problema de entendimento pode ser resolvido pelos vídeos explicativos que os fãs fizeram e compartilharam na internet.

Filme altamente recomendável para nerds.

Segue o trailer:




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Texto originalmente publicado como resposta no Quora

06/04/22

Lista dos Melhores e Mais Inteligentes Podcasts Nacionais

 

É claro que não ouvi todos os podcasts disponíveis, mas os que fortemente recomendaria, dos que ouvi, são:

1 - Scicast (eu nunca ri tanto aprendendo ciência)

2 - Psicocast (análogo ao scicast, mas focado em psicologia)

3 - Mundofreakconfidencial (sobre temas sobrenaturais e estranhos)

4 - EscribaCafé (esse é realmente muito bom. É basicamente sobre histórias interessantes.)

5 - Salvo Melhor Juízo (o Direito abordado de forma agradável)

6 - Papo Lendário (sobre mitologia)

7 - Atrás do Front (podcast do Padma Dorje, um dos comentaristas mais inteligentes e cultos da net)

8 - CaféBrasil (é inteligente)

9 - Número Imaginário (Matemática. É meio monótono, mas o conteúdo vale)

10 - Sobrecast (sobrevivencialismo, catástrofes, o que fazer numa crise. Muito útil se você é do tipo paranoico, militar ou preventivo)


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Edição (do dia 03/08/2019)

Por sugestão da Cristine Martin, que me lembrou alguns que havia esquecido e outros que sempre ouço falar:

11. Mamilos (sobre temas polêmicos e atuais)

12. RapaduraCast (cinema)

13. Cinemático (cinema)

14. Caixa de Histórias (literatura)

15. Gente que escreve (literatura)

 

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Lista originalmente publicada como resposta no Quora

30/03/22

A Sinistra Magia de Jack, O Estripador


Os assassinatos de Jack, "O Estripador", eram, na verdade, "rituais de sangue". É o que diz uma sinistra teoria conspiratória que, há mais de um século, circula nos meios esotéricos e literários.

O infame ocultista britânico Aleister Crowley, que foi contemporâneo de Jack, teve fascínio pelo caso. Grande conhecedor de Magia e da temática sacrificial, o bruxo escreveu em seu diário que a sequência de assassinatos de Jack formava um pentagrama. Segundo lhe parecia, os assassinatos eram parte de uma operação mágica.
Alguns assassinatos ocorreram próximo à sinagogas, coisa que, dizem alguns, era intencional. Na época, vários figurões da polícia londrina eram altos membros da maçonaria, e é de conhecimento público que as autoridades agiram de modo suspeito. Muitos sugerem que houve acobertamento, e os mais paranoicos chegam a dizer que Jack era um maçom cabalista. Os maçons negam.
Há várias obras de ficção interessantes que exploram essa teoria. Uma delas é a HQ "Do Inferno", de Alan Moore. Outra é o filme, de 1979, "Murder By Decree", que sugere o envolvimento da maçonaria. Neste último, há uma cena deveras curiosa e intrigante, onde ninguem menos que Sherlock Holmes, através de gestos secretos, finge-se de maçom para confrontar o chefe de polícia.


25/03/22

Elektra Assassina: a novela gráfica experimental de Frank Miller

Elektra encontra  A Besta

 
"A BESTA É PODER, A BESTA É MAGIA, A BESTA LIBERTARÁ VOCÊ, ELEKTRA!

O trecho acima, sinistro e agourento, está contido na excelente minissérie "Elektra Assassina", trabalho experimental de Frank Miller em parceria com Bill Sienkiewicz. Nessa obra, (que transborda metapolítica, paranoia e ficção científica) Elektra, logo depois de fugir de um hospício, descobre que o presidente dos Estados Unidos está sob influência da Besta; um antigo demônio cultuado pelo grupo terrorista Tentáculo. A missão da ninja: assassinar o presidente da nação mais poderosa do mundo.
Na série, Elektra precisará enfrentar agentes transhumanos e psicopatas da SHIELD, ninjas traiçoeiros do Tentáculo, a própria Besta e, claro, seus medos e bloqueios mentais, o que não será fácil.
O caráter mais ou menos surreal da arte de Sienkiewicz mostrou-se perfeito para a trama. Não se enganem, apesar de parecer "mera viagem", é um gibi denso e cheio de referências políticas e esotéricas, tem um caráter de "cult" e muita gente - inclusive eu- considera-o superior ao clássico "Cavaleiro das Trevas".
Obviamente, sendo uma obra de Frank Miller, é um gibi violentíssimo. Acho até que nenhum outro gibi de Miller consegue conciliar violência e estética de forma tão perfeita.

21/03/22

Afinal de contas, o que é a Matrix?


Quer mesmo saber?

Então deixe-me te mostrar até onde vai a toca do coelho, pequeno neoPreparado? Vamos lá:

Sobre o Filme:

Basicamente, a “matrix”, segundo o contexto da trilogia cinematográfica dos irmãos wachowski, é o termo usado para descrever uma realidade virtual produzida por formas de inteligência artificial (A.I )que se rebelaram contra os seres humanos no passado, numa guerra onde as máquinas venceram.

Desde então, as máquinas vem utilizando os seres humanos como fonte de energia. Ao mesmo tempo, para que os humanos não tomem consciência disso, as máquinas criaram um meio de controlar a mente humana, criando um mundo virtual, ilusório, uma prisão mental a matrix—, mas que a maioria dos humanos aceitam como real.

20/03/22

11 Conselhos Para Jovens Nerds


[Dexter, o pequeno e arrogante gênio.]
                                          
Há poucas coisas realmente importantes na vida. Inteligência é uma delas. Alguém aí duvida que tudo que temos de bom e de valoroso na sociedade (e que todos os bens, físicos ou conceituais,dos quais desfrutamos) são frutos da inteligência e do esforço contínuo dos homens do passado?

Se alguém ainda tem dúvidas, basta olhar ao redor. Celulares, arranha-céus, carros, geladeiras, televisores, lâmpadas, trens… Todos esses bens não vieram do nada, não se construíram sozinhos. O processo de construção de apenas alguns deles, como um computador ou um carro, ou mesmo um simples lápis, é tão complexo e apresenta tantas dificuldades técnicas que causa profunda impressão observar tais artefatos serem construídos aos montes, apesar de toda a dificuldade envolvida na confecção.

A inteligência humana aplicada tem permitido identificar e resolver problemas não apenas em questões de engenharia, mas também na medicina, na psicologia, no direito, na política e em qualquer outra área que você possa imaginar. Além disso, a quantidade de conhecimento acumulado, utilizado e acessível nunca foi tão alta em toda a história humana (o amigo leitor certamente já ouviu falar que vivemos na “Era da Informação”) e nossa civilização é totalmente dependente desses conhecimentos, dessa estrutura informacional.

Sabendo disso, percebendo que a manutenção da nossa frágil civilização e de seus bens depende do conhecimento e da inteligência, era de se esperar que nossas crianças e jovens tivessem sua curiosidade natural (esse elemento formador da inteligência) mais do que estimulada. Era de se esperar que as mentes mais destacadas, os espíritos introspectivos, dados à leitura e à reflexão, ao cálculo, à descoberta e à solução de problemas difíceis, fossem encorajados e incentivados, tidos até como heróis mantenedores da vida, da civilização e do progresso, afinal, se não houver ninguém para guardar, descobrir e utilizar o conhecimento, que será de uma civilização baseada nele?

Infelizmente, porém, o brasileiro está longe, muito longe, de compreender isso. E consequentemente está longe de valorizar e de incentivar a inteligência e a curiosidade dos mais jovens. Por outro lado, os brasileiros são excelentes em incentivar a sexualização precoce e o retardamento infanto-juvenil.

02/02/22

Não Caia na Falácia da Igualdade

diversidade

Existe, no mercado de crenças contemporâneo, a ideia extremamente emburrecedora (muito vendida e muito comprada) de que somos todos iguais. Ela é tão alardeada, propagandeada e massificada que aposto que você, amigo leitor, já se deparou com alguma versão.

Se você é um dos inocentes que comprou essa ideia, estou aqui pra te avisar que fez péssimo negócio: você caiu numa vigarice intelectual. Sim, meu amigo, é triste dizer, mas você foi feito de otário. 

Calma, não fique bravo comigo: meu papel aqui é te alertar, e não posso fazer isso sem ser claro, sem ser realista e sem dizer as coisas tais como elas são. Por favor, caro leitor, não seja tão vaidoso a ponto de só aceitar a verdade quando ela vem recheada de eufemismos ou quando ela só favorece o que você acredita. 

Compreendo que isso pode ser difícil numa era em que o politicamente correto ameaça dominar a linguagem, mas garanto que ser autocrítico e realista lhe trará maturidade. Honrado e nobre é o ser humano que, ao identificar um tirano filho da puta, alerta seus companheiros declarando alto e em bom som: “Eis aqui um tirano filho da puta”. Por outro lado, vil e imperdoável deve ser aquele que mascara a linguagem para transformar assassinos em santos. 

Dito isso, podemos voltar ao tema central.

Já vou explicar o por que você foi enganado. Mas, para isso, lhe darei algumas pequenas tarefas. Nada que doa, eu prometo. Só preciso que você reflita um pouquinho.

Pense por alguns minutos na pessoa mais inteligente que você já conheceu. Pensou? Ok, muito bem. Agora pense na mais burra, na mais ignorante, na mais tola. Notou alguma diferença fundamental?

Pense agora, por alguns minutos, na Madre Tereza de Calcutá. Pense em Chico Xavier, em Jesus Cristo, em Mahatma Gandhi, em Martin Luther King ou simplesmente na pessoa mais sábia que você já conheceu. Agora pense em Hitler, em Charles Manson, em Calígula, no Maníaco do Parque ou simplesmente na pessoa mais cruel e depravada que você já conheceu. Percebeu alguma diferença?

Sem dúvidas, todas essas pessoas tinham algo em comum. Todas elas tinham uma estrutura biológica similar, a estrutura biológica dos humanos. Isso só significa, contudo, que elas tinham coisas em comum, não significa que eram iguais. Ao pensar nelas e compará-las, você provavelmente percebeu que elas não eram psicologicamente iguais. Em outras palavras, você percebeu que elas não pensavam e não agiam da mesma forma. 

Os seres humanos, quando comparados, possuem coisas em comum e também discrepâncias. É justamente por conta das discrepâncias, características individuais, exclusivas, que as pessoas não podem são exatamente iguais. O que torna cada ser humano único é o fato de que ninguém possui as mesmas particularidades. É aquela coisa de existir características em você que só existem em você. Aquela coisa da sua digital ser única: a isso chamamos individualidade 

Note que é crucial aqui entender o significado da palavra “igual”. Um ente “igual” a outro é um ente cuja constituição total é a mesma que a de outro ente. Agua é igual a H20. Cachorro é igual a Cão. Na boa e velha linguagem da lógica, o princípio da igualdade é formulado como A=A.

 Ocorre que seres humanos são constituídos por elementos comuns, como a estrutura fisiológica, mas também por elementos individuais, exclusivos, como a constituição psicológica de cada um. Ou seja: seres humanos não possuem exatamente a mesma constituição total. É por isso que eu sou eu, você é você e ele é ele. Se fossemos literalmente iguais, esses pronomes nem fariam sentido.Resumindo: temos coisas em comum, mas como temos características exclusivas, não somos iguais.

Acreditar que somos iguais é, portanto, negar a realidade. E a consequência dessa negação é muito perigosa, pois não estabelece a devida distinção. Tal negação coloca os maus no mesmo nível em que os bons, os virtuosos no mesmo nível em que os depravados, os honestos no mesmo nível em que os mentirosos. Tal negação equivale a não diferenciar um tigre de um gatinho.

 Equivale a dizer que Hitler e Jesus eram iguais. Pior: equivale a dizer que você é essencialmente igual ao que foi Hitler. Dizer que todo mundo é igual favorece os piores membros da espécie e praticamente anula a grandeza e o esforço dos melhores.

Por isso, não caia mais nessa, meu amigo.

 Aprenda a diferenciar as coisas — e os homens — segundo suas qualidades e atributos. Afinal, é para isso que serve sua inteligência.

05/01/22

Como Não Fazer Amigos, Não Pegar Gatinhas e Não Influenciar Pessoas


Como alguns adolescentes, aos treze anos eu era inseguro e assombrado pela interação social.  Mas com o terrível incoveniente de ser nerd: adorava quadrinhos de super-herois musculosos, revistas, programas de animes com japinhas gostosas, desenhos, filmes da Sessão da Tarde, do Cinema em Casa, Cine Band Privê e, muitas, muitas punhetas pela madrugada afora.

Tudo isso coisas que não me aproximavam nem das gatinhas nem da estima alheia.

 A stranger in a strange land.

A moda na época era fazer cursinhos, e o Inglês era a bola da vez. Sorteado, caí de paraquedas no cursinho gratuito do município. Eu detestava o idioma gringo, principalmente por conta de dificuldades na pronúncia. ‘Strawberry’ — Oh, céus! — como querem que eu fale esse treco? A possibilidade de ser zoado por mais uma inadequação me era quase tão assustadora quanto o apocalipse cristão. Pouco importava. Quem mandava em casa era o coroa. Lembram da ‘vondade geral’ de Rosseau? Era a vontade do meu pai.

No primeiro dia de aula, várias mulheres na turma. A maioria mais velhas que eu, o que achava menos pior. Na cadeira ao lado, Fernando, o garanhão da minha rua (‘Fernandinho’ para as meninas que, como a minha irmã, caiam babando por ele). Era meu completo antípoda: falso cristão, falso ‘cara legal’, sucesso com as mulheres, muito prestígio social (sei disso por que depois viramos amigos). E eu lá, ‘o carinha esquisito’, torcendo pra aula acabar antes que fizesse alguma vergonha.Mas quem disse que a vida é fácil? Não dei sorte; a teacher pediu que nos apresentássemos, começando por “hi, my name is… “ e depois seguindo no idioma de Camões.

Falar em publico, e falar inglês, na frente de uma dúziza ou mais de desconhecidos, recebendo todos aqueles olhares curiosos e julgadores. Enquanto os outros falavam, eu transpirava, nervoso. “Por que senhor ? Por quê ? Não tenho sido um bom cristão ? Tudo bem, eu prometo que paro de ver putaria, prometo!” Era uma prova, pensei. Eu tinha que passar. Se quisesse ser pregador, teria que aprender a falar em público um dia. O dia chegara. Enfim, aceitei meu destino, encarando o desafio com resignação e coragem. Chegada minha vez, fui confiante. Como todos antes de mim, levantei e falei.

Mal abri a boca e, em uníssono, todos gargalharam.

Demorei alguns minutos para perceber: o nervosismo foi tanto que eu falara ‘Hau’ ao invés de ‘Hi’. Com isso, entregara-lhes precisamente o que tencionava esconder; o fato de que eu era, naquela época e circunstâncias, um completo bicho do mato, comunicando-me tal qual um selvagem.



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Nota do editor: a crônica acima  foi originalmente escrita no ano de 2015.