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07/06/23

Elas não querem que saibamos





As mulheres não querem que os homens saibam que elas não sabem o que querem.

Mulheres: elas não querem que eles saibam que estão confusas e que em breve mudam de ideia.

Elas não querem que saibamos que, para serem felizes, dependem de nós - de nosso amor, aprovação, força, estabilidade, proteção e carinho. Não querem que saibamos que: se lhes dermos tudo o que querem, jamais, nunquinha mesmo, serão felizes. A mulher, meu amigo, só é plena quando tem do que se queixar.

Que não saibamos - nós, homens - o que elas realmente pensam: é definitivamente o que querem.

Que é a mulher, afinal? É a enguia disfarçada de ninfa, que nos avilta com descargas elétricas emocionais para depois escapar de nossas masculinas mãos. É a Esfinge, cheia de infernais enigmas. É a bênção e ao mesmo tempo a sacanagem. É filha de Deus, mas também - e mais do que tudo - do Diabo. Geralmente demônio cruel, as vezes é anjo. É a lua: bela e com alguma luz; mas imersa em trevas insuperáveis.

A mulher, as mulheres: tão boas que, sem saber perdê-las, acabamos nós, pobres homens, no álcool, no surto e às vezes na cadeia.

As mulheres não querem que saibamos; mas eu, que contemplei a verdade, sei e vos afirmo:

A mulher é bruxa, portal do diabo.

A mulher é tragédia, loucura e escárnio.

A mulher é tão terrível perdição, que, mesmo tentando, não se pode fugir dela - e por isso todo homem, pela própria natureza, está condenado. 

Quase tanto quanto o homem, a mulher é uma tragicomédia anunciada...

26/04/23

Ideólogo do Amor

 

A palavra vulgar
Que me vem sem cessar
Descreve coisa amiga
A boceta da mulher
Que coisa mais querida!

Palavra que não pode faltar
Sem boceta a poesia vai acabar
Evoco a boceta
Pois há nela beleza

Tinha vergonha de dizer
Que gosto de mulher pelada
De putaria e sacanagem
De gemidos e secreções íntimas
Passou a vergonha
E digo agora

Quero boceta
Proclamo a boceta
Defendo a boceta
Prego a boceta
Sou o rei da boceta
Filósofo da boceta
Ideólogo da boceta

Sou inconformado
Revolucionário
Prego boceta para todos
Boceta limpinha
Cheirosinha
Depiladinha
Bonitinha
E grátis!


19/04/23

Tétano no Coração



 
Amizade em crise. Antes do bloqueio: Marina bonita, Marina culta, Marina inteligente, Marina autêntica, Marina singular. Depois do bloqueio: Marina desgraçada, Marina insensível, Marina vaca sagrada, Marina diamante, Marina deusa. Deusa não, deusinha. Deusinha de um metro e um biscoito, vestindo preto no calorzão de um sábado, quase gótica, cabelos muito pretos, pele branquinha branquinha, pálida feito a Murta-Que-Geme, porque Marina não pega muito sol. Marina, minha amiga do coração triste e ferido, transpassado pela lâmina da rejeição e do "não entendo".

Amigo ajudador, metido a sabe-tudo, eu vi a ferida aberta, pensei vou ajudar, plano arriscado, muito arriscado, intuitivo, mas por Marina vale arriscar, amiga a quem quero bem, afeto grande. Arrisquei. Falei com o Monstro do Passado de Marina. Queria bater nele, subjuga-lo, dominá-lo, mas não tinha esse poder. Melhor outra abordagem. Negociar, pedir, persuadir. O Monstro tinha forma de gente, talvez tivesse coração. Falei com o Monstro de Marina. Descobri que era mesmo monstro: não tinha coração; pedra pura e dura no peito. Homenzinho insensível, não ajuda, não se importa, deixa minha amiga sofrer. Tentei ajudar mas deu tudo errado, subestimei o monstro - achei que era homem mas era bicho. E agora Marina magoada, a ferida dobrada, a vergonha, a timidez, o coração agora dói muito e dói mais. Reativei dor antiga, fiz ativo um sofrimento vulcânico que adormecia. Culpa minha. Marina antes apenas não entendia, agora sofre mais e tem a quem culpar. O culpado: eu, com meu plano besta.
 
Pior: a dor é tanta que a afasta. Marina não mais amiga, mandou-me às favas, eu que me calasse, eu que me afastasse. Nosso contato bloqueado, seu carinho negado; agora  a raiva dela, o dedo indicador, o afastamento, a rejeição a mim e ao meu plano bem intencionado e idiota. O amigo idiota, por que foi se meter? Ficasse quieto, não era da sua conta. Deixasse o monstro lá, quieto, na dele. Só fiz piorar as coisas. E agora Marina sofre, sozinha. E eu sofro também: pelo sofrimento dela e pela culpa que agora sinto.
 
Que faço, Marina? Sem te poder salvar, que faço? Tu te salvas de mim, tu te afastas. E eu, Marina? Quem de ti me vai salvar? Esta minha culpa, esta minha dor, este meu arrependimento, até quando?
 
Puna-me, Marina, puna-me por favor. Pega um punhal do Tranca Rua e esfaqueia o meu peito esquerdo. Uma, duas, três facadas sinistras, que é número místico a me amaldiçoar os sentimentos. Se for isso brutal demais para tua alma cristã, faz diferente; pega um velho colt enferrujado, toma distância e atira no meu coração, quero nele um furinho feito por ti, bem redondinho, uma dor insuportável por ti provocada. Quero uma bala velha e também enferrujada, que é para ensejar tétano no coração, forma poética de adoecer. Ou, talvez, melhor o chicote: aproveita  minha cor negra, minha devoção ao feminino, minha resignação estoica - e  faz de mim um escravo, Marina. Dê-me cem, quinhentas, oitocentas, mil chibatadas! Vinga-te da minha bondade idiota, dê-me uma bondade cruel. Puna-me, Marina, puna-me por favor, por caridade, por compaixão, por sentimentalismo!
 
Não te afastes simplesmente, não me deixe sem algo teu. Dê-me algo, mesmo o teu ódio, mesmo o teu sadismo. Pois hei de aceitá-lo com ascetismo e fidelidade, porque se é para a tua satisfação, o meu martírio é uma bênção e um dever. Deita o meu corpo numa cama de faquir, cheia de pregos, e caminha sobre mim: põe de fundo A Cavalgada  das Valquírias e com teus lindos pezinhos de princesa erudita executa uma gloriosa dança cigana sob a minha carapaça, olha vitoriosa nos meus olhinhos úmidos e arrependidos enquanto a minha carne se afunda, se corrompe e sangra entre pregos. Então diz, maravilhada, emocionada, que sou bom amigo, que me sacrifico, e que ao me punir me perdoa. Diz que entende, que não tenho culpa de te querer bem e nem de ser idiota e tentar o improvável. Puna-me, Marina, puna-me por favor. Puna-me por afeto, por pena, por dó.
 
Faça-me gastar uma fortuna com as formigas mais perigosas do mundo, egressas da nossa selvagem Amazônia, bestas cuja picada dói até mais que um tiro. Faça-me encher uma piscina com elas, manda-me então nadar inteiramente nu, e eu irei. Não posso imaginar quanta dor, quanto sofrimento, quanta mutilação. Ah, mas se essa minha dor te fizer feliz,  se te arrancar um sorriso, que dia maravilhoso, que vida maravilhosa, que conquista!  Faça o que for, mas não te fechas, Marina.  Abre o teu coração para essa nova dimensão do afeto; descobre em ti o mal que liberta, o mal que purifica.
 
Puna-me, Marina, puna-me, queridinha, puna-me, meu amor. Puna-me com fervor e com justiça. Derrama o meu sangue na terra, enriquece a minha vida com o teu mal, porque, se ele existe, é melhor aplicá-lo em mim do que em ti. Quando, em tenebrosas horas tardias, a auto violência te assolar o pensamento, lembras deste aqui, teu bode de expiação. Impõe a mim o sofrimento físico, porque , mesmo sendo de outra natureza, nos fará cúmplices na dor. E de ti eu só quero a cumplicidade. Se em ti gerei dor, de ti mereço recebê-la. Puna-me, Marina, puna-me, minha amiga. Puna-me por piedade, puna-me por gentileza, puna-me por  favor.

12/04/23

Rosa, a vizinha


Não é puta
Não duvido que seja anjo
O corpo de uma rosa
Desproporcional e torta
Quer muito me dar
Mas não transo nem por grana


Bonita por dentro e feia por fora
Feia como bruxa
Mas uma bruxa santa
Feia e virtuosa
Quer muito me dar
Mas não transo nem por grana

Fez salgadinho
Para este vizinho
Boa e caridosa
Queria dar-me era a xota
Aceitei os salgados
Recusei a bichana
Não transo nem por grana

Cumprimenta-me ao sair
Cumprimenta-me ao chegar
A genitália inquieta
Me querendo acolchoar
Mas eu não transo
Não com ela
Não transo nem por grana
E não lhe afano a bichana


29/03/23

A Culpa é da Marina


Gostei muito de Dona Marilene. Seu temperamento expansivo, sorridente, transbordava afetuosidade. Devia ter lá os seus cinquenta e tantos, talvez sessenta - idade sem importância, pois que vigor, que energia, que brilho no olhar. Toda bom-humor, divertida, moleca, beijou-me o rosto fazendo trocadilho com o doce ("beijinho"); depois repetiu a galhofa em Juan, que lhe era como um neto. Eu os conhecera apenas há algumas horas. Quem diria que, sábado pela tarde, um calor daqueles, eu estaria numa festa infantil, entrosado com um roqueiro e admirando o afeto cósmico de uma avó.

A culpa, é claro, foi da Marina Lemos. Não fosse por ela eu jamais teria saído de casa. Passaria o sábado enfurnado, tentando estudar, lendo livros e ouvindo Manu Chao nos intervalos. E sim, eu percebo a ironia: John Ramalho, o eremita que gosta de Manu Chao. Logo ele, o eterno viajante e autor dos versos: "Me chamam de desaparecido/Fantasma que nunca está/Me chamam de desagradecido/Mas essa não é a verdade/Eu levo no corpo uma dor/Que não me deixa respirar/Levo no corpo um castigo/Que sempre me põe pra caminhar". John Ramalho, inconsistente, contraditório: gosta da lírica de quem viaja, mas não gosta de viajar.

Mas preciso falar dela, a culpada: Marina Lemos. Sobrinha do ex-prefeito, ex-namorada de um dos meus amigos mais eruditos e licenciada em letras-grego. A rotina de nossa amizade consiste em três constantes: 1) dar rolês aleatórios, 2) passar eras sem se ver e sem se falar e 3) se reencontrar por acaso e voltar a dar rolês aleatórios. A aleatoriedade, devo dizer, vinha toda dela. Eu talvez gostasse porque era um desafio ao meu jeito tão metódico. Com a Marina eu não sabia o que iria acontecer ou quem iríamos encontrar, o que era horrível, agonizante, mas interessante também.

Eu em casa, o telefone toca, olho e vejo que é Marina. "Ou está ligando por engano ou vai me chamar para algum rolê aleatório bem em cima da hora" pensei.

- Oi Jônatas, tem compromisso hoje à tarde? (Marina é uma das poucas pessoas no mundo que ainda me chama por meu nome de batismo. Coisa de quem me conheceu há dez anos, imagino.)

Escuto a voz de contralto dela e passo a me sentir muito importante. Vem a tentação de esnobar, dizer não, bancar o difícil. Por que sair nesse calor? Não, não vou.

- Oi, amor da minha vida. Provoco.

- O quê? Eu te enviei vídeo? Marina, sem me entender.

Não sei por que, mas com ela é sempre assim, bastam poucas palavras e um de nós já está passando raiva com o outro.

- Não, eu disse "amor da minha vida". Explico, de mau-humor.
- "Amor da minha vida"? Nossa, que infantil.
- Você acha "amor da minha vida" infantil?
- Acho.

Marina tinha essas opiniões esquisitas. No passado eu a apelidara "Luna Lovegood", por causa de sua excentricidade charmosa, como a personagem de Harry Potter. O divertido é que, antes de mim, outros amigos dela já haviam notado a semelhança e carimbado o mesmíssimo apelido. Marina: duas vezes Luna Lovegood.

- Olha, depende, Marina. Largo meus compromissos se você me convidar para algum rolê indecente.

Ela bufa, mau-humorada. Mas logo se acalma e, meio relutante, pergunta:

- Quer ir numa festa de criança comigo?
- Festa de criança? Indago, incrédulo.
- É. Ela responde.

Enchi os pulmões de ar e preparei meu sermão para dizer que não fazia nada que não fosse planejado, pensado com antecedência, premeditado, infinitesimamente calculado. Mas quando fui falar, ela me quebrou:

- Pô, é que eu tenho que ir, mas não quero ficar lá sozinha.

"Sozinha". A palavra ecoou e, de um jeito inesperado, me tocou. Marina era amiga, e amigos fazem companhia a amigos que precisam de companhia, certo? Certo, certíssimo - bonito até. E foi assim - pelo fascínio estético de cumprir meu dever como amigo - que, num sábado calorento, eu abandonei meus diligentes estudos, leituras e meu Manu Chao para dar um rolê aleatório com a Marina Lemos numa festa infantil, na casa de quem eu nunca havia visto, sem saber se seria bom ou ruim, chato ou divertido.

Para não sair no prejuízo, fiz uma condição: Marina deveria ler minha última crônica, analisá-la e me dar uma opinião sincera. Ela disse que leria na festa. Se ela diz, eu confio. Confio nos meus amigos. Tenho amigos para poder confiar em alguém.

Solícito e benevolente, eu a acompanhei até a festa. Fui esforçado: sorri para gente desconhecida, socializei, conversei, fiz piadas, conheci gente agradável e saí de lá sem cometer infanticídio, mesmo diante de tanta algazarra infantil e infernal. Fiz minha parte.

E Marina?

Marina nem leu minha crônica.

Cheguei em casa me sentindo meio idiota e um tanto irritado. Marina não cumprira o acordo, fiquei chateado. No entanto, meditando a respeito, percebi meu apego exagerado ao texto, minha volição comunal em compartilhar com amigos, ouvir deles opiniões. Antigamente a mera sugestão de precisar da atenção alheia já me soava ofensiva. Hoje, porém, reconheço a verdade: não fosse o afeto dos amigos e entes queridos, nenhuma literatura (nem mesmo esta subliteratura) me seria possível.

Mesmo assim, ao escrever esta crônica, na primeira versão, ainda colérico, pus nela um ultimo parágrafo rancoroso e um tanto ofensivo. Nele eu dizia a Marina uma crueldade; vileza grande, coisa imbecil que, sei bem, a magoaria. Foi cruel mas foi ótimo. Limpou-me a alma, exorcizou o sentimento tenebroso, deu um tom final triste e trágico. Uma beleza, e como o pessimismo está na moda, os leitores adorariam. Pena que eu não gostei. (Como sou mercenário, estou cobrando 50 reais pelo parágrafo proibido, desde que ninguém o mostre à Luna).

Marina não leu a outra crônica, mas leu esta. Deu risada, divertiu-se. Disse que Dona Marilene é mesmo incrível, que ficou feliz pela amizade que fiz com Juan, pelo meu esforço na socialização, e declarou que foi a melhor crônica que eu já escrevi na vida. Equivoca-se, claro, pois é apenas a terceira que ela lê.

Um pouquinho ainda de raiva de você, Marina. Tu é esquisita. Duas não: três, quatro, cinco vezes Luna Lovegood. Esquisita, mas amiga.

Não só pela minha raiva, mas também por esta crônica: a culpa é da Marina.

01/03/23

Notinha #9: A mulher é mais prática que o homem

A ideia das mulheres como idealistas e sonhadoras é falsa. Uma deturpação equivocada dos autores românticos, culpa de Rousseau, de Byron e de outros sentimentais.

A mulher, em geral, é bem mais realista e pé no chão do que o homem. É tão raro ela sacrificar-se por um ideal etéreo quanto é raro ao homem não olhar a bela bunda que vai dobrando a esquina.

O alto senso de realidade fornece às mulheres uma percepção profunda dos perigos e fragilidades da vida humana, o que lhes infunde o inesgotável desejo de segurança e estabilidade.

Pelo contrário, os homens admiram os idealistas, os sonhadores, os mártires e seus mundos abstratos. Criam um ideal e apressam-se a julgá-lo mais valoroso que a realidade. Não é o caso das mulheres, que com espantosa frequência preferem os realizadores, que sabem o que fazer e quando, que conhecem o mundo como ele é, não como supostamente deveria ser.

15/02/23

Rapazes, aprendam:



A grande diferença entre os rapazes da geração atual e das anteriores é que os jovens do passado, muito justos e parcimoniosos, aprendiam a desprezar as mulheres somente depois de conhecê-las e devorá-las; descobriam e apegavam-se ao que de melhor elas podem oferecer, queriam mais, ficavam dependentes, e assim o desprezo jamais os tomava por completo.

Já os moços da atualidade, cegados pela inadequação social, desprovidos do conhecimento das leis da canastrice e da patifaria, empunham a catastrófica bandeira de que o melhor é desprezá-las antes mesmo de lambuzá-las. Alguém deveria adverti-los que seu objetivo é nobre, mas seu sistema incorre em fatal equívoco; peca na disposição dos elementos. Amar primeiro; desprezar, depois.
Tu, jovem mancebo, filho destes tempos sojados, escutai com atenção as palavras do profeta: Primeiro, mamai nas tetas e nas bocetas; depois, quando estiveres falido e fodido, de tanto esbanjar as economias em orgias olimpianas com as mais belas e mais vendidas, maldiga o gênero; faça-o com retórica empolada, citações eruditas e o bom e merecido ressentimento. Mas faça na ordem correta. Depois, terás o direito ao desprezo. Antes, não.

28/12/22

Relações duradouras têm pouco a ver com amor



É raro que um casal fique junto, durante um longo período de tempo (leia-se mais de trinta anos), por amor. Pode acontecer? Pode. Mas é raro. O amor faz querer casar, ficar junto e até mesmo separar-se de alguém, mas não dá o que é necessário para conviver, domesticamente, a longo prazo.

Isso acontece porque o amor é um bem sujeito à lei da utilidade marginal. Noutras palavras: a quantidade de prazer, satisfação e desejo de proximidade que ele gera decaí com o uso.

O que realmente faz um casal ficar unido por muito tempo - até mesmo quando a paixão e o amor já se esvaíram - é uma série de outros elementos, dentre os quais se incluem: dependência afetiva, necessidade, hábito, medo de mudança brusca e medo da perda de vantagens já obtidas (o ser humano é mais reativo diante da possibilidade de perder um privilégio do que da possibilidade de ganhar outro).

Daí que não se deve confundir as coisas. Se você tem mais de trinta anos de casado, já está de saco cheio da sua esposa (e ela de você). Mesmo que vocês ainda se amem, esse amor é bem menos poderoso, em termos de coesão, do que era no início. No entanto, devido aos outros motivos citados, é grande a tendência de que vocês continuem juntos, mesmo que, lá no fundo, ruminem outras possibilidades. 

Se soubesse disso quando adolescente, eu teria entendido porque meus pais viviam falando em se separar, ou viviam reclamando um do outro, mas nunca se separavam.

                                                                   
                                                                  ***

   Texto originalmente publicado em perfil antigo no Facebook (em 2016 ou 2017).