Existe na Filosofia um conceito altamente sofisticado e preciso que descreve gente com cabelo colorido e tatuagens por todo o corpo. Chama-se: Abominação Estética.
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22/02/23
Notinha #8: Filosofia e Tatuagens
15/02/23
Rapazes, aprendam:
A grande diferença entre os rapazes da geração atual e das anteriores é que os jovens do passado, muito justos e parcimoniosos, aprendiam a desprezar as mulheres somente depois de conhecê-las e devorá-las; descobriam e apegavam-se ao que de melhor elas podem oferecer, queriam mais, ficavam dependentes, e assim o desprezo jamais os tomava por completo.
08/02/23
O Artista entre a Técnica e a Inspiração
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"Macróbio" - Arte original de Marlos Salustiano |
Conhecendo as impressionantes obras dos artistas que conheço, não me atrevo a classificar-me como um. No entanto, devo ser razoável e concluir, a partir da minha longeva paixão e prática cultural independente na área, que tenho algo de artista, mesmo que menor, menor, menor.
E assim, por essa breve autoridade de "ter algo de artista", venho cá dizer que a noção de que há um dilema artístico entre o trabalho técnico e a inspiração súbita é, no mínimo, falsa. Sendo ideia perigosa, porque restritiva.
Todos os elementos que entram na fórmula para compor um bom trabalho artístico são elementos da maior importância, indispensáveis. Não há inspiração que dê bom resultado se não houver, por parte do artista, o domínio técnico: e não há domínio técnico que transpasse o formalismo se não houver inspiração, honestidade, autenticidade e um pouco de "alma". É como o que eu já disse sobre Nick Cave: que é ateu, mas tem alma.
Ao grande artista, ou ao que se pretende tal, quase todo recurso é igualmente bem vindo. Outro dia mesmo deparei-me com conselho de um autor que muito estimo: dizia ele que uma boa dica para escritores é aprender pintura, porque, na visão dele, é fundamental na ficção a concretude, o domínio dos pequenos detalhes da composição de uma cena, como de um quadro. Em outras palavras, a recomendação era aprender algo de outra arte para, com o aprendizado, enriquecer os recursos da sua arte. Ele falava em expansão, não em restrição. Restrição é palavra perigosa em Arte.
Além disso, a contemplação da habilidade técnica alheia nos pode inspirar e o estado mental de inspiração pode nos estimular o treino e desenvolvimento das habilidades técnicas. Lembro quando, em 2014, numa exposição no CCBB do Rio de Janeiro, desfrutando a companhia do mestre Marlos Salustiano, apreciei, encabulado, o resultado dos estudos técnicos de Salvador Dalí. Achei absurdamente inspirador a devoção do pintor espanhol ao estudo das técnicas dos gênios que o haviam precedido.
Ainda sobre minha inspiração, sei que a noite me inspira, que determinadas músicas conduzem-me a certo estado de espírito, que o isolamento me é favorável, e bem sei usar isso em minha produção, entram como recursos para alterar meu estado mental. Não fico esperando que uma bela filosófica vá cair do céu, com divina nudez, em meu quarto, a me inspirar e provocar tamanho êxtase que me leve a intuir os segredos do estilo perfeito. Nada disso: a ideia de inspiração como um estado espontâneo, recebido, passivo, quase divino, oriundo dos cantos sedutores das ninfas, é caricatura. Só alguém que já exercitou muito a técnica pode chegar a mais alta inspiração, e só quem dominou a técnica pode ir além dela. A inspiração é um estado ativo, que é estado a ser construído. E como tudo que é construção, dá trabalho.
Talvez a decadência da arte brasileira dita popular tenha se dado, em parte, justamente porque os artistas contemporâneos se deixaram levar pela má filosofia estética de que técnica e inspiração opõe-se. Passaram a considerar a arte como um assunto sentimental, subjetivo, de ordem privada, deixando de lado o estudo diligente da história de arte e o esforço de dominar todos os recursos possíveis.
O resultado dessa mentalidade vocês já sabem qual foi. Toda a gente o pode ver ecoar nas precárias manifestações que hoje chamam de "arte" e "cultura".
***
Nota do Editor: A primeira versão do texto acima foi originalmente publicada como resposta no site Quora.
25/01/23
Notinha #7: A Teoria dos Três Cânones
Tenho a ideia (não sei se alguém já disse isto antes, portanto, não assumo aqui alguma pretensão de originalidade; mas, até onde vai minha ignorância, tomo a ideia como minha) de que a formação de um intelectual alternativo ou livre pensador moderno deveria ter não um Cânone, mas três:
18/01/23
A Lógica dos Coen
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Alguns filmes dos irmãos Coen |
Sempre dizem que os filmes dos irmãos Coen são caracterizados pelo niilismo e pelo absurdo não explicável das situações. Mas eu tenho a forte impressão de que quase todos (ainda não assisti a todos) os filmes da dupla apresentam um mesmo padrão lógico: falam sobre pessoas normais ou idiotas que se acham mais espertas do que realmente são. Que fazem planos apressados para se dar bem com falcatruas, mas ignoram a complexidade da realidade, sendo incapazes de suspeitar dos desdobramentos inusitados de suas ações.
11/01/23
Morpheus na Netflix
Sandman virou série na Netflix. Boa parte dos nerds saudosistas ficaram entusiasmados e eufóricos, mas eu pergunto: há real motivo para isso?
Infelizmente não há. A adaptação é fraca, diluída, entediante, com diálogos ruins, totalmente woke* - desnecessário para uma história que já era repleta dessa ideologia. Tiraram a maior parte do peso filosófico, do existencialismo melancólico (quase misantrópico) e do caldo de referências literárias e culturais que eram a perfumaria da HQ. A série, infantilizada para atingir maiores audiências, carece do brilho do cultuado gibi de Neil Gaiman; apesar da boa caracterização do protagonista e de que, sim, eu também acho legal ver o trevudo gótico e temperamental mestre dos sonhos (plágio descarado de Elric de Melniboné) numa versão "live action" com bons efeitos especiais.
Esse, porém, não é o único motivo. A atualização da história de Morpheus dos Perpétuos inevitavelmente provocará uma corrida ao ouro: assim como aconteceu a The Boys e The Walking Dead, os nerds que são de fato nerds - e hoje para ser nerd no Brasil basta saber ler e gostar de fazê-lo - irão buscar a fonte, recorrendo aos gibis clássicos de Gaiman. Bom para as editoras, ruim para os leitores; porque, a curto e médio prazo, como a cultura woke é a cultura oficial dos universitários e cronistas de cultura pop, veremos pipocar artigos do tipo: "Precisamos falar sobre o Machismo em Sandman"; "O Racismo e a ausência de deuses negros em Sandman"; "A gordofobia na obra de Neil Gaiman"; "Sexualidade, Transformismo e Identidade em Sandman".
E o nosso belo e querido Lorde, aristocrático e transcendente, será sequestrado para o discurso inconsequente de ateus toddynhos psolistas e jovens místicos, o que aumentará drasticamente a probabilidade de eu efetivar meus tão sonhados homicídios em massa num departamento de humanidades de uma boa e grande universidade deste país (USP, eu estou pensando em você!)
Gosto de Sandman e acho tudo isso lastimável. Assistam a série porque ainda assim é interessante e divertida, mas estejam avisados. E percam as esperanças...
21/09/22
Se for falar, que tal falar algo que preste?
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Quem nunca? |
Começo com uma indelicada - mas verdadeira - confissão. Gente com curiosidade e horizonte intelectual pouco desenvolvidos me entedia bastante. Coisa de provocar bocejo e tudo, asseguro.
03/08/22
Um Óculos Para Mersault
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Um simples óculos evitaria o homicídio mais idiota da Literatura. |
Agonia ao reler O Estrangeiro. Que bem faria a Mersault um óculos de sol! (já existia em 1942...)E que mania horrível aquela de "tanto faz", uma indiferença cuja origem só pode ser a apatia ou um germinal niilismo. Sugere o segundo quando, várias vezes, inclusive diante da proposta de casamento, reage com "isto não significa nada", negando o valor das convenções.
Tipinho hedonista e sem ambições, Mersault é motivado sempre por ideias de jerico e pelo seu caráter morno, sem sangue e sem sal. Tipinho que dá nos nervos. Homem sem drama, sem dor, sem paixão. Tem o espectro emocional resumido em duas sentenças: "isto me aborrece" e "isto me agrada". Se lhe cortassem os bagos, era capaz de reagir com:"Tanto se me faz" ou "Aborrecia-me viver sem os bagos".
Mesmo o crime que comete não lhe é fruto da vontade, mas antes de equívoco. Evento descrito numa cena que, aliás, é mal escrita e deficiente em credibilidade: como é que se explica que Mersault, desnorteado e cego pelo calor excessivo, a nove metros de seu inimigo, acerte-lhe nada menos do que cinco tiros?! Falta coerência nesse arranjo: a cena não convence. Ora, àquela distância, nem a navalha do árabe oferecia ameaça e nem Mersault lhe poderia acertar os cinco tiros, visto a sua condição ser a de um fotossensível cego pela luz solar. O mais cabível na cena era que este atirasse aos céus e que o outro, assustado, fugisse.
Ante personalidade tão mequetrefe, entende-se bem o incômodo da sociedade julgadora: que mais se admira da falta de emoção do homem do que propriamente de seu crime.
É dito que essa obra de Albert Camus - considerada indevidamente um clássico - trata da filosofia do autor, que explora o conceito de Absurdo. É explicação leviana e equivocada, uma coisa nada tem a ver com a outra. O Mito de Sísifo é interessante e bem escrito. Em O Estrangeiro, exceto pela cena mal escrita de homicídio, nada há de absurdo no que acontece à Mersault.
Absurdo, absurdo mesmo, é que uma obra tal, tão tímida na forma e tão baixa no conteúdo, seja tão recomendada e tão lida por aí.
A minha vontade de leitor era a de aprender magia negra, ressuscitar Camus, pegar os meus volumes de Celine e Victor Hugo e dar-lhe incessantes bordoadas aos berros de: "Está vendo? É assim que se conta uma história, desgraçado!";"Tome! Sinta! Sinta, desgraçado! Sinta na pele a Literatura de gente!"
Concluo com o meu preconceito: quem nasce argelino, jamais chega a ser francês. Nasce pobre e faz pobre a literatura. Uma literatura, assim, sem o L maiúsculo.
10/05/22
Notinha #3: A Beleza da Fé
Vemos com desconfiança a crença na inexistência de um Deus consciente e criador porque ela viola a comum intuição de uma hierarquia cósmica entre os seres, as dimensões e as consciências.
07/05/22
Notinha #2: É melhor nem ler...
Decidi, à partir de hoje, não mais ler análises e artigos sobre a educação no Brasil. É tudo muito repetitivo, as observações e conclusões são sempre as mesmas: nossa educação é ruim, nossos professores são despreparados e mal remunerados, nosso povo é ignorante - pra não dizer estúpido - e não há perspectiva de mudança sem intervenção política inteligente, bem informada e atenta às necessidades nacionais e locais. Ou seja: essa merda toda nunca vai mudar. Problema sem solução.
É mais fácil acreditar no sol parando, ou na cobra falante do Éden, do que acreditar que os brasileiros um dia serão educados, articulados, cultos, escrevendo com correção e lendo livros relevantes. Isso seria mais milagroso do que todos os relatos fantásticos das escrituras ditas sagradas. Ora, o espírito do brasileiro é profundamente farisaico e mesquinho. Nada, nem Deus, é capaz de salvar os brasileiros de si mesmos. Nada salvará o Brasil. Talvez um dilúvio, ou um vesúvio...
Notinha #1: Falta educação...
Aqui no Brasil, na vida em sociedade, muitas coisas seriam mais fáceis - e uma quantidade magnífica de problemas seriam evitados, se as pessoas recebessem educação apropriada.
16/03/22
Mais Estranho Que A Ficção: E mais fácil do que deveria...
Há mais de dez anos, em algum canal de TV - acho que foi na extinta Play TV, passou uma interessante resenha sobre este filme. O enredo parecia inusitado e criativo, promissor, o suficiente para eu querer assistir. Mas o tempo passou e esqueci o nome do filme. Persistiu, porém, a vontade de assisti-lo. Foi só em 2021, no Segundo Ano da Peste, que eu descobri o nome, baixei o torrent e finalmente assisti Stranger Than Fiction.
E então, o filme é bom ou ruim?
Bem... eu não diria que é um filme ruim, mas parece-me que está fadado a ser mais interessante para amantes de Literatura que para o público geral. E sou obrigado a escrever isso pois existe um grande problema no desenvolvimento da obra: as relações acontecem com mais facilidade do que deveriam. Quero dizer: as reações e comportamentos dos coadjuvantes não são verossímeis.
Vejamos: (1) a secretária, uma negra norte americana, é demasiado complacente com a escritora em crise, quando o esperado seria que brigassem e não se suportassem - afinal a escritora inglesa é terrivelmente arrogante e autocentrada, ao ponto de irritar o expectador. Pessoas vividas sabem que os negros norte-americanos não levam desaforo pra casa, logo; uma mulher negra americana sendo destratada por uma inglesa metida soa ridículo e inverossímil; (2) o professor de literatura decide passar o tempo tentando descobrir de quem é a voz narrativa que o protagonista escuta, mas faz isso sem ter nenhum bom motivo, simplesmente aceita a história fantástica de um desconhecido que possivelmente é esquizofrênico; e (3) a confeiteira esquerdista trata afetuosamente o protagonista, sujeito que ela detestava, e vai além, apaixonando-se pelo mesmo, que aliás é morno, monótono, burocrata, sem beleza e que em nada tem a ver com ela.
A piada é que, com isso tudo, o expectador fica com a sensação de que são os coadjuvantes que fazem parte de um roteiro invisível e abusivo, no qual são privados de autonomia e necessariamente devem ajudar o protagonista. É claro que os coadjuvantes precisam se comportar como se comportam para que a trama vá para frente - esse não é o problema. O problema é que suas motivações ou não existem ou são mal explicadas e não convencem.
Os que gostam de Literatura e de obras relacionadas, especialmente se possuírem interesse em gnosticismo hollywoodiano, poderão dar um desconto e focar na boa atuação de Will Ferrel e Emma Thompson.
Assim, Stranger Than Fiction, na opinião crítica deste blogueiro metido a cinéfilo, está longe de ser um grande filme e é apenas divertido e ligeiramente engraçado. Numa comparação qualitativa, eu diria que fica uma estrela abaixo de The Professor (2018), filme que tem ritmo semelhante e intensidade igualmente amena, mas com a vantagem de possuir personagens com justificações convincentes.
Para não parecer chato demais, vale dizer que a atuação de Emma Thompson como escritora está magistral, convincente e charmosa.
Dei ao filme duas estrelas e meio no Filmow, onde originalmente publiquei este comentário. Considero que três estrelas sejas bom, portanto, duas estrelas e meio seria algo como quase-bom.
15/03/22
O Sacrifício do Cervo Sagrado: Um Filme Estranho, Bom e Sinistro
Há filmes estranhos e engraçados, que incomodam pelo absurdo, como O Grande Lebowsky (1998) e Quero Ser John Malkovitch (1999), e há filmes que provocam incômodo pelo realismo sombrio com o qual abordam seus temas, como O Operário (2004) e A Caça (2012).
10/03/22
Do Biquini à Piriquita: a ascensão do Kitsch nas metamorfoses da canção “Tédio”
09/02/22
Argumentos são discutíveis, opiniões não...
Uma opinião (exceto a tal ‘opinião bem fundamentada’, que muitas vezes é, na verdade, um argumento) é apenas uma escolha arbitrária de ideias fundamentados nas preferências individuais de alguém. Opiniões, em geral, surgem de fatores menos conscientes; como gostos, preferências, propagandas bem assimiladas, informações soltas que pegamos por aí e, claro, os famosos pré-conceitos.
Já os argumentos surgem de análise, reflexão crítica, raciocínio lógico e informação a respeito do assunto.
É quase impossível chegar num resultado quando debatemos considerando apenas opiniões. Há muitos casos clássicos dessa dificuldade. Vejamos um problema estético. Minha namorada acha lindas algumas candidatas do American Next Top Model, enquanto eu acho todas uma magrelas-cadavéricas-sem-carne-pra-apertar.
É óbvio que temos preferências subjetivas estéticas bem diferentes. Por isso é completamente nonsense discutir qual preferência é melhor sem critérios objetivos para julgar. E nem eu nem ela temos lá bons critérios objetivos pra julgar esteticamente. Ora, nós nunca nos informamos a respeito desse assunto, por isso sei que me encontro incapaz de debater dignamente sobre o tema.
A consequência é que nós até conversamos, mas jamais debatemos a esse respeito. Por outro lado, conheço um mínimo sobre filosofia pra oferecer argumentos contra o relativismo moral ou a dialética marxista, e um mínimo de economia para compreender os problemas a respeito da teoria da exploração e julgá-la como ultrapassada e equívoca. São conhecimentos e informações que adquiri com algum estudo, análise e dificuldades. Estou certo que ainda tenho muito a aprender e muito o que aprimorar (aliás, sempre terei), contudo, o fato é que, para o bem ou para o mal, me informei um mínimo do mínimo sobre tais assuntos, o que me permite oferecer alguns argumentos aos invés de meras opiniões.
Infelizmente, porém, tenho me deparado com pessoas — muitas vezes inteligentes e queridas — que se ofendem quando deixo claro que não posso levar a sério suas opiniões, uma vez que, pelo que dizem, fica patente que não estão informadas sobre o que estão falando.
Por motivo que me escapa, imediatamente sou tomado como um tipo de maníaco dogmático dono da verdade. Se explico o porquê não posso concordar, meus argumentos são tomados como opinião; se mostro as culminâncias bizarras de algumas ideias, meus ditos são levados para o campo pessoal e sou acusado de praticar argumento ad-hominem.
Porém, curiosamente, quando converso com pessoas minimamente informadas (ou mais), recebo elogios, compreensão e aprendo o que está equivocado na maneira de pensar deste ou daquele autor ou neste ou naquele argumento, e se critico determinadas ideias, me recomendam livros com uma abordagem mais esclarecedora ou com certa desconstrução de mitos.
O mais triste é que as pessoas que se ofendem com o que digo preferem me considerar um mau-caráter metido a sabichão do que pesquisar sobre o que falei. É realmente uma pena, pois “a verdade continua sendo verdade mesmo quando dita por um louco”. E eu, que sou completamente pirado, tenho apenas duas qualidades e quinhentos quatrilhões de defeitos. É notável que sou debochado, escroto e auto-complacente, mas se estou errado ou certo no que digo, isso só pode ser descoberto analisando O QUE digo e não o COMO digo.
Sendo sincero, embora me impressione negativamente o fato da maioria das pessoas — inclusive alguns bons amigos — desconhecerem a diferença básica entre opinião e argumento, felizmente já aprendi que, no país do homem cordial, tudo é levado para o lado pessoal, de modo que há coisas que você realmente não deve falar.
De qualquer modo, seria bom que as pessoas soubessem que opinião não se discute, mas argumento sim.
12/01/22
Estoicismo e Política
Busco de Marco Aurélio, o Imperador Estóico |
Se há um juízo que considero verdadeiro é a noção de que, neste mundo em que vivemos, TODAS as coisas boas - o amor, a amizade, a lei, a honra, a honestidade, a justiça, a moral, etc - são extremamente frágeis e demandam de nós um esforço colossal para serem mantidas sem perderem a essência.
Diante das loucuras e incongruências humanas o socialista irá se deprimir e propor 'um outro socialismo' e 'um outro homem', o liberal vacilará em sua crença no progresso e na ciência, já o conservador, estóico, se limitará a dizer o seu ponderado "eu avisei".
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Nota do editor: o comentário acima foi escrito em 2015 e originalmente publicado no Faceboook.
29/12/21
Educação e Crescimento do Pênis
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O lendário Daniel Fraga |
Durante dois anos, senti-me como Immanuel Kant se sentiria se fosse obrigado a viver entre galinhas, que são, como diz meu irmão, os bichos mais burros que existem. A burrice, no meio onde fiquei, era tanta, mais tanta, que cheguei a me sentir primeiro um sujeito esperto; depois, inteligente; e, por fim, um gênio de capacidade incontestável.
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O pobre de mente |
Nesse lugar, superabundavam os pobres de mente. Pessoas que são incapazes de compreender a função de um livro, ou o prazer do aprendizado, ou de qualquer coisa que exija algum grau de abstração pós-primário.
Nesse antro, um sujeito me questionou certa vez o porquê eu lia tanto. Pensei que era impossível explicar sobre educação àquela criatura. Então, respondi apenas que gostava e que aprendia como o mundo funcionava. Dizendo também que, caso ele se interessasse por algum assunto, ler a respeito poderia informá-lo e esclarecê-lo.Ele, brilhante, filosoficamente me respondeu:
“Ah, fala sério, ler não vai fazer minha pica crescer!”