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16/09/23

Não Era O Que Parecia





Pessoa que até a véspera nos tratava amigavelmente. Sorria, falava. Demonstrava interesse em manter conosco a boa relação, e depois surpreendeu virando a casaca: riscou o fósforo do desencontro para acender a dinamite do silêncio. O efeito, uma explosão de energia negativa. Antes, sua conversa receptiva sugeria uma conexão que, no futuro, continuasse tudo constante, daria em agradável amizade. 

Ser humano a quem nos abrimos, e a quem procuramos ajudar, aceitando com zelo o autoimposto dever do amigo. Imaginávamos, é claro, ser de confiança. E ao revelarmos elevada disposição afetiva, esperávamos tudo, até que risse de nós, os românticos do afeto; o que não esperávamos nunca é o gratuito desdém, o desprezo, a falta de consideração.

Diante de tamanho descaso, que podemos fazer? Como em tudo o que não podemos mudar, deve-se aceitar o ocorrido e refletir, buscando compreender o que de fato aconteceu. E, claro, aprender a evitar esse tipo de situação no futuro.

Eu sei, nós sabemos: há instabilidade no comportamento humano. As pessoas mudam: crenças, atitudes, ideias e sentimentos. Há em cada um de nós caprichos, defeitos, idiossincrasias, preconceitos, ansiedades e sentimentos não declaráveis. Algumas pessoas são mais volúveis, outras mais estáveis.

Vale entender que é possível uma relação muito agradável sem que exista de fato uma amizade. Isso porque, via de regra, as pessoas não expressam diretamente a desimportância que podem dar a alguém que consideram divertido, agradável, inteligente e gentil. Sem expressar verbalmente, tendem a demonstrar em atitudes negativas; descumprindo acordos e não honrando as próprias palavras. Também as pessoas não se revelam por completo. Podem mostrar uma coisa e pensar outra. Ao tratá-las de forma agradável e amigável, elas tendem a responder de igual forma, o que não implica, necessariamente, em amizade.

O amigo é aquele que já conhecemos o suficiente para nele confiar. O amigo é definido pelo grau de confiança, previsibilidade, cumplicidade e experiência que temos com ele, não pelo tamanho de nossa atração ou disposição afetiva. Não importa o quão elevados sejam nossos sentimentos por uma pessoa. Por mais querida que ela seja, nosso sentimento isolado não é suficiente para compor amizade. O que importa é o modo como ela nos trata: se nos valoriza ou não. Se nos valoriza e respeita, como a valorizamos e respeitamos, então a relação vale à pena. Se nos trata com desdém, o melhor é nos afastarmos.

Esse desapego afetivo pode ser doloroso, mas exercê-lo é se livrar de uma dor ainda maior: a que viria caso tivéssemos alimentado a relação, pois estaríamos nos iludindo, e quanto maior o apego, maior a frustração. Fato é que nem todos que apreciamos podem nos conceder a atenção e estima que precisamos. Eis o mundo como ele é. Portanto, quando percebemos que alguém de quem gostamos não nos valoriza, é mais inteligente desapegar e se afastar o quanto antes. Não é apenas questão de orgulho, mas de saúde mental e moral. A regra é simples: não existe amizade sem reciprocidade.

É nas atitudes que reconhecemos quem são as pessoas confiáveis, que devemos incluir como amigos, e quem são aquelas que, embora eventualmente agradáveis, não se importam de verdade conosco. O discurso mascara, mas as atitudes revelam. Aquele que nos diz "sou teu amigo", mas não age como tal; é sempre traiçoeiro e perigoso, porque fomenta em nós expectativas que jamais se poderão concretizar. Mais leal é um verdadeiro inimigo, que deixa claro a sua indiferença e não cria conosco uma relação dupla, mostrando uma face e agindo com outra. Vale mais esse inimigo franco que um amigo aparente.

Encontramos na vida pessoas cordiais, receptivas e agradáveis que parecem amigas, mas que, na realidade, são autocentradas, desinteressadas, desdenhosas e no fundo fazem de nós pouco caso. Quando não somos maliciosos e desconfiados, caímos na armadilha das aparências e nos deixamos levar, imaginando termos ganho uma boa relação. Chega cedo a primeira frustração e vemos que fomos enganados, que não eram por dentro o que pareciam por fora. Nesse momento, é hora de sorrir, lembrar que as aparências enganam, erguer a cabeça e continuar em busca de melhores relações.

A vida afetiva é um imenso garimpo: com paciência encontra-se o precioso, mas não vem sempre e não vem fácil; há sempre percalços no caminho. Como já dizia o bardo: "nem tudo o que reluz é ouro".

07/09/22

O Homem Que Perdeu a Mulher Amada



O amor conjugal, quando verdadeiro, só pode culminar em angústia, dor e intenso sofrimento. A união baseada nessa forma de amor engendra no espírito humano uma profunda e irrecuperável dependência. É pesado, é agonizante, é comovente e é trágico o sofrimento do homem que perdeu sua amada, que perdeu sua outra metade, sua razão de viver. Ele chorará com a facilidade de uma criança, mas sofrerá como se o próprio ar lhe aviltasse, como se cada inspiração o envenenasse; e a vida para ele figurará como equívoco, lástima, desvario. 

Desejaria aceitar o capricho divino, mas seu coração não pode, seu amor não permite. Quer a amada a seu lado. Queria antes, quer agora, quererá depois e sempre, sempre, sempre. Mas ele não passa de criatura humana, não tem o poder de ressuscitar os mortos, e a sua fé, mesmo quando grande, não lhe serve senão como consolo. A dor, a intensidade do sofrimento, o fará descobrir que não é verdade que a fé move montanhas, não é verdade que ressuscita os mortos... Descobrirá que não é mais forte a fé do que o fato, de tal modo que lhe consumirá o sofrimento, o sentimeno de perda, o amargor. Para continuar a viver, precisará acostumar-se com o vazio, com a saudade e com o sofrimento. 

Sabemos que o gênero humano, para o bem ou para o mal, é do tipo que se acostuma. Assim, o mais provável é que o homem que perdeu a amada, depois de intenso sofrimento e desilusão, um dia deixará de chorar; e se não deixar de sofrer, ao menos se acostumará a viver com o sofrimento. 

Amar, viver, sofrer... A tudo o homem se acostuma.

17/05/22

Notinha #4: Quatro Anos e Vinte e Sete Notas Depois

Notinha pra não passar batido. Evento da vida afetiva: Morte. Morte Simbólica. Moça que já me foi da maior importância e que, refém do curso da vida, perdeu o significado. Há anos, tinha todo e total; hoje já não tem nenhum (o que poderia ter ela fez questão de jogar fora). Memória específica que me causa algum embaraço e crescente indiferença. Curiosidade autobiográfica. Ironia da vida. Notinha de rodapé.

Amei-a no passado e - sempre no passado-  desfrutei a lascívia de seus florescentes anos de beleza e ardor juvenil. Foram quase quatro anos entre o chororô e o nheco-nheco. Fiz planos. Deu em nada, tudo pelo ralo. Motivos muitos. Diferenças muitas. Insuperáveis. Culpa minha. Culpa dela. Passou o tempo e a lembrança deixou gosto amargo, passou mais tempo e passou também o gosto amargo. Hoje: gosto nenhum na boca, apenas espanto e perplexidade diante da efemeridade de alguns votos e afetos. Hoje: ela me despreza, o que é provavelmente o melhor que já me aconteceu. (Ao menos a mantém afastada).

Curiosos, estranhos, imprevisíveis os rumos desta vida. 

Durante quatro anos, tal memória rendeu-me vinte e sete notas (o dobro, talvez, se incluir as contidas em cadernos físicos, e mais um tanto caso incluia os e-mails não enviados); na verdade: bem mais que vinte e sete notas. 50, talvez. Talvez mais. Escrevi o suficiente. Agora passou a vontade, passou a inquietação.

Notinha última esta, para fins de registro apenas.

11/05/22

O Dia Em Que Eu Percebi Que Era Apenas Um Blogueiro Metido

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— Introdução —

Não é fácil lidar com a realidade, especialmente quando ela nos obriga a reconhecer que nossa posição não é tão lisonjeira quanto gostaríamos. 

Só vem a maturidade quando confrontamos nossas vaidades...

Parte 1 _ Ambiguidade

Sempre me vi de formas diversas e contraditórias ao longo da vida. Tenho meu lado cético, mas também meu lado místico, sou minimamente intelectualizado, mas não chego a ser acadêmico ou cientista; amo ensinar e aprender, mas detesto escola e tenho pavor da carreira de professor; amo as mulheres, mas, desde que uma tentou me atropelar, morro de medo delas.

Por ser uma criatura essencialmente ambígua, fico perplexo quando me deparo com aquelas pessoas com posturas firmes, confiantes, repletas de crenças inabaláveis. Caramba! Como conseguem?

Parte 2 _ Matrix

Nunca fui assim, tenho tanta inveja quanto estranhamento em relação a esse povo. Há certos dias em que acordo, olho para o Merlin (meu gato preto ) e lhe acosso:

“ Confesse, Merlin. Esse mundo é a matrix e você não passa de um dèjá-vu fofinho, pode dizer”.

Então ele dá um miado, como que debochando, e fica me encarando com aqueles olhos amarelos, o que eu evidentemente interpreto como uma confirmação.

“Rá! Eu sabia, esse mundo é a matrix!”

Houve o dia em que fiquei tão fissurado nessa ideia que cheguei a responder, no Quora, explicando um pouco sobre a matrix.

Matrix, de certa forma, pode ser interpretado como a grande metáfora cinematográfica do nosso tempo para as ilusões que fazemos do mundo e de nós mesmos. Ilusões que, via de regra, costumam ser muito importantes para a manutenção da falsa autoimagem que gostamos de construir. Convenientemente falsa, porque a realidade é sempre menos glamorosa que a ficção. Belas mulheres, por exemplo, não soltam peidos na ficção, mas os soltam na realidade (e infelizmente eles não são perfumados).

Mas mesmo que estejamos fadados a nos iludir, felizmente ou infelizmente, os mais autocríticos também estão fadados a perceber e ter que encarar as próprias ilusões. Foi justamente o que aconteceu comigo no dia em que percebi que, longe de ser escritor, eu era mero blogueiro.

Parte 3 _ Pau No C# do Leitor

Há gente que escreve por hobby e sem nenhuma pretensão literária, mas esse não é exatamente o meu caso. Sempre fui polêmico e pretensioso, para o bem ou para o mal. Kafka dizia que um texto deve ser como um soco no estômago. Em outras palavras, deve ser algo que cause alguma reação e impacto no leitor. Não basta dizer uma verdade, as vezes é preciso dizê-la de forma desagradável, e até mesmo leviana. O leitor hoje em dia anda tão entorpecido com literatura best-seller idiota que já perdeu o hábito de refletir, ou mesmo de perceber o quanto a reflexão é importante.

Quando um escritor percebe isso, o dever dele é provocar os leitores, e o escritor pode realizar essa missão dizendo coisas importantes novas e inimagináveis ou dizendo coisas importantes antigas de um jeito novo e inusitado. O importante é incomodar o leitor, não deixá-lo confortável; afinal, um bom leitor é sempre um leitor incomodado, daquele tipo que te enche na caixa de mensagens ou te para na rua para falar alguma coisa daquele seu último texto, nem que seja para meter o malho. (E os bons escritores acham especialmente divertido quando os leitores metem o malho com propriedade).

Parte 4 _ Vaidade Besta

Nesse quesito, provocar a inteligência alheia, provocar reações, em minha recém carreira literária, eu tive algum sucesso, considerável até. Talvez mais sucesso do que um escritor iniciante e metido deveria ter. Tive a sorte de atrair leitores, alguns admiradores, alguns incentivadores e até um certo renome em alguns ambientes. Não quero falar em números, mas imagine ir dormir sendo um blogueiro absolutamente desconhecido e acordar sendo um nome relativamente conhecido numa das maiores plataformas para escritores online.

Foi mais ou menos o que me aconteceu. Um dia eu percebi que minhas iniciativas literárias estavam dando frutos, monetários, inclusive. Não era muita coisa, mas para alguém que achava que iria demorar ao menos uns vinte anos, era muita coisa. E foi então que comecei a querer introduzir um elemento de glamur na coisa. Mas, felizmente, em minha defesa, eu posso culpar uma mulher. Na verdade, duas.

Parte 5_ Golpista Afetivo

Tudo começou numa festa safada numa capital federal. Daquelas festas que as pessoas vão para fazer coisas inconfessáveis com pessoas que nunca viram na vida. E lá estava eu, no auge dos meus vinte e cinco, em minha fase junkie-intelectual, experimentando os prazeres da vida boêmia e da sexualidade desregrada. Conversava com duas loiras lindas, alunas de medicina, e preparava o bote. Conversa vai, conversa vem, uma delas pergunta o que eu faço.

Tecnicamente, na época, eu era um vagabundo profissional, blogueiro, golpista afetivo e psiconauta intelectualizado. Mas eu não respondi com a verdade. O diabo sussurrou a poderosa palavra em meus ouvidos: escritor. Fiquei excitado com aquela possibilidade, me apresentar como um homem de letras, um profissional da palavra, não um iniciante. Nenhuma mulher fica excitada com iniciantes. Não, eu tinha que posar de profissional, de garanhudo literato, e tinha de fazer isso porque era cool, divertido e interessante. E foi o que eu fiz.

Parte 6_ Pacto Com o Tinhoso

Deu certo. E eu peguei as louras. As duas. Assim o pacto com o Diabo foi consolidado. E eu não parei mais. Em qualquer canto que chegasse, dava a carimbada: “escritor”. Como o meu meio social não é o de pessoas letradas (no Brasil nem as classes letradas são realmente letradas), o impacto era fulminante. Todos os olhares se voltavam para mim, todas as atenções. E logo vinham as sugestões: “bem que você poderia escrever um livro sobre isso, ou sobre aquilo”.

Não vou mentir: foi bastante divertido. Mas, para ser franco, algo, em meu íntimo, me incomodava. Pelo simples fato de que, embora eu escreva, ainda não sou um escritor. Nem tenho livro publicado ainda. Sou apenas um blogueiro intelectualizado que conseguiu cativar algum público em alguns ambientes na internet. Blogueiro, futuro escritor. Sou um quase, uma promessa. Se eu terminar meu livro, e publicar, viro escritor. Estreante. Que não é lá grande coisa, mas já é um começo.

Parte 7 _ Blogueiro

“Ué, John, mas blogueiro não é escritor?”

Alguns são, outros não. A maioria não é. Eu não sou. Se for pegar o significado mecânico do termo, então até quem escreve bula de remédio é escritor, pois está escrevendo. Mas se considerarmos o aspecto artístico ou cultural da coisa, ou o caráter intelectual, veremos que nem todo mundo que escreve é, de fato, escritor.

Houve o dia em que percebi isso. Foi o dia em que eu saí da matrix. Foi quando finalmente percebi que só poderia virar um escritor quando reconhecesse que eu sou, por hora, um blogueiro. Um blogueiro interessante e promissor? Talvez. Mas preciso melhorar. Melhorar em muita coisa.

E, claro, preciso terminar o livro que comecei.

Até foi legal fingir que eu era escritor, mas resolvi parar.

Parte 8 _ Escritor Safadinho

É hora de começar a tentar ser um, de fato.

Afinal, ainda há muitas louras, e morenas, e negras, para quem quero me apresentar, e conceder alguns íntimos autógrafos. Se é que vocês me entendem…

20/04/22

Esquizofrenia Afetiva e Impermanência


JHN NES
John Nesh e seu grande amigo imaginário. Cena do filme Uma Mente Brilhante.

 

Ao contrário do que normalmente se supõe, a perda do senso de realidade não é o que distingue os loucos dos sãos, mas justamente o que os aproxima.

Usualmente, o louco é caracterizado pela total ou quase total perda do senso de realidade. O homem comum, contudo, é caracterizado pela  perda sempre pontual e parcial desse senso; perda essa que - diferente do caso do louco - não chega a impossibilitar as atividades do dia à dia, mesmo produzindo grandes angústias e confusões no espírito.

Vejamos: o homem comum é levado, pelo hábito ou pela inércia, a crer na realidade dos laços afetivos que cria tal como é levado a crer na realidade do vento ou das árvores. Na infância, se bem educado, ele aprendeu que o destino das coisas naturais é a finitude. Ele sabe que os ventos mudam de direção, sabe que as árvores morrem. Contudo, por algum motivo, quando os laços afetivos parecem fortes e poderosos, ele quer, ele deseja, ele espera que durem para sempre. Pior: ele conta com isso. Diz frases tolas e, inadvertidamente, em discursos apaixonados, faz uso do "para sempre" ou "de até que a morte nos separe". Ele faz  planos. E sonha. De tal modo que a ilusão se agiganta, tornando-se alucinação. Ele alucina na intenção de fazer perene um estado de coisas que, assim como tudo o que existe, está fadado a destruição.

É quando o laço subitamente se rompe, por um jorro qualquer de realidade inesperada - não é preciso a morte para separar, a realidade já basta - que ele vê a ilusão esquizofrênica ir pelos ares. O que parecia real e perene já não é mais. A realidade concreta, cruel, imprevista, atual, golpeia, viola, zomba do que ele julgava a realidade efetiva. E pela primeira vez o homem comum se sente obrigado a indagar-se sobre a natureza das coisas, sobre a natureza da realidade, das relações, dos afetos. Ao refletir sobre o contraste entre a realidade esperada e a realidade vivida, chega, enfim, à metafísica. Levanta questões: "Que é, afinal, a realidade? Que devo esperar dela? Como posso ter me iludido tanto, julgado real o que era imaginário, julgado perene o que era momento?"

Se bem educado, ele se lembrará de Heráclito, lembrará a máxima da impermanência, lembrará que "tudo flui". Ou talvez - mais provável- vá lembrar da canção de Lulu Santos: "...nada do que foi será/ do jeito que já foi um dia/ Tudo muda/ Tudo sempre mudará...". Se for dado a narrativas orientais, lembrará do princípio do "Tao". E talvez, como Proust ou como todos os grandes memorialistas, ficará obcecado pelo tempo, pelas interações humanas, pela natureza ilusória das coisas. Dará algum sorriso de suas tolas pretensões de juventude, quererá ter aproveitado melhor determinados momentos, dito certas coisas a certas pessoas.

Mais tarde, com o passar dos anos, vacilará em suas memórias. Voltará a duvidar do que foi real, do que pareceu real. "Ela me amou?" "Foi minha amiga?" "Era tudo ilusão?", "O que não existe mais, existiu algum dia?". Mas já não dá mais para saber. É tarde demais para saber. Nunca foi possível saberNunca será. Ele então aprenderá que a realidade nunca é óbvia e que sempre há algo de esquizofrênico nos afetos: no início você acredita neles, julga poder provar que  existem. Mais tarde, contudo, sabe perfeitamente bem que são ilusões, tudo coisa da sua cabeça.

Nas palavras dos Titãs "...Eu aprendi/ A vida é um jogo/ Cada um por si/ E Deus contra todos...."

Quando se trata das relações humanas, a única certeza que se pode ter é a da impermanência. Todo o resto é ilusão e esquizofrenia afetiva.