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Judeus asquenazi em Israel |
A teoria da 13º Tribo é uma teoria histórica, de caráter revisionista, proposta no século passado pelo jornalista e intelectual Arthur Koestler. Resumidamente, a teoria sugere que os judeus asquenazi – aqueles de ascendência alemã e norte europeia (foto acima) – não seriam judeus étnicos, ou seja: não seriam semitas, o povo original da narrativa bíblica.
Os asquenazis seriam, na verdade, descendentes dos kazhares, um povode origem túrquica hoje em dia esquecido, mas que formou vasto império na idade média e habitou o norte da Europa, principalmente as estepes russas.
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Judeus asquenazi de origem turca, fotografados em Jerusalém em 1885 . Segundo a teoria, não teriam sangue semita |
Os kazhares teriam adotado o judaísmo e se espalhado pela Europa depois da dissolução do império kazhar. Por isso, muitos judeus que nós conhecemos atualmente (de fenótipo nórdico, brancos e de olhos azuis) não seriam “judeus biológicos” ou “judeus de verdade”; mas sim herdeiros culturais de povos historicamente convertidos – daí o nome ‘13º tribo’.
Embora interessante, a teoria é bastante controversa e problemática. Longe de ser a conclusão imparcial de uma pesquisa original, a tese foi, ao menos em parte, planejada. Arthur Koestler– que era judeu – tinha motivações políticas. Ele pensava que se conseguisse demonstrar que os judeus de origem norte-européia não eram semitas, então, logicamente, encerrar-se-ia o antissemitismo na Europa. Por esse motivo, mesmo que sua pesquisa se embase em ocorrências históricas reais, suas conclusões devem ser vistas com certa suspeita.
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Koestler foi considerado um dos grandes intelectuais e romancistas do século XX, e era amigo de autores famosos como George Orwell. |
Obviamente, a comunidade judaica internacional (cujos líderes, em sua maioria, são judeus asquenazi) não gostou nenhum pouquinho da teoria. No meio judaico em geral, exceto por um ou outro intelectual dissidente, a tese tem sido considerado falsa, conquanto razoavelmente elaborada.
Hoje em dia, se vivo fosse, Koestler estaria a beira de um ataque de nervos, pois sua ideia converteu-se em arma política justamente para o lado que ele desejava combater. Há anos a teoria da 13º tribo vem sendo instrumentalizada por grupos de extrema direita que alegam que, por não serem semitas, os judeus asquenazi não possuem legitimidade para ocupar Israel.
Mesmo controversa e polêmica, a teoria é importante porque suscita o debate sobre o que significa ser judeu; faz pensar sobre o papel da cultura e da raça (herança genética) na formação da história e da identidade judaica. Um debate muito relevante para um povo tão cosmopolita e ao mesmo tempo tão preocupado em manter sua unidade espiritual.