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23/08/23

13 Intelectuais Importantes Para Compreender a Direita Brasileira




Luís Inácio Lula da Silva é, novamente, o presidente da República Federativa do Brasil. Com ele no cargo, a centro-esquerda keynesiana, nacional desenvolvimentista, neoidentitária e "politicamente correta" volta ao poder.

Para os que se interessam por filosofia política, história, cultura e erudição; sejam de esquerda ou de direita; vale, para sair do cercadinho do jornalismo atual, marcado por palavras de ordem e ideias feitas, conhecer ao menos as principais obras e ideias dos grandes críticos da esquerda brasileira.

Vale conhecer suas teorias espiritualistas, morais, economicistas, históricas, sua visão social, política, suas vidas, suas filiações, seu estilo de pensamento, sua argumentação e suas mudanças de pensamento. Importa porque quem bebe na fonte tem informação qualificada. Quem tem informação qualificada pensa melhor. Quem pensa melhor, entende mais.

Conhecimento básico e honesto dos autores abaixo ensinará as diferenças e conflitos entre liberalismo, conservadorismo e fascismo; entre reacionários e conservadores, entre tradicionalistas e liberais, entre antisionistas e sionistas, entre liberais clássicos e liberais progressistas, entre capitalistas e fascistas, entre integralistas e nazistas, etc.

Aqui no Brasil infelizmente o comum é que "professores doutores", "historiadores", "sociólogos" e "intelectuais" que dão aulas em universidades não saibam essas coisas.

O meu leitor, caso queira, pode saber delas e de muito mais. Ser ignorante é uma escolha possível, e tem sido a preferencial do brasileiro, mas os meus amigos e leitores são pessoas inteligentes, que valorizam o próprio cérebro e o conhecimento que ele pode adquirir. Gente curiosa e que procura pensar com independência crítica.

Dito isso, eu recomendo que, havendo interesse, leiam e analisem as ideias, o pensamento social, cultural, econômico e político de:

1 - Machado de Assis

Deixe a careta de lado. Calma, eu explico: não sendo propriamente um autor de teoria política, Machado de Assis era monarquista, eurófilo e culturalmente elitista. A visão da psicologia do brasileiro e da cultura brasileira que ele expressa em seus livros é negativa, pessimista. O sentimento de que nosso comportamento é vicioso, precário e hipócrita, cheio de bajulação a autoridades, de conformismo, de mediocridade... Tudo isso vai compor um ceticismo social que é muito caro a crítica conservadora.

2- Gustavo Barroso (Historiador, Integralista)

O Barroso, historiador muito erudito, escreve aquelas "verdades proibidas" sobre o império bancário e o poder sionista. É autor pra ler "escondido", mas que não se pode deixar de ler.
3- Plínio Salgado (Integralista)

Líder de um dos movimentos políticos mais interessantes e nacionalistas que já existiram no Brasil. Misturou ideias do fascismo, do trabalhismo, do socialismo cristão e do integralismo português, rejeitando o materialismo capitalista, o racismo europeu e o comunismo soviético. Buscava a ideia de integrar os aspectos humanos fragmentados nas teorias políticas ( o homem não é apenas sua raça, o homem não é apenas um servo do Estado, o homem não é apenas um indivíduo, ele é tudo isso, num todo orgânico, cheio de tensões e condicionantes. É, portanto, necessário uma "teoria integral do homem", que não o reduza a um condicionante particular arbitrário).Trata-se de uma síntese muito original e interessante, e que hoje, pela indigência mental da intelectualidade dominante, é lida como "fascismo/nazismo". Quando na verdade era justamente uma crítica construtiva a essas e outras correntes.

É, obviamente, outro autor pra ler "escondido".
4- Nelson Rodrigues (Conservador, "reacionário")

Como pode um pervertido como o Nelson - "anjo pornográfico", como o chamou Rui Castro - ser um conservador? Ele não foi o único. Hilda Hilst, Marcelo Mirisola, Leon Bloy e Ewelyn Waugh, que escreveram coisas horríveis e pérfidas, eram todos católicos. Por hora, não revelarei. Mas os motivos são pra lá de interessantes.

5- Carlos Lacerda (Liberal-conservador, udenista)

Dizem que é um dos maiores canalhas da história do Brasil. Eu não sei. Mas sei que era um homem muito eloquente. Ex comunista e maior inimigo de Getúlio Vargas, foi um dos responsáveis pela crise que levou ao suicídio do pai dos pobres.

Além de eloquente, era corajoso. Em plena crise de 64, antes que os militares de direita tomassem o poder, enquanto tudo era rumor de que haveria um golpe de militares da esquerda, ocupou o Palácio da Guanabara e desafiou o General esquerdista cotado para dar o golpe:

"General Aragão, general Aragão, não se aproxime, porque eu te mato com o meu revólver!".

E mais: homem de cultura, traduziu "The Roots Of Coincidence", do Arthur Koestler. Livro muito interessante e que é um dos livros preferidos do Alan Moore.

6- Paulo Francis (Conservador, crítico cultural)

A melhor prosa do jornalismo brasileiro. Referência fundamental. Bom representante da elite carioca: na juventude foi da contracultura, do teatro e um dos fundadores do jornal O Pasquim (com Ziraldo, Millôr e outros). Perseguido pela Ditadura, mudou-se para os Estados Unidos. Vivendo lá, conheceu a liberdade individual do liberalismo e encantou-se. Deu uma guinada e assumiu-se conservador. Foi um escândalo. Tretou com gente da esquerda e da direita. Tirava o sono do Caetano Velozo. Sempre muito espirituoso, informativo e divertido.

7- Olavo de Carvalho (Neocon, sionista, crítico cultural)

Chorem os mais sensíveis, mas o Olavo é importante. Basta olhar pro Bolsonarismo e pra multidão de macaqueadores dele pra saber o tamanho de sua influência.

Recomendo a trilogia noventista - A Nova era e a Revolução Cultural, O Imbecil Coletivo e O Jardim das Aflições, porque tem um vasto panorama de crítica a movimentos culturais relevantes no mundo e no Brasil, e que continuam ecoando, aparecendo ou ditando os debates por aqui. Entre os três, o mais importante é O Imbecil Coletivo, porque demonstra os chavões presentes na retórica esquerdista acadêmica e a indigência intelectual de alguns de seus representantes.

Certamente um autor pra ler "escondido". O que evitará importunação da esquerda e da direita. Ler criticamente o Olavo te garantirá o ódio dos esquerdistas, por tê-lo lido, e o ódio dos direitistas, por tê-lo criticado. Vá sem medo: é um autor bem engraçado, com uma veia satírica talentosa, aliada a um espírito de porco primoroso e uma língua muito mais do que viperina. Leon Bloy tupiniquim.

8- Diogo Mainardi (Liberal, crítico cultural)

O Diogo, espécie de filho bastardo do Paulo Francis, não é profundo e nem é rigoroso. Mas diz verdades. Escreve com a sinceridade que só os debochados conseguem. A mentalidade da classe média alta, com seus preconceitos, preferências e ideias feitas, cristaliza-se nele de forma quase caricata: é ateu, liberal, anglófilo/eurófilo. Além disso, ele escreve bem, seu estilo é muito divertido.

9- José Guilherme Merquior (Liberal, crítico cultural)

Génio das humanas, é, ao menos em alguns de seus livros, o autor mais difícil desta lista. Cada parágrafo seu é um caldeirão de referências culturais, históricas, literárias e teóricas. Os intelectuais de esquerda reclamaram que ele citava livros demais, e por isso seria "pedante". Era, pelo contrário, um leitor assombroso, a ponto de impressionar Claude Levi Strauss e Ernest Gellner. O ensaio crítico que ele fez sobre Foucault é pra ler e reler.

10- Eduardo Giannetti (Liberal)

Clara, rigorosa e analítica, a prosa do Giannetti me lembra um pouco a do Bertrand Russel. Não é por acaso: Giannetti morou na Inglaterra, estudou e foi professor em Oxford. É um liberal ponderado cujo racionalismo iluminista é assombrado pelo ceticismo. Tensão muito interessante e curiosa. Giannetti diz não acreditar que as pessoas levem as ideias a sério. Tem, inclusive, um livro a respeito (O Mercado das Crenças), mas nem por isso deixa de escrever livros. Sinal de que talvez ele acredite nas ideias.

11- João Pereira Coutinho (Liberal - conservador)

Português radicado no Brasil, o JPC é outro que faz o estilo intelectual europeu. Só que muito pior, porque ele é europeu mesmo. Analítico e ponderado, é um dos principais nomes da direita liberal não histérica.

12- Oswaldo Meira Penna (Liberal- conservador, analista de psicologia social)

Diplomata erudito com formação junguiana e ampla experiência internacional . O livro dele sobre a psicologia social do brasileiro - Em Berço Esplêndido - é indispensável, e obra pouco conhecida na vida intelectual universitária.

13- Enéas Carneiro

Poucos homens públicos no Brasil foram tão honestos, inteligentes e apaixonados pelo Brasil como o professor Enéas Carneiro. Ex militar, herdeiro do positivismo, o homem era um gênio. Médico cardiologista com trabalhos de referência, era também professor de matemática, física e química. Homem que ascendeu pelo estudo, Enéias era disciplinado, firme e atribuía valor e responsabilidade aos cargos ocupados por autoridades. Interessado mais do que tudo na soberania brasileira, criou um partido para "reedificar a ordem nacional". Naturalmente, pelo discurso moralista, tom autoritário, estilo caricato e inteligência elevada, foi rejeitado pela mídia liberal e também pela esquerda.

***

É claro que o natural complemento dessas leituras são os tradicionais nomes de esquerda: Jorge Amado, Florestan Fernandes, Glauber Rocha, Luis Schwartz, etc. Eu recomendo ler os críticos da esquerda quando ela está no poder e ler os críticos da direita quando ela está no poder, porque é na ação concreta do poder que os aspectos mais negativos saltam aos olhos.

É, sim, um esforço intelectual. Não é desumano, mas também não é desprezível. Aprende-se mais com essas leituras do que se aprende nos cursos de História, Jornalismo e Sociologia atuais. Aumenta em muito a capacidade de compreender a complexidade da vida intelectual nas ciências sociais. Ajuda a entender a importância do polemismo e do ensaísmo, da crítica cultural.

Se o leitor fizer o mesmo processo com autores de esquerda, terá um rico arsenal de referências e fundamentos para analisar as opiniões veiculadas em nossa mídia e criticá-las com propriedade.