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12/02/24
A Socialização Com os Iletrados
10/02/24
O Blogueiro Extemporâneo
Acho
fascinante dispor do blogger numa era em que essa opção já não é tão popular
entre os internautas. Com essa atitude eu ingresso na galeria dos blogueiros
extemporâneos - os que usaram antes de ser moda e os que ainda usam depois da
moda. Antevendo a pergunta: por que você ainda escreve no blogger? Deixo
registrada, aqui, a minha resposta.
Faço-o
porque traz consequências curiosas e interessantes. Começo explicando que, em
relação aos leitores, a relativa invisibilidade do blogger no Google me blinda
dos olhares indiscretos de uma multidão de internautas analfabetos culturais;
muitos deles proselitistas ideológicos (à esquerda e à direita), com parca ou
nenhuma formação filosófica, pouco acostumados à discordância esportiva,
pesquisa, leitura, crítica racional e argumentação inteligente. A discrição
protege-me também da geração floco de neve, para a qual toda conduta avessa ao
sentimentalismo tóxico progressista é um venenoso fruto da árvore de
algum ismo. Esses, formados quase integralmente por mocinhos e
mocinhas histéricas, teriam verdadeiros ataques epilépticos ao constatarem
minhas opiniões sociais e políticas. Excluída - ou minimizada - a
possibilidade de visitação desses tipos, minha preocupação quanto a possíveis
reações debilóides ao meu conteúdo já decai um bocado. As piores coisas para o
escritor são a auto-censura e a crítica leviana.
Ou
seja: gosto da liberdade que o blogger me traz, da paz que tenho aqui. Paz: bem
precioso que eu jamais teria em antros de caos e perdição, verdadeiras selvas
de gritaria, como Facebook, Twitter ou Instagram. Ainda sobre os leitores:
descobri que prefiro atrair gente da minha convivência ou quase – parentes,
leitores antigos, amigos e amigos de amigos. Ao menos esses, quando não são
cultos, demonstram interesse na elevação cultural. Buscam compreender antes de
julgar. Atrair essa gente foi um dos propósitos originais deste
Notas de Um Blogueiro Em Crise (NdBC).
Há
pouco mais de três anos, em conversas, eu às vezes revelava que escrevia.
Surpresas, as pessoas me perguntavam sobre o quê e onde. Para responder essas
duas perguntinhas simples eu me enrolava todo. Havia escrito sobre vários
temas, em gêneros distintos, e minha produção estava fragmentada em dezenas de
postagens no Quora, Facebook, Medium e em blogs minúsculos no Wordpress e no
Blogger. Eu não sabia nem quais eram os temas ou os gêneros que praticava com
maior frequência. Por isso tomei vergonha na cara e decidi pegar todo texto que
eu achasse relevante, ou divertido, e pôr num lugar só, um blogzinho, simples,
minimalista, com tudo bem organizado por tags. Assim nasceu o NdBC.
E
agora, quem diria, estou no quarto ano de blog. Ostentando um bocado de textos
devidamente alocados e catalogados (130 textos, incluindo este). Há ainda
alguns por incluir, creio que algo entre dez e quinze, porém só o farei depois
de severa edição. Na transferência dos meus textos para cá eu fiz três curiosas
descobertas: (1) como nos incomodam alguns dos nossos textos do passado!;(2)
como cometemos plágio involuntário!; e (3) como mudam as nossas ideias! Muitos
dos textos postados em outras redes, que eu achei que viriam para cá, acabaram
se mostrando datados, levianos ou de inteligibilidade restrita ao ambiente
original. Com isso surgiu a vontade de escrever textos inéditos para o blog, o
que fiz em algumas ocasiões, geralmente na forma de crônicas, notinhas e até
poemas. Tive, é verdade, vontade de escrever artigos mais elaborados, mas não
consegui porque optei em focar na edição e organização dos meus diários,
material que a cada ano se avoluma.
Não
decidi ainda qual será a tônica do NdBC neste ano. Sei que não tenho
ânimo para falar de política e filosofia política aqui, porque é o assunto mais
deprimente e é um dos mais exigentes (eu não conseguiria escrever sem ilustrar
o discurso com referências, o que tornaria a produção mais demorada). Sem
contar que política é o tema que mais atrai problema. Melhor evitar, como
sabiamente tenho feito.
Dos
meus temas de estudo e interesse, brasilidade e violência são dois que talvez
mereçam comentários. Indicações e comentários tematizando a vida intelectual e
literária devem aparecer, assim como notinhas sobre livros, eventuais poesias e
crônicas. Pensei em pôr aqui a correspondência que tive com amigos
intelectualizados na juventude, o que houver de interessante para publicar,
como exemplo a ser seguido aos meus leitores mais jovens. É uma possibilidade..
Listas
de música, as famosas playlists, e dicas de música, devo publicar aqui também?
Dicas de blogs, comentários sobre internet, tecnologia e blogosfera devem
aparecer. E talvez eu entreviste alguns intelectuais, blogueiros, escritores e
artistas, amigos ou não. Pensei em voltar a desenhar, e poderia publicar aqui
os desenhos. Pensei também em traduzir alguns artigos interessantes em inglês.
Eu poderia falar sobre quadrinhos, cultura pop e sobre programas antigos
de TV. Ou poderia falar de magia, tarôt, astrologia, parapsicologia, hipnose e
outras heterodoxias, embora o melhor seja nunca falar sobre essas coisas à luz
do dia e sóbrio, afinal, podem desconfiar – ou descobrir – que eu sou doido.
Bem,
sem respostas precisas agora, vejamos o que o tempo e o capricho do autor trará
ao blog. Que reine a liberdade.
23/11/23
Os Cavaleiros da Supervia
16/11/23
Lágrimas e Saudades
09/11/23
O Apelo do Poeta
02/11/23
Desfile de Ébano
Negras e amorenadas
Nas quebradas a desfilar
Os cabelos black power
O estilo sarará
Andam cheias de marra
Elevadas pelo empoderamento
Deixam de lado a altivez e sorriem
Quando as elogio o embelezamento
Os corpos muito diversos
Cheios de talentos vários
As bundas, bem torneadas
Os seios, arredondados
Variam elas também
Em tipos de personalidade
Algumas são megeras
Outras são raridade
Algumas apreciam poetas cínicos
Românticos e pervertidos como eu
Outras preferem ascetas
Homens honrados e de Deus
Noto que algumas condenam
Meu apreço à beleza sinuosa
Dizem que meu olhar as oprime
E que não devo enaltecer suas formas
Calo-me então e nada digo
Mas calado fico a imaginar
Aquela morena, meu Deus, toda nua
Vênus a me fascinar!
26/10/23
Minha Aristocracia
18/10/23
Divina Mente Vazia
09/10/23
Estranhíssima Trindade
Habitam em mim um bobo, um sábio e um bruto
A maioria tolera o bobo, porque diverte
Alguns toleram o sábio, quando ilumina
Já o bruto não é tolerado, pois aterroriza:
carrasco, filia-me aos perversos
e me escandaliza ante os puros
Acorrenta-me a uma espiral de paixões lunares,
guerras gratuitas e devassidões dos sentidos
Quero ceder, devo lutar
Bem maior
supremo e sagrado
É a alma
Coisa linda é ter uma
Mas, infeliz a minha,
porque, fracionada
E mesmo assim
frágil, muito frágil,
tenho alma
Sagrada, gloriosa, transcendente
É por ela que continuo e luto:
Cresça em mim o sábio ou o bobo
Nunca, jamais, o bruto.
16/09/23
Não Era O Que Parecia
Pessoa que até a véspera nos tratava amigavelmente. Sorria, falava. Demonstrava interesse em manter conosco a boa relação, e depois surpreendeu virando a casaca: riscou o fósforo do desencontro para acender a dinamite do silêncio. O efeito, uma explosão de energia negativa. Antes, sua conversa receptiva sugeria uma conexão que, no futuro, continuasse tudo constante, daria em agradável amizade.
Ser humano a quem nos abrimos, e a quem procuramos ajudar, aceitando com zelo o autoimposto dever do amigo. Imaginávamos, é claro, ser de confiança. E ao revelarmos elevada disposição afetiva, esperávamos tudo, até que risse de nós, os românticos do afeto; o que não esperávamos nunca é o gratuito desdém, o desprezo, a falta de consideração.