07/05/22

Notinha #2: É melhor nem ler...

Decidi, à partir de hoje, não mais ler análises e artigos sobre a educação no Brasil. É tudo muito repetitivo, as observações e conclusões são sempre as mesmas: nossa educação é ruim,  nossos professores são despreparados e mal remunerados, nosso povo é ignorante - pra não dizer estúpido - e não há perspectiva de mudança sem intervenção política inteligente, bem informada e atenta às necessidades nacionais e locais. Ou seja: essa merda toda nunca vai mudar. Problema sem solução.

É mais fácil acreditar no sol parando, ou na cobra falante do Éden, do que acreditar que os brasileiros um dia serão educados, articulados, cultos, escrevendo com correção e lendo livros relevantes. Isso seria mais milagroso do que todos os relatos fantásticos das escrituras ditas sagradas. Ora, o espírito do brasileiro é profundamente farisaico e mesquinho. Nada, nem Deus, é capaz de salvar os brasileiros de si mesmos. Nada salvará o Brasil. Talvez um dilúvio, ou um vesúvio...

Notinha #1: Falta educação...

Aqui no Brasil, na vida em sociedade, muitas coisas seriam mais fáceis - e uma quantidade magnífica de problemas seriam evitados, se as pessoas recebessem educação apropriada.

04/05/22

Como é Matar uma Pessoa? Qual é a Sensação?


 


Estive nas forças armadas e tive vários amigos fuzileiros navais que, no Haiti, a serviço da Marinha do Brasil, tiraram vidas de pessoas que eles jamais conheceram.

As respostas que vou dar para essa pergunta são baseadas nas conversas que tive com esses amigos e também em outros relatos que li.

Para começar, supondo que você não seja um psicopata e que esteja agindo em legítima defesa, ou a serviço do seu país, a sensação de matar uma pessoa, com uma arma de fogo, será complexa, pois ambígua.

Por um lado, no instante em que ela cair no chão, você se sentirá surpreso e aliviado. Pode ter alguma dúvida se ela está realmente morta, mas sua adrenalina estará tão alta que será difícil articular pensamentos racionais. Mesmo que você tenha sido treinado para isso, em seu primeiro homicídio, tudo que você vai querer é sair dali e ir para um lugar seguro. Questões morais não importam agora.

Porém, quando você acordar pela manhã no dia seguinte, vai se perguntar se foi tudo um sonho ou se você realmente matou alguém. E vai lembrar que matou.

A partir desse momento sua mente vai entrar numa terrível dissonância cognitiva, e você vai formular todas as possíveis respostas racionais para justificar o ato pregresso.

Esse é um momento crítico onde mudanças internas significativas podem acontecer. Também é o momento que vai determinar todas as suas futuras memórias e pensamentos sobre o ato. As pessoas dão respostas psíquicas variadas; mas para o caso dos fuzileiros, uma vez que é o trabalho deles, a resposta mais comum é um acréscimo de patriotismo, xenofobia e ódio generalizado ao inimigo, crenças advindas da necessidae de autojustificação.

Nesses casos, há o fato curioso de que muitos soldados geralmente são mais nacionalistas quando voltam da guerra do que quando vão para ela. Pode parecer estranho, mas faz todo o sentido psicológico: eles precisam acreditar que seu ato assassino era moral e que as mortes de seus amigos fizeram sentido, portanto, precisam acreditar que seus governos estavam corretos, que suas ações tinham um sentido nobre.

Se alguém tentar censurá-los pelo ato homicida, eles responderão algo como:

"Sabe o que eles teriam feito se nós não tivéssemos impedido? Era nosso dever intervir! Era necessário!".

Além disso, essas crenças permitem que eles continuem atuando na profissão. E até os encorajam a ser mais eficientes.


***


Por mais que a descrição acima seja razoável, ela é bem limitada, pois só serve para pessoas altamente treinandas para matar, como são fuzileitos e agentes das demais forças especiais.

Se não for o seu caso, se você não tem treinamento algum, mesmo que tenha uma arma de fogo carregada, as coisas serão muito mais complicadas. E os problemas vão começar bem antes da morte, mas justamente no "como matar".

Nesses casos, a melhor descrição que eu já vi é esta aqui :

Matar uma pessoa é fácil ou difícil?

Adivinha? As duas coisas.

Antes de tudo, esqueça sobre as cenas de filme onde as pessoas estão voando dez metros para trás quando você atira nelas com sua pistola. Tem muito exagero ali.

Quando você atira em um homem em uma curta distância algumas coisas podem acontecer.

Em alguns casos ele pode apenas cair (como se desligasse) e pronto, é isso. Ele se foi. E o mais interessante que posso dizer da minha experiência é o som da queda de um corpo. É algo como um grande saco cheio de alguma coisa molhada com pedaços duros. É basicamente o que o nosso corpo é.

É um som especial e se você ouvir ele vai lembrar pelo resto da sua vida.

Vamos dizer que um tiro bem posicionado, distância certa, quantidade de disparos, seu treinamento e calma fazem isso acontecer.

Em outros casos você pode se encontrar em uma situação onde o agressor está vindo para cima de você rapidamente, você continua atirando nele, a distância é bem curta e nada acontece… Ele ainda está chegando, você atira, atira, grita ou apenas pensa que está gritando, algo alto continua explodindo seu ouvido e você não sabe nem se sua arma está disparando, algo talvez esteja errada com ela, o cara está chegando mais perto, ele tem uma faca enorme… “Que !#$% está acontecendo? Eu vou morrer? Deus? Mãe?”

E de repente, ele cai.

Aquele cara foi difícil de matar? Sim, mais tarde você descobriu que atirou nele seis ou sete vezes mas não nos lugares certos. O cara era grande e a adrenalina fez ele esquecer da dor.

Os dois exemplos são experiências reais. Existem muitos fatores que podem entrar em jogo nisso.

Então para responder a pergunta deste tópico eu sugiro uma fórmula simples. Se você for forçado a matar alguém, considere o fato de que uma série de fatores precisa estar de acordo para você conseguir isso, mas se está em uma situação onde alguém está tentando te matar, aja como se você fosse muito fácil de morrer.

E então? Curiosidade saciada?

Tente não matar ninguém, meu caro. Mas, se precisar fazê-lo, saiba muito bem o como.


...

Texto originalmente publicado no Quora

02/05/22

Aniversário: Um Ano Do Notas de Um Blogueiro Em Crise


Na última quinta feira, dia 27 de Abril de 2022 do calendário gregoriano - quatro dias atrás, portanto -  este meu pequeno e isolado blog atingiu a marca de um ano de atividade; o que significa um ano compartilhando textos com regularidade (em regra, semanalmente). Sei que nada demais fiz por aqui, mas isso não me impede de ficar alegre com tão singela conquista - que mostra algum esforço meu na busca de disciplina e constância literária.

Por conveniência, desde o início, andei lendo alguns  blogs e reflexões sobre blogs. Terei aprendido alguma coisa? Vejamos: com certeza aprendi, horrorizado, o quão decaída está a posição da blogosfera amadora nos resultados de busca do Google. A abundância de sites e blogs comerciais movidos a SEO e tráfego pago - que pipocaram a partir de 2015 com a explosão do mercado de marketing digital - fez despencar a relevância do blogspot no Google. Assim tem sido com os atuais algoritmos do maior buscador da web. Felizmente, no Duckduckgo, um buscador alternativo famoso, os blogs blogspot ainda aparecem.

A maioria das pessoas ainda usa o Google para pesquisa, então o potencial desses blogs  de atrair novos leitores despencou muito - falo aqui dos blogs feitos no plano gratuito, sem SEO sofisticado e sem tráfego pago. A queda desmotivou aqueles que por paixão mantinham seu blogzinho amador e através do Google recebiam estimulantes dúzias de novos visitantes ao mês. Coisa que levou muitos blogueiros a divulgar seus blogs em grupos e páginas no Facebook (quando valia a pena) e perfis no Instagram, procurando resgatar as antigas e saudosas médias de visualizações dos tempos áureos.

Como a situação só foi piorando, continuaram ativos em planos gratuitos no blogspot apenas os que não ligavam para visualizações ou aqueles cujos blogs já eram grandes e já recebiam muitas visualizações - fosse por causa de posts muito relevantes, parcerias com outros blogs, oferta de serviço útil (download), público fiel e engajado ou uma mistura de todos esses elementos. 

Apesar de alguns bons e velhos blogs ainda continuam ativos, o certo é que foi-se o tempo em que o blogger (em sua versão gratuita) tinha relevância pública. Quando comecei este projeto, eu até fazia alguma ideia disso, no entanto, a coisa foi ficando muito mais clara ao longo do tempo. Hoje em dia, para o iniciante que quer ter um blog público na internet, o melhor é experimentar alternativas como Wordpress, Medium, Quora, Amino, algum site colaborativo como a Obvious, ou até, quem sabe, uma página do Facebook.

Descobri também que os bons fóruns de discussão, muito comuns na web2.0, não andam bem das pernas. Além do já finado Fórum Anti Nova Ordem Mundial, que era um dos lugares mais estranhamente divertidos e malucos da internet em português, fechou também o Fórum Realidade, que era um dos fóruns interessantes; tão interessante que o Manuel Dória (um dos sujeitos mais inteligentes que eu conheci na internet) e o Hugo Motta (que é o meu amigo mais erudito) conheceram-se por lá. O A.R.R.A.F, que é o que restou do F.A.R.R.A, é agora um morto-vivo, mas, pelo caminhar, em algum tempo tornará-se um morto-morto. Curiosamente, mantém-se frequentado o Fórum do Búfalo, mas pra esse eu já não tenho paciência: é muito chororô e ressentimento de homem chifrado.

Legal mesmo foi ver que  vários blogs de plano gratuito no blogger- alguns de downloads de scans, outros de álbuns de música e outros literários - continuam muito ativos, sendo que alguns blogueiros e blogueiras vêm mantendo atividade em seus blogs por um período de dez anos, alguns mais! Isso é incrível e muito inspirador: dá até vontade de escrever um pouco sobre esses blogs e esses blogueiros. Farei isso algum dia. Hoje vou ficando por aqui, pois é tarde e já sinto sono.

Vai-se um ano de blog, começa outro.  

O projeto não se altera: continuarei trazendo pra cá meus melhores textos publicados em locais diversos da web e continuarei focando em produzir crônicas. Mesmo assim, alguma novidade pode surgir, talvez uma resenha ou entrevista, talvez mais downloads. Será? Vai depender da minha organização. 

Sigamos e vejamos no que vai dar...

27/04/22

Jack Contra o Ódio de Jack


 Samurai Jack. Episódio oito.

A cabeça de Jack é posta a prêmio por Aku. Diversos mercenários, das mais variadas formas e tipos, confrontam Jack tentando derrotá-lo. Nenhum consegue, mas, como são muitos, despertam a fúria do samurai.

Aku percebe então que o estilo de Jack é insuperável. Astuto, mestre do mal, aproveita o ódio do guerreiro para criar um clone demônio, que é o ódio de Jack encarnado. Os dois se encontram e lutam. O Samurai Jack guerreiro da virtude e o Samurai Jack guerreiro do ódio.

Ferem-se. Empatam. Jack aumenta seu ódio contra o rival, o que só o fortalece. Até que, em algum momento, nosso Samurai honrado e sábio percebe que não poderá vencer o demônio com ódio.

Então ele medita. Dissipa seu ódio e vence. Com sabedoria e espiritualidade.

Como o leitor pode ver, há mais sabedoria em Samurai Jack do que imaginaria nossa vã intelectualidade.


***


O texto acima foi originalmente publicado no Zuckbook

20/04/22

Esquizofrenia Afetiva e Impermanência


JHN NES
John Nesh e seu grande amigo imaginário. Cena do filme Uma Mente Brilhante.

 

Ao contrário do que normalmente se supõe, a perda do senso de realidade não é o que distingue os loucos dos sãos, mas justamente o que os aproxima.

Usualmente, o louco é caracterizado pela total ou quase total perda do senso de realidade. O homem comum, contudo, é caracterizado pela  perda sempre pontual e parcial desse senso; perda essa que - diferente do caso do louco - não chega a impossibilitar as atividades do dia à dia, mesmo produzindo grandes angústias e confusões no espírito.

Vejamos: o homem comum é levado, pelo hábito ou pela inércia, a crer na realidade dos laços afetivos que cria tal como é levado a crer na realidade do vento ou das árvores. Na infância, se bem educado, ele aprendeu que o destino das coisas naturais é a finitude. Ele sabe que os ventos mudam de direção, sabe que as árvores morrem. Contudo, por algum motivo, quando os laços afetivos parecem fortes e poderosos, ele quer, ele deseja, ele espera que durem para sempre. Pior: ele conta com isso. Diz frases tolas e, inadvertidamente, em discursos apaixonados, faz uso do "para sempre" ou "de até que a morte nos separe". Ele faz  planos. E sonha. De tal modo que a ilusão se agiganta, tornando-se alucinação. Ele alucina na intenção de fazer perene um estado de coisas que, assim como tudo o que existe, está fadado a destruição.

É quando o laço subitamente se rompe, por um jorro qualquer de realidade inesperada - não é preciso a morte para separar, a realidade já basta - que ele vê a ilusão esquizofrênica ir pelos ares. O que parecia real e perene já não é mais. A realidade concreta, cruel, imprevista, atual, golpeia, viola, zomba do que ele julgava a realidade efetiva. E pela primeira vez o homem comum se sente obrigado a indagar-se sobre a natureza das coisas, sobre a natureza da realidade, das relações, dos afetos. Ao refletir sobre o contraste entre a realidade esperada e a realidade vivida, chega, enfim, à metafísica. Levanta questões: "Que é, afinal, a realidade? Que devo esperar dela? Como posso ter me iludido tanto, julgado real o que era imaginário, julgado perene o que era momento?"

Se bem educado, ele se lembrará de Heráclito, lembrará a máxima da impermanência, lembrará que "tudo flui". Ou talvez - mais provável- vá lembrar da canção de Lulu Santos: "...nada do que foi será/ do jeito que já foi um dia/ Tudo muda/ Tudo sempre mudará...". Se for dado a narrativas orientais, lembrará do princípio do "Tao". E talvez, como Proust ou como todos os grandes memorialistas, ficará obcecado pelo tempo, pelas interações humanas, pela natureza ilusória das coisas. Dará algum sorriso de suas tolas pretensões de juventude, quererá ter aproveitado melhor determinados momentos, dito certas coisas a certas pessoas.

Mais tarde, com o passar dos anos, vacilará em suas memórias. Voltará a duvidar do que foi real, do que pareceu real. "Ela me amou?" "Foi minha amiga?" "Era tudo ilusão?", "O que não existe mais, existiu algum dia?". Mas já não dá mais para saber. É tarde demais para saber. Nunca foi possível saberNunca será. Ele então aprenderá que a realidade nunca é óbvia e que sempre há algo de esquizofrênico nos afetos: no início você acredita neles, julga poder provar que  existem. Mais tarde, contudo, sabe perfeitamente bem que são ilusões, tudo coisa da sua cabeça.

Nas palavras dos Titãs "...Eu aprendi/ A vida é um jogo/ Cada um por si/ E Deus contra todos...."

Quando se trata das relações humanas, a única certeza que se pode ter é a da impermanência. Todo o resto é ilusão e esquizofrenia afetiva.

13/04/22

O Melhor Filme de Viagem no Tempo




Dois jovens engenheiros geniais e obsessivos estão trabalhando num projeto de redução da gravidade. Acidentalmente, descobrem uma forma de voltar no tempo.

Um deles, ambicioso, decide usar essa descoberta para regressar no tempo, com informação privilegiada, e manipular o mercado de ações. O outro não acha que é boa ideia, mas acaba concordando. Ambos precisarão lidar com as imprevistas consequências.

Que filme é esse?

Trata-se de "Primer". Uma obra que, entre cinéfilos, é considerada um das melhores e mais acuradas produções cinematográficas sobre viajem no tempo. O diretor, Shane Carruth, é um físico (e engenheiro) que caprichou na coerência teórica e técnica da coisa toda.

Não é exatamente um filme fácil de se entender, mas qualquer problema de entendimento pode ser resolvido pelos vídeos explicativos que os fãs fizeram e compartilharam na internet.

Filme altamente recomendável para nerds.

Segue o trailer:




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Texto originalmente publicado como resposta no Quora

06/04/22

Lista dos Melhores e Mais Inteligentes Podcasts Nacionais

 

É claro que não ouvi todos os podcasts disponíveis, mas os que fortemente recomendaria, dos que ouvi, são:

1 - Scicast (eu nunca ri tanto aprendendo ciência)

2 - Psicocast (análogo ao scicast, mas focado em psicologia)

3 - Mundofreakconfidencial (sobre temas sobrenaturais e estranhos)

4 - EscribaCafé (esse é realmente muito bom. É basicamente sobre histórias interessantes.)

5 - Salvo Melhor Juízo (o Direito abordado de forma agradável)

6 - Papo Lendário (sobre mitologia)

7 - Atrás do Front (podcast do Padma Dorje, um dos comentaristas mais inteligentes e cultos da net)

8 - CaféBrasil (é inteligente)

9 - Número Imaginário (Matemática. É meio monótono, mas o conteúdo vale)

10 - Sobrecast (sobrevivencialismo, catástrofes, o que fazer numa crise. Muito útil se você é do tipo paranoico, militar ou preventivo)


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Edição (do dia 03/08/2019)

Por sugestão da Cristine Martin, que me lembrou alguns que havia esquecido e outros que sempre ouço falar:

11. Mamilos (sobre temas polêmicos e atuais)

12. RapaduraCast (cinema)

13. Cinemático (cinema)

14. Caixa de Histórias (literatura)

15. Gente que escreve (literatura)

 

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Lista originalmente publicada como resposta no Quora

30/03/22

A Sinistra Magia de Jack, O Estripador


Os assassinatos de Jack, "O Estripador", eram, na verdade, "rituais de sangue". É o que diz uma sinistra teoria conspiratória que, há mais de um século, circula nos meios esotéricos e literários.

O infame ocultista britânico Aleister Crowley, que foi contemporâneo de Jack, teve fascínio pelo caso. Grande conhecedor de Magia e da temática sacrificial, o bruxo escreveu em seu diário que a sequência de assassinatos de Jack formava um pentagrama. Segundo lhe parecia, os assassinatos eram parte de uma operação mágica.
Alguns assassinatos ocorreram próximo à sinagogas, coisa que, dizem alguns, era intencional. Na época, vários figurões da polícia londrina eram altos membros da maçonaria, e é de conhecimento público que as autoridades agiram de modo suspeito. Muitos sugerem que houve acobertamento, e os mais paranoicos chegam a dizer que Jack era um maçom cabalista. Os maçons negam.
Há várias obras de ficção interessantes que exploram essa teoria. Uma delas é a HQ "Do Inferno", de Alan Moore. Outra é o filme, de 1979, "Murder By Decree", que sugere o envolvimento da maçonaria. Neste último, há uma cena deveras curiosa e intrigante, onde ninguem menos que Sherlock Holmes, através de gestos secretos, finge-se de maçom para confrontar o chefe de polícia.


25/03/22

Elektra Assassina: a novela gráfica experimental de Frank Miller

Elektra encontra  A Besta

 
"A BESTA É PODER, A BESTA É MAGIA, A BESTA LIBERTARÁ VOCÊ, ELEKTRA!

O trecho acima, sinistro e agourento, está contido na excelente minissérie "Elektra Assassina", trabalho experimental de Frank Miller em parceria com Bill Sienkiewicz. Nessa obra, (que transborda metapolítica, paranoia e ficção científica) Elektra, logo depois de fugir de um hospício, descobre que o presidente dos Estados Unidos está sob influência da Besta; um antigo demônio cultuado pelo grupo terrorista Tentáculo. A missão da ninja: assassinar o presidente da nação mais poderosa do mundo.
Na série, Elektra precisará enfrentar agentes transhumanos e psicopatas da SHIELD, ninjas traiçoeiros do Tentáculo, a própria Besta e, claro, seus medos e bloqueios mentais, o que não será fácil.
O caráter mais ou menos surreal da arte de Sienkiewicz mostrou-se perfeito para a trama. Não se enganem, apesar de parecer "mera viagem", é um gibi denso e cheio de referências políticas e esotéricas, tem um caráter de "cult" e muita gente - inclusive eu- considera-o superior ao clássico "Cavaleiro das Trevas".
Obviamente, sendo uma obra de Frank Miller, é um gibi violentíssimo. Acho até que nenhum outro gibi de Miller consegue conciliar violência e estética de forma tão perfeita.