Lima Barreto com cara de poucos amigos. |
Nascido numa funesta sexta feira 13, quase tudo em Lima Barreto parece triste, melancólico e cheirando à misantropia rancorosa. Mas não devemos nos deixar levar pelas aparências , pois o olhar desconfiado escondia um homem sensível, puro e nobre - talvez sensível demais.
Leitor de Dostoiévski e dos moralistas franceses, Lima Barreto desenvolveu uma afiada sensibilidade para notar as injustiças, contradições e misérias da condição humana. Se Machado preferia zombar do palhaço cósmico que é o homem, imergindo no cinismo cético, Lima preferia sinalizar sua revolta contra essa condição.
Simpático à monarquia, o autor de Policarpo Quaresma bateu-se contra os expoentes da Primeira República. Não era um homem de fazer concessões. Chegou a dizer que a República destinaria o Brasil à corrupção. Disse também que o Futebol iria produzir ódio e guerras entre os brasileiros. Ninguém o levou a sério. Hoje, porém, quando olhamos os jornais e vemos as tantas notícias sobre os roubos do governo ou sobre as brigas entre torcidas, fica difícil não lembrar de suas palavras.
Em mero início do século passado, e portanto bem antes da moda feminista, Lima já protestava contra o mau hábito dos brasileiros de assassinar suas esposas e amantes. Hábito muito difundido entre os varões da nação e que, infelizmente, como atestam os noticiários, perdura até os dias atuais.
Taxado de autor marginal e de anarquista, Lima Barreto era, na verdade, um homem simples e frágil. Era homem do povo, mesmo sem ser popular.
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