Ao caracterizar-me com o termo "escritor", faço-o num sentido meramente descritivo. Longe deste aqui pretender igualar-se aos grandes expoentes das artes literárias. Ocorre apenas que, de fato, escrever é atividade recorrente e necessária em minha rotina. Escrevo. Sou daqueles que se sentem obrigados a escrever. É imperativo, não é escolha. Mas é também a atividade complementar a uma outra, a leitura, que também me sinto obrigado a praticar. Leio e escrevo. Sou, pode-se dizer, viciado em ler e escrever.
É verdade que não leio tanto e tão bem quanto gostaria, e também é verdade que não escrevo tão bem quanto gostaria. Porém, ao notar a calamitosa inabilidade textual de meus negligentes conterrâneos - que tudo sabem, menos o próprio idioma-, minha escrita (mesmo pobre e deficiente) assume ares de "passável": bem ou mal, consigo pôr uma palavra atrás da outra, uns pontos finais, umas vírgulas (geralmente erradas), procuro ser claro e fazer-me entender - e se essas são habilidades literárias, são as únicas que tenho. Assim, quanto ao que aqui faço, é-me impossível fazê-lo bem feito (fazê-lo-ia se pudesse). Infelizmente, falta-me conhecimento gramatical, lexical, semântico, sintático e, mais do que tudo, falta-me estilo. Aos poucos, com muita fé e labuta, pretendo superar tantas e tamanhas deficiências.
Do mesmo modo, ao considerar-me "em crise", uso o termo "crise" num sentido puramente descritivo. Por motivos variados, ando sempre em crise. Algumas duram segundos, outras duram anos. Todas, contudo, levam-me a refletir sobre a tragicomédia surreal e absurda que é a condição humana, que é o Brasil e que é minha vida. Tais reflexões levam-me a ler e a escrever, na busca de encontrar significado e compreensão.
Não sendo este o meu primeiro blog, também não é meu quarto ou quinto blog. Já iniciei e findei algumas dezenas de blogs, um mais fracassado que o outro. Em todos eles eu mantive a posição de que jamais deveria falar a meu respeito, minha vida particular e meus reais pensamentos. Não sou do tipo que aprecia exposição. Além disso, cultivo algumas opiniões polêmicas, e vivemos em tempos politicamente corretos, onde as pessoas perdem empregos e são difamadas por suas opiniões.
Com o passar do tempo fui percebendo que, por conta de minha vida instável, não conseguiria manter nenhum blog com posts periódicos que não tratasse, de um modo ou de outro, direta ou indiretamente, dos problemas que me assolam. Claro que tal abordagem parece-me algo voltado ao próprio umbigo, exemplo de conduta medíocre. Mas , afinal de contas, o que eu poderia fazer? Isolar-me numa Torre de Marfim escrevendo apenas sobre meus interesses mais filosóficos e impessoais, se é que algum interesse pode ser impessoal, não seria boa ideia. Não seria sincero e eu não teria a motivação necessária. Portanto, é ideia descartada. Agora, precisamente agora, resta-me falar sobre o mundo que orbita meu umbigo.
Obviamente, por conta dessa mediocridade inerente, não posso ter grandes expectativas sobre este blog. E é mesmo provável que ele interesse apenas a mim, coisa que entendo e que já não me incomoda. Tudo que preciso agora é ser minimamente sincero e dizer o que quero dizer. Sem filtro e sem temas pré-fixados (apesar de que a crônica é sempre o norte, mas isso é gênero, não é tema...). Escreverei o que precisar escrever, refletirei sobre o que me sentir obrigado a refletir.
Não é grande, não é muito e serão apenas pequenas palavras, umas atrás das outras, com alguns pontos e vírgulas geralmente erradas. Mas serão sinceras. É pouco, eu sei. Mas, ao menos por enquanto, é tudo o que este pequeno e iniciante escritor - que por hora não passa de escrevinhador- pode oferecer.
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