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23/11/23
Os Cavaleiros da Supervia
16/11/23
Lágrimas e Saudades
09/11/23
O Apelo do Poeta
02/11/23
Desfile de Ébano
Negras e amorenadas
Nas quebradas a desfilar
Os cabelos black power
O estilo sarará
Andam cheias de marra
Elevadas pelo empoderamento
Deixam de lado a altivez e sorriem
Quando as elogio o embelezamento
Os corpos muito diversos
Cheios de talentos vários
As bundas, bem torneadas
Os seios, arredondados
Variam elas também
Em tipos de personalidade
Algumas são megeras
Outras são raridade
Algumas apreciam poetas cínicos
Românticos e pervertidos como eu
Outras preferem ascetas
Homens honrados e de Deus
Noto que algumas condenam
Meu apreço à beleza sinuosa
Dizem que meu olhar as oprime
E que não devo enaltecer suas formas
Calo-me então e nada digo
Mas calado fico a imaginar
Aquela morena, meu Deus, toda nua
Vênus a me fascinar!
26/10/23
Minha Aristocracia
18/10/23
Divina Mente Vazia
09/10/23
Estranhíssima Trindade
Habitam em mim
um bobo
um sábio
e um bruto
A maioria tolera o bobo,
porque diverte
Alguns toleram o sábio,
quando ilumina
Já o bruto não é tolerado,
pois aterroriza:
Carrasco,
filia-me aos perversos
e me escandaliza ante os puros
Acorrenta-me:
a uma espiral de paixões lunares
guerras gratuitas
e devassidões dos sentidos
Quero ceder, devo lutar
Bem maior
supremo e sagrado
É a alma
Coisa linda é ter uma
Mas, infeliz a minha,
porque, fracionada
E mesmo assim
frágil, muito frágil,
tenho alma
Sagrada, gloriosa
transcendente
É por ela que continuo, e luto:
Cresça em mim o sábio
ou o bobo;
nunca, jamais, o bruto.
16/09/23
Não Era O Que Parecia
Pessoa que até a véspera nos tratava amigavelmente. Sorria, falava. Demonstrava interesse em manter conosco a boa relação, e depois surpreendeu virando a casaca: riscou o fósforo do desencontro para acender a dinamite do silêncio. O efeito, uma explosão de energia negativa. Antes, sua conversa receptiva sugeria uma conexão que, no futuro, continuasse tudo constante, daria em agradável amizade.
Ser humano a quem nos abrimos, e a quem procuramos ajudar, aceitando com zelo o autoimposto dever do amigo. Imaginávamos, é claro, ser de confiança. E ao revelarmos elevada disposição afetiva, esperávamos tudo, até que risse de nós, os românticos do afeto; o que não esperávamos nunca é o gratuito desdém, o desprezo, a falta de consideração.
30/08/23
Uma Verdade Desanimadora Sobre Debates
Querem saber uma verdade desanimadora que aprendi? Foi sobre debates.
[Sabem o que é isso? É um circo, é um Show de Horrores, é um atentado à inteligência. É qualquer coisa, MENOS um debate]
Aprendi que, em geral, não é a pessoa mais virtuosa, melhor informada e com a razão que vence o debate. Quase sempre é o contrário: quase sempre é o vigarista, o demagogo, o manipulador e o trapaceiro, ou o lado menos informado, quem vence.
Isso acontece por vários motivos, alguns naturais, outros artificiais.
Antes de tudo, é preciso compreender que um debate real e sincero só pode acontecer em determinadas condições específicas; quando uma certa conjunção de fatores é satisfeita.
Alguns dos principais fatores necessários para um debate verdadeiro são:
- Profundidade adequada (exigência intelectual) – Ambos os debatedores devem compreender e tratar o problema com o nível de profundidade necessário. Se estão a falar, por exemplo, de um tema que está em debate a milhares de anos, com farta literatura, fartos debates anteriores, fartas polêmicas e muitas sutilezas, eles não podem tratar o tema com leviandade ou com simplificação rasteira. Exemplo: debates sobre a existência de Deus, sobre a maldade humana, sobre a função do Estado, etc.
- Honestidade (exigência moral) – Ambos os debatedores devem buscar: a) a verdade; b) uma conciliação entre duas opções; ou c) a opção menos danosa (o mal menor). Se um lado deseja manipular a opinião pública, defender um grupo de poder específico, defender uma agenda política, provocar desinformação, desestabilizar uma classe, acusar o outro lado... Então não haverá de fato um debate, mas apenas um pseudodebate; que será usado para manipular a opinião pública sobre determinado assunto. (95% dos “debates” televisivos são dessa natureza, e ainda acrescidos dos fabulosos recursos da edição).
- Paridade/ nivelamento (exigência comparativa) – Ambos os debatedores devem ter um nível mínimo de conhecimento sobre o tema para poderem analisá-lo de forma satisfatória. Isso inclui, certamente, o conhecimento do que já foi dito e pensando ao longo da história sobre o assunto, especialmente nos níveis mas elevados. O requisito mais básico e primário para se discutir qualquer tema é estar bem informado a respeito. Nunca, em hipótese alguma, deve-se levantar um debate sobre ideias, fatos ou temas sobre os quais não se tem um conjunto robusto ou mínimo de informação e contexto. Se um debatedor souber muito mais que o outro, ou souber de pontos importantes que o outro não sabe, o debate é precarizado; e o tempo que seria usado para debater o ponto em questão, será usado para informar a outra parte; o que faz a coisa virar uma aula e não um debate.
- Privacidade/ localidade adequada (exigência de meio adequado) – Em vista das três exigências acima, o debate deve ser travado num local ou meio que permita o pleno cumprimento desses requisitos. E esse local não é a TV, menos ainda o rádio, menos ainda o Youtube. Primeiro porque aqui no Brasil não há cultura do debate racional; então, para começar, as pessoas não fazem nem idéia de como debater sem xingar umas às outras ou mesmo sem partir para a agressão. Segundo porque o brasileiro não é um leitor minimamente variado e inteligente; o que significa que ele perde toda a informação contextual, histórica, científica e analítica que os livros divulgam e aprofundam. (Em geral o brasileiro lê sobre temas espirituais, auto ajuda, sexo e ficção, quando muito, lê sobre política). E terceiro porque a platéia física favorece o manipulador. De fato, o bom manipulador pode praticamente ignorar o debatedor adversário e jogar para a platéia; já que o público é bem fácil de ser manipulado. Daí que os meios adequados para certos debates acabam sendo, quase sempre, os livros e as revistas especializadas. As vezes os jornais; e em alguns casos eventos promovidos em universidades e outras entidades culturais (como o debate entre Chomsky e Foucault).
[Na cena cultural/ intelectual brasileira (e mesmo mundial) tem tanta gente que merece esse selo…]
E mesmo no contexto literário e universitário, a maioria dos debatedores mais famosos são, em certo grau, falsários e manipuladores. Chomsky, por exemplo, é oposição controlada do lobby sionista, enquanto Foucault era agente do lobby pedófilo (se alguém se chocar com essas alegações é sinal de que está mal informado). Então, em questões políticas, o discurso de ambos se mistura com pontuações filosóficas válidas e estratagemas retóricos que visam sustentar interesses ocultos, jamais declarados.
Os debates honestos, rigorosos e que apresentam uma discussão profunda e pertinente, respeitando todos os critérios e exigências necessárias, na maioria das vezes são considerados chatos e enfadonhos para o público médio. Isso pode ser facilmente percebido pela ojeriza instantânea que o brasileiro médio nutre diante de Filosofia e Matemática; duas áreas que consistem basicamente em trabalhar com definições essenciais, critérios, lógica, conjuntos de possibilidades, provas e demonstrações. Ou seja: reflexão aprofundada e exigente.
Além disso, existe um outro problema, relativo à própria natureza do conhecimento e da inteligência, que implica numa realidade assombrosa: em geral, quanto mais um cientista ou pesquisador descobre um aspecto essencial e verdadeiro da realidade, mais difícil é transmitir essa descoberta, com profundidade, na linguagem comum. Quase tudo que é essencial de se saber exige uma terminologia adequada, daí que os antigos falavam de “linguagem sagrada” e nós, modernos, falamos de linguagem técnico-científica e "operacionalização".
No vídeo abaixo, Richard Feynman, um dos maiores físicos e intelectuais do século passado, dá uma ótima explicação sobre esse problema linguístico/epistemológico.
A linguagem comum raramente presta para transmitir verdades profundas. E esse é um dos motivos do porquê escritores trabalharam a linguagem, em termos estéticos e estruturais, para tentar transmitir verdades ou princípios essenciais. (Esse também é o motivo pelo qual os antigos educavam seus filhos com mitos, símbolos, ritos e alegorias.)
Então, temos um fenômeno muito interessante, que acontece com um monte de gênios: o sujeito passa a vida inteira buscando descobrir a verdade sobre um tema, e quando descobre; percebe que ou não será compreendido, ou só será compreendido por muito pouca gente. Nesse momento, muitas vezes, ele acaba se isolando, como foi o caso do Grigory Perelman, do Ludwig Wittgenstein e de tantos outros.
Em geral, é por causa disso que gente como o Olavo acaba ganhando tanto destaque. Dizem, por exemplo, que o Guru da Virgínia é o maior filósofo do Brasil, enquanto ignoram a existência de Newton da Costa ou o trabalho de gente como Vicente Ferreira da Silva e José Guilherme Merquior. Embora todos eles tenham sido filósofos de fato, na mais elevada expressão do termo, com contribuições significativas ao corpo do conhecimento humano e da história da filosofia, inclusive com reconhecimento internacional de seus pares, o trabalho deles é muito exigente, praticamente inacessível ao homem comum; que não é dado a grandes reflexões. Na verdade, o nível deles é tão elevado que mesmo a maioria dos professores universitários os desconhece.
Em suma: a razão acaba ficando com quem sabe convencer e persuadir, não com quem está certo ou com quem realmente entende o assunto. Por isso, num mundo dominado pela propaganda e pela superficialidade, o poder pertence aos charlatães, mentirosos e manipuladores.
Aprenda a mentir e manipular e o mundo será seu. Ou, ao menos, aprenda a se defender de mentirosos e manipuladores.