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02/05/22
Aniversário: Um Ano Do Notas de Um Blogueiro Em Crise
27/04/22
Jack Contra o Ódio de Jack
Samurai Jack. Episódio oito.
A cabeça de Jack é posta a prêmio por Aku. Diversos mercenários, das mais variadas formas e tipos, confrontam Jack tentando derrotá-lo. Nenhum consegue, mas, como são muitos, despertam a fúria do samurai.
Aku percebe então que o estilo de Jack é insuperável. Astuto, mestre do mal, aproveita o ódio do guerreiro para criar um clone demônio, que é o ódio de Jack encarnado. Os dois se encontram e lutam. O Samurai Jack guerreiro da virtude e o Samurai Jack guerreiro do ódio.
Ferem-se. Empatam. Jack aumenta seu ódio contra o rival, o que só o fortalece. Até que, em algum momento, nosso Samurai honrado e sábio percebe que não poderá vencer o demônio com ódio.
Então ele medita. Dissipa seu ódio e vence. Com sabedoria e espiritualidade.
Como o leitor pode ver, há mais sabedoria em Samurai Jack do que imaginaria nossa vã intelectualidade.
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O texto acima foi originalmente publicado no Zuckbook
20/04/22
Esquizofrenia Afetiva e Impermanência
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John Nesh e seu grande amigo imaginário. Cena do filme "Uma Mente Brilhante" |
Ao contrário do que normalmente se supõe, a perda do senso de realidade não é o que distingue os loucos dos sãos, mas justamente o que os aproxima.
Usualmente, o louco é caracterizado pela total ou quase total perda do senso de realidade. O homem comum, contudo, é caracterizado pela perda sempre pontual e parcial desse senso; perda essa que - diferente do caso do louco - não chega a impossibilitar as atividades do dia à dia, mesmo produzindo grandes angústias e confusões no espírito.
Vejamos: o homem comum é levado, pelo hábito ou pela inércia, a crer na realidade dos laços afetivos que cria tal como é levado a crer na realidade do vento ou das árvores. Na infância, se bem educado, ele aprendeu que o destino das coisas naturais é a finitude. Ele sabe que os ventos mudam de direção, sabe que as árvores morrem. Contudo, por algum motivo, quando os laços afetivos parecem fortes e poderosos, ele quer, ele deseja, ele espera que durem para sempre. Pior: ele conta com isso. Diz frases tolas e, inadvertidamente, em discursos apaixonados, faz uso do "para sempre" ou "de até que a morte nos separe". Ele faz planos. E sonha. De tal modo que a ilusão se agiganta, tornando-se alucinação. Ele alucina na intenção de fazer perene um estado de coisas que, assim como tudo o que existe, está fadado a destruição.
É quando o laço subitamente se rompe, por um jorro qualquer de realidade inesperada - não é preciso a morte para separar, a realidade já basta - que ele vê a ilusão esquizofrênica ir pelos ares. O que parecia real e perene já não é mais. A realidade concreta, cruel, imprevista, atual, golpeia, viola, zomba do que ele julgava a realidade efetiva. E pela primeira vez o homem comum se sente obrigado a indagar-se sobre a natureza das coisas, sobre a natureza da realidade, das relações, dos afetos. Ao refletir sobre o contraste entre a realidade esperada e a realidade vivida, chega, enfim, à metafísica. Levanta questões: "Que é, afinal, a realidade? Que devo esperar dela? Como posso ter me iludido tanto, julgado real o que era imaginário, julgado perene o que era momento?"
Se bem educado, ele se lembrará de Heráclito, lembrará a máxima da impermanência, lembrará que "tudo flui". Ou talvez - mais provável- vá lembrar da canção de Lulu Santos: "...nada do que foi será/ do jeito que já foi um dia/ Tudo muda/ Tudo sempre mudará...". Se for dado a narrativas orientais, lembrará do princípio do "Tao". E talvez, como Proust ou como todos os grandes memorialistas, ficará obcecado pelo tempo, pelas interações humanas, pela natureza ilusória das coisas. Dará algum sorriso de suas tolas pretensões de juventude, quererá ter aproveitado melhor determinados momentos, dito certas coisas a certas pessoas.
Mais tarde, com o passar dos anos, vacilará em suas memórias. Voltará a duvidar do que foi real, do que pareceu real. "Ela me amou?" "Foi minha amiga?" "Era tudo ilusão?", "O que não existe mais, existiu algum dia?". Mas já não dá mais para saber. É tarde demais para saber. Nunca foi possível saber. Nunca será. Ele então aprenderá que a realidade nunca é óbvia e que sempre há algo de esquizofrênico nos afetos: no início você acredita neles, julga poder provar que existem. Mais tarde, contudo, sabe perfeitamente bem que são ilusões, tudo coisa da sua cabeça.
Nas palavras dos Titãs "...Eu aprendi/ A vida é um jogo/ Cada um por si/ E Deus contra todos...."
Quando se trata das relações humanas, a única certeza que se pode ter é a da impermanência. Todo o resto é ilusão e esquizofrenia afetiva.
13/04/22
O Melhor Filme de Viagem no Tempo
Um deles, ambicioso, decide usar essa descoberta para regressar no tempo, com informação privilegiada, e manipular o mercado de ações. O outro não acha que é boa ideia, mas acaba concordando. Ambos precisarão lidar com as imprevistas consequências.
Que filme é esse?
Trata-se de "Primer". Uma obra que, entre cinéfilos, é considerada um das melhores e mais acuradas produções cinematográficas sobre viajem no tempo. O diretor, Shane Carruth, é um físico (e engenheiro) que caprichou na coerência teórica e técnica da coisa toda.
Não é exatamente um filme fácil de se entender, mas qualquer problema de entendimento pode ser resolvido pelos vídeos explicativos que os fãs fizeram e compartilharam na internet.
Filme altamente recomendável para nerds.
Segue o trailer:
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Texto originalmente publicado como resposta no Quora
06/04/22
Lista dos Melhores e Mais Inteligentes Podcasts Nacionais
É claro que não ouvi todos os podcasts disponíveis, mas os que fortemente recomendaria, dos que ouvi, são:
1 - Scicast (eu nunca ri tanto aprendendo ciência)
2 - Psicocast (análogo ao scicast, mas focado em psicologia)
3 - Mundofreakconfidencial (sobre temas sobrenaturais e estranhos)
4 - EscribaCafé (esse é realmente muito bom. É basicamente sobre histórias interessantes.)
5 - Salvo Melhor Juízo (o Direito abordado de forma agradável)
6 - Papo Lendário (sobre mitologia)
7 - Atrás do Front (podcast do Padma Dorje, um dos comentaristas mais inteligentes e cultos da net)
8 - CaféBrasil (é inteligente)
9 - Número Imaginário (Matemática. É meio monótono, mas o conteúdo vale)
10 - Sobrecast (sobrevivencialismo, catástrofes, o que fazer numa crise. Muito útil se você é do tipo paranoico, militar ou preventivo)
Edição (do dia 03/08/2019)
Por sugestão da Cristine Martin, que me lembrou alguns que havia esquecido e outros que sempre ouço falar:
11. Mamilos (sobre temas polêmicos e atuais)
12. RapaduraCast (cinema)
13. Cinemático (cinema)
14. Caixa de Histórias (literatura)
15. Gente que escreve (literatura)
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Lista originalmente publicada como resposta no Quora
30/03/22
A Sinistra Magia de Jack, O Estripador
Os assassinatos de Jack, "O Estripador", eram, na verdade, "rituais de sangue". É o que diz uma sinistra teoria conspiratória que, há mais de um século, circula nos meios esotéricos e literários.
25/03/22
Elektra Assassina: a novela gráfica experimental de Frank Miller
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Elektra encontra A Besta |
24/03/22
Arthur Koestler e a Teoria da 13º Tribo
Judeus asquenazi em Israel |
A teoria da 13º Tribo é uma teoria histórica, de caráter revisionista, proposta no século passado pelo jornalista e intelectual Arthur Koestler. Resumidamente, a teoria sugere que os judeus asquenazi – aqueles de ascendência alemã e norte europeia (foto acima) – não seriam judeus étnicos, ou seja: não seriam semitas, o povo original da narrativa bíblica.
Os asquenazis seriam, na verdade, descendentes dos kazhares, um povode origem túrquica hoje em dia esquecido, mas que formou vasto império na idade média e habitou o norte da Europa, principalmente as estepes russas.
Judeus asquenazi de origem turca, fotografados em Jerusalém em 1885 . Segundo a teoria, não teriam sangue semita |
Os kazhares teriam adotado o judaísmo e se espalhado pela Europa depois da dissolução do império kazhar. Por isso, muitos judeus que nós conhecemos atualmente (de fenótipo nórdico, brancos e de olhos azuis) não seriam “judeus biológicos” ou “judeus de verdade”; mas sim herdeiros culturais de povos historicamente convertidos – daí o nome ‘13º tribo’.
Embora interessante, a teoria é bastante controversa e problemática. Longe de ser a conclusão imparcial de uma pesquisa original, a tese foi, ao menos em parte, planejada. Arthur Koestler– que era judeu – tinha motivações políticas. Ele pensava que se conseguisse demonstrar que os judeus de origem norte-européia não eram semitas, então, logicamente, encerrar-se-ia o antissemitismo na Europa. Por esse motivo, mesmo que sua pesquisa se embase em ocorrências históricas reais, suas conclusões devem ser vistas com certa suspeita.
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Koestler foi considerado um dos grandes intelectuais e romancistas do século XX, e era amigo de autores famosos como George Orwell. |
Obviamente, a comunidade judaica internacional (cujos líderes, em sua maioria, são judeus asquenazi) não gostou nenhum pouquinho da teoria. No meio judaico em geral, exceto por um ou outro intelectual dissidente, a tese tem sido considerado falsa, conquanto razoavelmente elaborada.
Hoje em dia, se vivo fosse, Koestler estaria a beira de um ataque de nervos, pois sua ideia converteu-se em arma política justamente para o lado que ele desejava combater. Há anos a teoria da 13º tribo vem sendo instrumentalizada por grupos de extrema direita que alegam que, por não serem semitas, os judeus asquenazi não possuem legitimidade para ocupar Israel.
Mesmo controversa e polêmica, a teoria é importante porque suscita o debate sobre o que significa ser judeu; faz pensar sobre o papel da cultura e da raça (herança genética) na formação da história e da identidade judaica. Um debate muito relevante para um povo tão cosmopolita e ao mesmo tempo tão preocupado em manter sua unidade espiritual.
23/03/22
Um Breve Resumo de Como Chegamos até Aqui
Cabe notar que não chegaríamos tão longe sozinhos. Antes de tudo, devemos compreender que fomos vitimados por influências terríveis.