26/10/23

Minha Aristocracia

Não um rei na barriga
Mas uma corte inteira
Em tumultuoso escarcel
O trono usurpado
Pelo revolucionário menestrel
 
Uma outra aristocracia
Jamais vista até então
Poetas, místicos e filósofos
Vagabundos e anarquistas
No controle da situação
 
Amor, virtude e sacrifício
Eis a ordem do dia
Fazei da tua conduta
O poema mais sublime
A mais bela sinfonia
 
A minha aristocracia
Antes desconhecida
Aqui eu lhes apresento 
Sejam meus súditos leais
E hão de viver a contento

18/10/23

Divina Mente Vazia


Coração romântico
Cabeça filosófica
Combinação maldita
Que só traz a derrota
 
Pensar, não mais!
Buscarei o silêncio
A mente vazia
Oficina do demo
 
Ditado idiota 
Pois nada há que se assemelhe
A tão divina magia
Que é fechar os olhos
E limpar a própria mente
 
Coisa de Deus
E não do Diabo
Pois ao Senhor pertence
O nome mais sagrado
O "yod-he vav-he"
Que na quietude se ouve
Sem ser pronunciado

09/10/23

Estranhíssima Trindade


Habitam em mim 

um bobo

um sábio 

e um bruto


A maioria tolera o bobo,

porque diverte

Alguns toleram o sábio, 

quando ilumina


Já o bruto não é tolerado,

pois aterroriza:

Carrasco, 

filia-me aos perversos

e me escandaliza ante os puros

Acorrenta-me:

a uma espiral de paixões lunares

guerras gratuitas

e devassidões dos sentidos


Quero ceder, devo lutar

Bem maior

supremo e sagrado

É a alma

Coisa linda é ter uma

Mas, infeliz a minha,

porque, fracionada


E mesmo assim

frágil, muito frágil, 

tenho alma 

Sagrada, gloriosa

transcendente

É por ela que continuo, e luto:

Cresça em mim o sábio

ou o bobo;

nunca, jamais, o bruto.