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28/04/21

Cansei do Feicibuque e fiz este blog



Nunca fui uma pessoa popular, e nunca quis ser. Sempre achei que a popularidade exige certo cinismo, certa hipocrisia ou, ao menos, certa leniência com a estupidez alheia. Não tenho muita paciência com estupidez. Gosto pouco da minha e menos ainda da dos outros. O que significa que evito conversas e interações desnecessárias com quem considero estúpido: acho que são perda de tempo, me tiram a paciência e nada me acrescentam. Além disso, tendo a verbalizar meus pensamentos, e se penso que alguém é estupido, é provável que eu diga ou insinue, coisa que, dependendo do meu humor, posso fazer de modo sutil ou escrachado - e isso é melhor não fazer, porque gera conflitos e ressentimentos desnecessários. 

Não sendo e nem querendo ser popular, fui sempre impopular, e persistentemente polêmico. Polêmico não porque eu queira, mas porque as pessoas tendem a achar estranho e prestar atenção em quem discorda delas. Mesmo assim, por gostar da vida cultural letrada, fiz questão de escrever análises opinativas e publicar na rede social do Zuckerberg. Para minha surpresa, chamei a atenção de algumas pessoas bem espertas.  Algumas, concordando ou discordando, comentavam e sempre acrescentavam, enriquecendo minha mente. Foi legal por um tempo, fiz amigos e ganhei até alguns admiradores, gente que compartilhava minhas postagens e elogiava alguns textos. 

São muitas as críticas que podem ser feitas ao Facebook, e muitos analistas culturais já as fizeram. Mesmo concordando com boa parte das críticas, fui um usuário assíduo da rede. Acontece que, ao longo do tempo, estabeleci algumas relações interessantes ali, e em maior quantidade do que na vida fora da internet. Lá, na rede do Zuck, tenho acesso às opiniões e perfis de grandes cientistas, professores, artistas, escritores e militantes diversos. Pessoas que não encontro em meu meio social imediato (que é periférico e precário...). 

Por tudo isso o Facebook foi muito útil e importante para mim, um mero nerd e blogueiro pretencioso, mas sem recursos e originário da periferia do Rio. Sem ele, eu dificilmente teria travado contato com figuras relevantes dos  meios científicos, artísticos e literários do país. Então acho até que fiz bom uso, porque busquei por pessoas mais inteligentes e tentei aprender com elas. E eu realmente aprendi um bocado.

O  que me cansou no Face foi a mesma coisa que me cansou no Quora: o público. Talvez não exatamente o público, mas a dinâmica do debate, das reações e das explicações posteriores, cada vez mais necessárias. Se escrevo sobre algo polêmico ou trago alguma linha de raciocínio ou de humor menos comum, são poucos os que compreendem. Algumas reações, muito caricatas, se repetem a cada elaboração incomum. Eu sei que faz parte, e o objetivo do texto é provocar o leitor. Sei que quando não há compreensão, é importante tentar esclarecer. O problema é que essa é a parte que envolve paciência e outras qualidades que, muitas vezes, eu não tenho.

Comentários e reações de natureza profundamente débil-mental eram mais comuns no Quora, porque  lá meus textos recebiam mais visualizações. No entanto, na medida em que expando meu círculo de contatos interessantes e necessários no Face, tenho que lidar com comentários descabidos, o que me frustra e cansa. Sei que não sou o único, porque outros amigos já reclamaram da mesma coisa.

Por isso eu decidi substituir minha escrita no Facebook pela escrita neste blogzinho, que é  muito simples e feito apenas para isso mesmo: escrever, sem precisar ficar explicando cada vírgula ou sutileza em meus raciocínios. Virá por aqui o que me der na telha. O que certamente não é bom sinal...